Pesquisa traz tendências, análises e dados exclusivos
sobre o que é esperado do mercado de trabalho para os próximos anos
Será o fim das carreiras tradicionais? Ainda serão
valorizadas as mesmas competências humanas? Essas e outras questões sobre as
incertezas projetadas neste âmbito setorial foram levantadas e debatidas no
estudo "Futuro do Trabalho". Construído em parceria inédita entre o
LinkedIn – a maior rede social profissional do mundo – e a WGSN – autoridade
mundial na previsão de tendências –, a pesquisa foi lançada nesta terça (13) em
evento para convidados, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.
O levantamento cruzou análises de comportamentos e
tendências com dados de mercado, para trazer respostas confiáveis para o
presente sobre o futuro do setor que é a base da economia. Ele procurou também
mostrar como as habilidades humanas e tecnológicas podem andar juntas e serem
complementares no mercado profissional.
Segundo Luiz Arruda, Diretor da WGSN Mindset –
braço de consultoria especializada da empresa: "Apesar do
pessimismo que ronda o imaginário sobre o futuro do trabalho, identificamos
que, quanto maior a utilização de tecnologias no ambiente profissional, mais
valorizadas são as habilidades humanas. Características como flexibilidade,
resiliência, criatividade, liderança são aspectos insubstituíveis do ser humano
e serão cada vez mais reconhecidos."
Uma novidade na apresentação deste estudo é que
todo o conteúdo estará disponível por meio do site exclusivo: www.futurodotrabalho.co.
Para Milton Beck, diretor geral do LinkedIn na
América Latina, tecnologia e força de trabalho são vistos como antagonistas há
algum tempo, mas deveriam na verdade, ser vistos como aliados. "Ao longo
das últimas décadas pessoas e estudos falaram que a automatização do trabalho
iria acontecer e empregos deixariam de existir por conta disso. A verdade é que
temos visto cada vez surgimento de empregos que justamente, dependem da
tecnologia para existir, como o cientista de dados, por exemplo", comenta.
Além do aspecto relacionado ao trabalho em si, a
pesquisa também faz análises e traz insights sobre todas as etapas da
carreira profissional: desde a educação, passando por remuneração, até
orientações de como as pessoas podem se preparar para o que está por vir. Neste
âmbito, Maira Habimorad, Diretora de Desenvolvimento do Aluno na Adtalem Educacional
(grupo responsável pelas marcas Ibmec, Damásio e Wyden) trouxe a visão do
mercado e do ensino para a discussão, explicando a importância de desenvolver
habilidades socioemocionais em toda a jornada do aluno: "Na Adtalem já
entendemos a urgência do Ensino Superior se transformar para esse futuro.
Estamos trazendo para dentro da proposta pedagógica, todas as atividades que
antes eram periféricas: gestão de carreira, competências comportamentais,
autoconhecimento, empreendedorismo e internacionalização. Sabemos que, além do
conhecimento, esses elementos são os que diferenciam um recém-formado no
mercado."
A seguir, os principais pontos dessa pesquisa.
Os novos consumidores
A base de todo estudo de tendências é o
comportamento humano: como as pessoas estão se comportando, relacionando, suas
prioridades. Essa perspectiva é o início de tudo.
Vivemos em uma época em que as pessoas falam por
meio de emojis, leem memes e escrevem com símbolos. Qualquer semelhança com a
era pré-histórica não é mera coincidência, afinal, no cerne da comunicação está
a vontade de traduzir pensamentos em símbolos. Trata-se de um resgate da
essência da comunicação humana. Essa 'nova comunicação' ultrapassa as barreiras
de línguas e localidades: todos podem se comunicar a qualquer momento.
Identificar-se com a causa de outra pessoa – além
de ver relevância nisso – é uma das molas propulsoras da viralização que
caracteriza tão bem as redes sociais digitais. Quando incluída a onipresença de
aparelhos móveis é possível chegar a uma verdadeira "Era do
Ativismo", onde pessoas se concentram com facilidade em torno de
interesses comuns e ganham poder de mobilização.
A nova educação
Cresce a necessidade para atender às necessidades
das novas gerações. Por isso, escolas e startups de educação adotam estratégias
inovadoras e revolucionárias.
Em primeiro lugar, os educadores estão buscando
novas maneiras de preparar estudantes para tecnologias que ainda precisam ser
inventadas. Para viabilizar isso, o currículo escolar começa a contemplar
ferramentas e metodologias bem menos ortodoxas, como gamification
e design
thinking, que devem se tornar conceitos educacionais permanentes na
grade das escolas. Escolas que experimentam modelos de ensino menos
estruturados pretendem abolir muitas das regras que julgávamos fundamentais
para o formato de educação.
Coerentemente com o que o mercado de trabalho tem
exigido, criatividade e colaboração se tornam competências fundamentais a serem
desenvolvidas desde o ensino fundamental.
A nova academia (ensino superior)
Se a educação fundamental exige revolução, não pode
ser diferente no ensino superior. As empresas do futuro vão procurar
funcionários com uma gama diversificada de habilidades, que combinam
capacidades técnicas com inteligência emocional e social.
Diante de mudanças tão rápidas, o próprio
e-learning é o responsável pelo boom da educação continuada para a
maturidade. É preciso reconhecer que aprendizagem é um estado de entrega
permanente, afinal, quanto mais a tecnologia avança, mais desejaremos nos
atualizar.
O LinkedIn, entendendo a importância disso, lançou
o Linkedin Learning, uma plataforma de aprendizagem on-line que permite que
indivíduos e organizações atinjam suas aspirações por meio de cursos não só de
habilidades técnicas, mas também comportamentais, também conhecidas como soft skills.
O objetivo é ajudar as pessoas a adquirir conhecimento com uma experiência
personalizada e orientada por dados.
Cultivar a criatividade, desenvolver inteligência
emocional e construir empatia são as habilidades que os robôs ainda não podem
substituir. E são essas características que os cursos estão desenvolvendo nos
futuros profissionais.
O novo profissional
Antes mesmo que uma revolução na educação venha
produzir profissionais preparados para esse futuro, os jovens que estão no
mercado já estão causando alterações importantes no modelo corporativo. A
identidade é forjada na experiência, e a experiência passa a ser mais
definidora do que somos do que nossas origens. Essa fluidez identitária tem
impacto direto na forma como nos relacionamos com trabalho. E, para os jovens
profissionais, se a experiência os define, eles vão experimentar muito.
Tudo começou quando os Millennials decidiram que
não queriam limitar sua vida, já muito tomada por trabalho, a um ambiente entre
quatro paredes. Isso não era nem um pouco sedutor para eles e, mais grave, não
era produtivo. Por isso essa geração transformou o estilo de vida autônomo em
uma de suas maiores marcas. Isso só foi possível graças à mobilidade,
proporcionada pelo boom da tecnologia mobile e pela tolerância com trabalhos
remotos, que começaram com os famosos home offices.
Outra marca desse novo profissional é a empatia. Millennials
colocam as pessoas em primeiro lugar e, portanto, entendem que os objetivos das
empresas precisam partir do bem-estar de seus colaboradores. Para eles, os
valores morais influenciam muito as suas decisões profissionais e não dá para
passar por cima de valores.
Sabendo que millennials são mais propensos a mudar
de emprego e estão em busca de senso de propósito, o LinkedIn avaliou o
comportamento profissional dessa geração para apontar as principais indústrias
receptivas a esse perfil. De acordo com o relatório "Inside the
Mind of Today's Candidate" da marca, as três principais razões
pelas quais eles decidem mudar de emprego são, respectivamente: falta de
oportunidades de progressão na carreira; compensação/recompensas
insatisfatórias; e falta de trabalho desafiador. Dito isso, vale destacar
também que essa geração é muito mais flexível: 50% mais propensa a se mudar
para uma nova função.
O ambiente profissional
Esclarecido como serão os profissionais, a melhor
forma de se conseguir imaginar o ambiente de trabalho do futuro é desconstruir
a noção de "limites" físicos e comportamentais. É nítida que a
satisfação com esse espaço conceitual é determinante para a realização
profissional e ele estará cada vez mais livre de paredes e formalidades. A
flexibilização de carga horária e de local de trabalho deixará de ser uma
possibilidade para ser uma necessidade.
É esperado também que a troca de chefes e equipes
sejam mais frequentes e sinceras, atendendo a uma demanda por rápida adaptação
e satisfação, uma vez que não há tempo a se perder com formalidades
desnecessárias. Da mesma maneira, a presença de diversidade étnica, racial, de
crenças e de formações será uma realidade óbvia nas empresas e demandará
políticas igualmente transparentes de oportunidades, reconhecimento e
remuneração justa.
Remuneração
Nesse tópico, é importante dividirmos cada comportamento
em relação ao dinheiro por gerações, aqui eles são muito diferentes:
Millennials (Y) são uma geração ansiosa e mal informada sobre dinheiro; a
Geração Z está sendo preparada desde cedo para administrá-lo; e a geração Alpha
se depara com uma complexidade tecnológica que dificulta sua financeiramente,
mas é quem mais cedo vai ter que lidar com transações digitais.
Y: A maioria das inovações fiscais foi projetada
priorizando segurança e eficiência, mas a Geração Y precisa de mais do que
transações eficientes para sanar sua falta de conhecimento financeiro. As
startups estão começando a tratar esse abismo de conhecimento e, ao mesmo
tempo, a reconhecer que Millennials respondem melhor à marcas e produtos que se
alinhem às suas prioridades e entreguem benefícios em um formato que facilite a
sua vida.
Z: Para prevenir o abismo existente em relação ao
conhecimento financeiro que acometeu os millennials, a Geracão Z está sendo bem
preparada para lidar com dinheiro. Um estudo de 2017 feito pelo The Center for
Generational Kinetics em Austin, Texas, revelou que 12% dos jovens de 14 a 21
anos já estão economizando para a aposentadoria, que 21% já tinha sua primeira
poupança antes dos dez anos de idade e que mais da metade (56%) discutem sobre
poupança com os pais.
Alpha: É mais difícil ensinar o
valor do dinheiro em um mundo onde cartões de crédito, depósitos diretos,
transferências eletrônicas, micro doações e pagamentos feitos com celular já é
um hábito. Soma-se a isso a importância cada vez maior das criptomoedas, a uma
sociedade marcada por crises e austeridade financeiras e um mercado de trabalho
onde o empreendedorismo é uma carreira válida para os jovens. Uma nova leva de
fintechs startups está encontrando meios de ensinar o valor do dinheiro às
crianças e, ao fazer isso, está criando um novo sistema bancário. Neste
sentido, vale destacar que o marketing dessas empresas busca mais do que
fornecer um modo conveniente de estimular o uso do dinheiro em um mundo de
pagamentos automáticos, busca educar sobre conceitos econômicos. Isso sugere
que as fintechs entendem que os pais de hoje em dia valorizam a educação
financeira de um jeito que as gerações anteriores nunca fizeram.
O futuro do trabalho
A existência da inteligência artificial convida à
criação de novas categorias de trabalho, "eliminando milhões de cargos
de nível médio e baixo e criando milhões de novas posições de alta qualificação",
segundo Svetlana Sicular, vice-presidente de pesquisa do Gartner.
Um artigo da revista MIT Sloan, do Massachusetts
Institute of Technology (MIT), cita um estudo global da Accenture PLC com mais
de 1.000 grandes empresas que já estão usando ou testando Inteligência
Artificial, e identificou o surgimento de categorias inteiras com atribuições
exclusivamente humanas. São elas: Trainers, Explainers e Sustainers, ou seja,
os que treinam, os que explicam e os que sustentam. Ou seja, é um futuro que
nos obriga a aprimorar e desenvolver competências humanas dentro de tecnologia
e serviços e que, definitivamente, criará profissões.
Para melhor investigar a origem dessas novas
características, que vão definir o mercado e as profissões, o estudo rastreou
as tendências dos últimos dois anos para chegar nas 3 maiores apostas dos
especialistas para o futuro. São elas:
O futuro é híbrido e colaborativo: A
humanidade floresceu graças à colaboração. Nós humanos fazemos isso
extremamente bem. Então por que não aplicar essa mesma relação colaborativa
entre pessoas e máquinas? A indústria de robótica colaborativa está projetada
para valer mais de US $ 1 bilhão até 2020, à medida que entramos em uma nova
era de formação de equipes de robôs humanos.
Reescrevendo os códigos de criatividade: De códigos
biológicos a códigos de vestimenta, passando por códigos de comportamento, logo
será possível reprojetar quase tudo. A natureza e a tecnologia serão
intimamente misturadas para criar novos sistemas, materiais e produtos que
fundem os mundos físico e digital.
A emoção no centro de tudo: O quociente
emocional (QE) está emergindo como uma habilidade não só desejada como
essencial na vida profissional e muitas empresas estão investindo em
treinamento de funcionários para garantir isso. Ao mesmo tempo, o terceiro
setor está sendo entregue a sistemas automatizados. Devemos nos perguntar como
as empresas podem construir inteligência emocional em serviços e na cadeia de
valor? Como atender a consumidores que se importam com os valores das empresas
de quem contratam serviços e compram produtos? Como refletir esses valores nas
marcas e como garantir uma relação mais emocional com consumidores, como um
contrapeso a tão alta tecnologia?
À medida que os humanos se tornam mais digitais, a
tecnologia se tornará mais humana.
Para finalizar, o estudo deste ano do LinkedIn
sobre Tendências Globais de Recutamento, que entrevistou mais de 8 mil
especialistas em recursos humanos, aponta que a contratação de talentos se
tornou extremamente transacional. Em buscas por candidatos, a série de
entrevistas e a triagem repetitiva são cansativas, ineficientes e até mesmo
entediantes. Estamos em uma nova era de recrutamento, que se concentra nas
partes mais gratificantes do trabalho, a humana e a estratégica.
As quatro tendências deste ano estão fazendo
exatamente isso. A proposta do LinkedIn é acompanhar a tendência e concentrar o
processo de aquisição e desenvolvimento de recursos humanos justamente em sua
porção mais humana.
AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS QUE ESTÃO MOLDANDO O
FUTURO DO RECRUTAMENTO E DAS CONTRATAÇÕES: