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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Decisão do voto: Whatsapp desbanca TV e é o novo quarto poder


Terminou no último domingo (7/10) o primeiro turno das eleições de 2018. A disputa elegeu dois candidatos para o segundo turno: Jair Bolsonaro (PSL) 46,03% dos votos e Fernando Haddad (PT) 29,28% dos votos. Antes mesmo do resultado ser definido para a corrida presidencial para muitos analistas já havia um grande perdedor: Geraldo Alckmin. Embora o candidato tivesse mais espaço de horário eleitoral gratuito no rádio e televisão, esse tempo não foi suficiente para convencer o eleitorado.

O representante do PSDB ao Palácio do Planalto apostou todas as suas fichas na velha mídia, esquecendo-se de uma aliada fundamental para consolidar a sua imagem: as redes sociais. Para isso, ele fechou uma ampla aliança com os partidos do Centrão, que serviu a ele para dar mais tempo de TV.

De um total de 12 minutos e 30 segundos dos programas eleitorais que são destinados aos candidatos à Presidência, Alckmin tinha quase a metade do tempo: 5 minutos e 30 segundos, ao passo que o líder das pesquisas, Jair Bolsonaro, tinha apenas 8 segundos de tempo de programa por cinco semanas de campanha eleitoral.

A negligência da equipe de marketing de imagem do candidato tucano com relação às mídias sociais não foi nada pequena. Negligenciaram o fato de serem mídias completamente democráticas, permitindo que seu usuário busque a informação que deseja, quando bem entender e sem qualquer necessidade de se sentir preso a ela, como de certa forma, ocorria no passado. Temos canais abertos, certo? – Também com boa dose de democracia e de opções que não apenas os canais fechados.

E o que levou o candidato do PSL a chegar no segundo turno com tão pouco de campanha eleitoral gratuita na televisão e no rádio? O fortalecimento da sua imagem via WhatsApp e no Facebook ao longo de mais de quatro anos. Enquanto os tucanos se digladiavam no ninho para decidir quem iria concorrer ao cargo de presidente, Bolsonaro aproveitava para surfar nas redes sociais, emplacando suas opiniões polêmicas e controversas.

Esse trabalho é refletido nas pesquisas. De acordo com um levantamento realizado pelo DataFolha, 57% dos eleitores do candidato Bolsonaro leem sobre política pelo WhatsApp e Facebook. Esses índices entre os eleitores de Fernando Haddad, do PT, é de 40% e de Geraldo Alckmin, é 31% .

O aplicativo de mensagens instantâneas é um fenômeno de informação e também de desinformação. Com 120 milhões de usuário ativos no Brasil, as notícias, sendo elas fakes ou não, se espalham com muita facilidade entre a população.

Depois da reforma eleitoral de 2015, que reduziu o tempo de campanhas eleitorais gratuitas de rádio e televisão para baratear a campanha, é possível que estejamos entrando em uma nova ordem nacional de marketing político – via redes sociais, principalmente no WhatsApp.

O Facebook foi determinante em decisões políticas pelo mundo, como na campanha do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e na decisão de tirar a Inglaterra da União Europeia. Com o passar dos anos, o WhatsApp foi ganhando cada vez mais relevância – ajudou a organizar a greve dos caminhoneiros, por exemplo, que parou o Brasil em maio deste ano.

O app é uma arena de conversas e opiniões que atinge muita gente, mas não é aberta como as demais redes sociais. Desmentir boatos, teorias da conspiração e ataques de opinião sem fundamentos fica muito mais difícil.

Na televisão também existem confrontos de opinião, mas pelo menos há o recurso de direito de resposta. Já o aplicativo de mensagens instantâneas é um verdadeiro faroeste, uma terra sem lei com um incrível poder de engajar e influenciar pessoas. Se no passado a mídia televisiva era o quarto poder, parece que agora a bola está com o app de Mark Zuckerberg.

Como lição, fica o desafio para que o nosso sistema eleitoral se fortaleça cada vez mais, evitando que as notícias falsas promovam injustiças nos próximos certames políticos.






Uranio Bonoldi consultor - palestrante e oferece aconselhamento personalizado para empresários e executivos. www.uraniobonoldi.com.br



Os amores da alma


"Em qualquer período, uma nação deve liderar, uma terra deve ser a promessa e o esteio do futuro."

Walt Whitman, "Folhas de Relva".



Nossos projetos de futuro foram rasgados. Por insensatos segmentos do povo, mais do que por políticos. Esses falaram suas linguagens, aproveitadores do mal.

Os mandatos passarão, mas não - pelos menos tão facilmente - os choques da sociedade, que sequer chegou a ser nação, em sua juventude de homens e mulheres que não deram importância por séculos à política - ou foram impedidos pelos chicotes dos barões.

E o que havia de esperança parece desmanchar-se no ar. A insensatez dos antagonismos humanos neste imenso território brasileiro.

O que nos conduz não é a tolerância e o pouco que virá das eleições. É o fel do ódio que se dissemina entre nossos outrora irmãos. Os que discriminam e os discriminados. Os autores do "aparthaid", não de brancos e negros, mas de amarelos e vermelhos, das iguarias tropicais de coxinhas e mortadelas. 

Gente insensata, levar-nos-ão ao caos. O sofrimento será longo. E o crime organizado fica à espreita, para fornecer a ambos os lados sua mão-de-obra mercenária. Não minimize, povo brasileiro, a real, concreta e sangrenta possibilidade do amplo conflito civil.

Os politiqueiros são como jogadores de futebol, que brigam no campo, estimulando contendas de lesões e mortes fora dos estádios.

Pensem que esquerda, direita, centro, são dinossauros políticos. Temos uma Constituição da paz, da tolerância, mas parece que o vaticínio do grande parlamentar que a promulgou não vinga: "Queira Deus que seja cumprida!" Porque a maioria de nossas leis não são cumpridas. E a sociedade derrapa nas selvas.

Independentemente dos exemplos de ódio dados pelos políticos, pensemos na harmonia de nossas pequenas oficinas, de nossas lojinhas, de nossas padarias, de nossas fábricas, de nossos campos, de nossas academias, de nossas favelas, que gritam justamente, de nossos escritórios,  por meio do único método eficaz para os humanos que neles vivem: a tolerância. Ao tolerarmos as ideias alheias, o bem vem para nós, não para o tolerado.

As ações devem ser concretizadas pelos princípios que a Constituição foi pródiga ao proclamar. Ou revelar, implícitos. Só assim caminharemos, mais uma vez segundo os versos de Whitman, que fez a América acima do Rio Grande, experimentada pelos 500 mil mortos da secessão, e pelos ainda mais infelizes, que sobreviveram com suas chagas lancinantes:

"Aqui estão o devasto, as barbas, a benevolência, a combatividade, os amores da alma, Aqui os trens que fluem, aqui as multidões, a equidade, a diversidade, os amores da alma."
                                                     





Amadeu Garrido de Paula - Advogado, sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados.


PETISMO, ANTIPETISMO E PACIFICAÇÃO


       No Brasil em que eu vivo com os olhos bem abertos, o antipetismo acabou se tornando a maior força política, suplantando o petismo.  Não houvesse um petismo a suscitar antagonismo, não surgiria a reação contrária.
        Desde que foi criado, o petismo se dedica à criação de antagonismos, fornecendo instrumentos institucionais, organização, recursos humanos e financeiros para o lado que ocupa nos conflitos que cria e estimula. Enorme esforço tem sido despendido pelo PT para que os brasileiros sejam identificados e antagonizados pela cor da pele, pela etnia, pela cultura, pela região do país, pelo tal de gênero, pela faixa etária, pelo extrato de renda, pela relação de autoridade (pais/filhos, professor/aluno, policial/cidadão, criminoso/vítima), pela posição política e ideológica, e por tudo mais que a inventividade possa suscitar. Assim é o petismo.
        Mas não é daí que vem o antagonismo. Ele surge do empenho em transformar essas realidades em conflitos nos quais a parte supostamente protegida pelo petismo é ensinada a ver a outra como inimiga. E o que é pior: sendo a ela imputadas as intenções mais vis. É o que acontece quando repetido incessantemente, por exemplo, que o PT é malvisto pela classe média porque esta não quer pobre viajando em avião ou comendo filé mignon. Ou quando se diz que o brasileiro é racista, machista e homofóbico. Ou quando se pretende, em sala de aula, contra a vigorosa reação nacional, confundir a sexualidade das crianças com ideologia de gênero como “conteúdo transversal”, vale dizer, em todas as disciplinas... Ou quando se insulta a direita liberal e/ou conservadora chamando-a de fascista. Ou quando se tenta impedir a projeção de um filme do Olavo ou uma palestra de Yoani Sanchez. Ou quando se afirma que o pobre é pobre porque o rico é rico. Ou quando, aos olhos e ouvidos da população indignada com a roubalheira promovida no país, é dito que os condenados são heróis do povo brasileiro, ou que o preso é um santo julgado por magistrados patifes. Não se diz essas coisas para um povo que foi roubado nas proporções em que os brasileiros foram! Mas o petismo diz.
Tenta-se hoje, por todos os meios, impingir à opinião pública a ideia de que liberais e conservadores “odeiam” todos aqueles cujas posições são fomentadas pelo discurso petista. No entanto, essa é mais uma vilania! A exasperação tem como causa o petismo dizendo o que diz e fazendo o que faz. É o petismo que suscita rejeição; não é o pobre, nem o negro, nem o índio, nem o homossexual, nem o esquerdista, nem sei lá mais quem.
A impressionante renovação promovida pelos eleitores em sete de outubro nada teve a ver com qualquer “efeito manada”. Bem ao contrário, significou a tomada de decisão, livre e soberana, de uma sociedade cuja opinião vinha sendo desprezada por supostos tutores confortavelmente acomodados nos espaços de poder institucional, nos grandes meios de comunicação e no ambiente cultural. A necessária pacificação nacional será difícil, porque todos sabem como se conduz o petismo quando na oposição.




Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.


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