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sexta-feira, 31 de agosto de 2018

ENEM 2018: entender a prova é mais importante do que estudar exaustivamente, aponta especialista


Prova exige resistência mental para ler textos longos sem ser vencido pelo cansaço; treinar desempenho em testes pode ser mais eficaz do que estudar horas por dia


Em 2018, a prova do ENEM será mais longa do que nos últimos anos. Conhecida por enunciados longos, que misturam interpretação e resolução de problemas do cotidiano, a prova exigirá mais preparo emocional e resistência física dos estudantes. Em comunicado, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) reforça que a ampliação do tempo não significará um exame necessariamente mais difícil.
Para Dinamara Machado, doutora em Educação e Diretora da Escola de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter, a mudança é positiva, pois vai, em outra medida, aliviar a ansiedade dos estudantes que ficam tensos por não conseguir responder a prova a tempo.

 “Cada vestibular tem suas peculiaridades. Por isso sempre dizemos que o estudante se prepara para representação social daquele curso, não para o vestibular. O ENEM é um exame de resistência, que força menos no nível de dificuldade das questões, mas pede mais atenção e interpretação. Ou seja, mais tempo para refletir”.

Por não trazer questões como FUVEST ou IME, muitos estudantes acabam errando ao se preparar para a prova, esquecendo que será necessário um alto nível de concentração para conseguir analisar com assertividade os enunciados. “A entrega que o ENEM exige é outra:  o estudante precisa trabalhar desde já sua capacidade de ‘limpar’ seu espaço mental para iniciar outra questão e conseguir chegar ao fim da prova com uma boa reserva de esforço e absorção”, avalia Dinamara. 

Para quem fará o ENEM este ano, Dinamara lista algumas dicas de preparação para a prova:


 1.    Refaça os testes dos anos anteriores 

De acordo com Dinamara, é importante que os estudantes estejam habituados  à linguagem e ao estilo da prova (gráfico, textos grandes para o enunciado). “Cada exame tem sua forma de dialogar: prepare-se para entender a linguagem, como as questões são feitas e o que será pedido de você. Isso não muda de um ano para o outro. É uma marca da prova. Aproveite os testes anteriores para entender o que é esperado de você”, explica. 


2.    Cronometre o tempo de resolução de cada bloco de perguntas 

No dia da prova, não será possível levar relógio para dentro da sala de exame.

Isso faz com que muitos estudantes percam a noção de tempo após certo período de resolução. Habitue-se a cronometrar o tempo mínimo de resolução de cada questão e do total do exame quando for praticar. “É importante saber quanto tempo leva para resolver questões da área em que se tem mais dificuldade. É nessas horas, normalmente, que o estudante perde noção de quanto gastou de tempo e se desespera”, conta. 


3.    Escreva espontaneamente sobre temas em debate nos meios de comunicação

Desista de tentar prever qual será o tema de redação deste ano: muito provavelmente você não vai acertar. O ideal é estar conectado à maioria dos fatos e escrever espontaneamente sobre eles, com frequência. “O ENEM é muito claro nas suas exigências: ele não quer um especialista ou doutor em determinado assunto, mas, sim, um estudante que consiga se posicionar de forma ética, igualitária, com coerência e boa argumentação sobre qualquer tema que surgir em sua vida como cidadão”, orienta Dinamara.






Grupo UNINTER



Celular ganha cada vez mais espaço nas escolas


Cresce o uso de smartphones entre alunos e professores em atividades pedagógicas


Apesar de proibido na maior parte das salas de aula do país, o uso do celular em atividades pedagógicas cresce ano a ano. Mais da metade dos professores dizem que utilizam o celular para desenvolver atividades com os alunos, que podem ser desde pesquisas durante as aulas, até o atendimento aos estudantes fora da escola.

O uso não se restringe aos docentes: mais da metade dos estudantes afirmam que utilizaram o celular, a pedido dos professores, para fazer atividades escolares.

A Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nas Escolas Brasileiras (TIC Educação 2017), divulgada esta semana, mostra que o percentual de professores que utilizam o celular para desenvolver atividades com os alunos passou de 39% em 2015 para 56% em 2017. O aumento aconteceu tanto nas escolas públicas, onde o percentual passou de 36% para 53%, quanto nas particulares, crescendo de 46% para 69%.

Entre os alunos, o uso também aumentou. Em 2016, quando a pergunta foi feita pela primeira vez, 52% disseram já ter usado o aparelho para atividades escolares, a pedido dos professores. No ano passado, esse índice passou para 54%. Entre os alunos de escolas particulares, o percentual se manteve em 60%. Entre os das escolas públicas, aumentou de 51% para 53%.





Fonte: Agência Brasil



quinta-feira, 30 de agosto de 2018

A mesmice cansativa


Recentemente, fui convidado a participar de um encontro em São Paulo, com o objetivo de produzir um documento de sugestões aos candidatos à presidência da República. Na abertura, o orador afirmou que o primeiro passo seria fazer um diagnóstico da situação brasileira e, a partir daí, elaborar um plano de soluções. Convidaram-me porque o foco era a economia.

Em dado momento, pedi a palavra e afirmei que fazer diagnóstico econômico do Brasil é fácil. O país se especializou na permanência de uma mesmice cansativa. Os problemas nacionais se repetem com enorme tédio há meio século. Nos anos 1970, os problemas eram a inflação e a dívida externa. Nos anos 1980, os temas mais candentes eram a inflação, a recessão e a moratória da dívida. Nos anos 1990, a hiperinflação e a crise cambial. Na virada do milênio, vencida a inflação, persistiam a dívida externa e a crise cambial.

O tédio da mesmice brasileira já estava presente num irônico diálogo entre Tancredo Neves e o economista Roberto Campos, em setembro de 1961, quando Tancredo, designado primeiro-ministro do governo parlamentarista de João Goulart, pediu ao economista que preparasse um programa de governo a ser enviado ao parlamento para referendo junto com o novo gabinete. Roberto Campos ponderou que não havia tempo para a tarefa, ao que Tancredo respondeu com sua mineirice sarcástica: “Você é useiro e vezeiro em fabricar programas de governo desde os tempos de Getúlio e Juscelino. No Brasil, os problemas não mudam, logo não mudam também as soluções”.

E Tancredo tinha razão. Os problemas herdados do período Juscelino eram a inflação e a crise cambial, que viriam a se repetir nas décadas seguintes. Nos últimos 50 anos, os problemas brasileiros não mudaram, como também não mudaram duas realidades tristes: a pobreza – refletida na baixa renda por habitante – e os crônicos déficits públicos. Qual a explicação para o contraste entre o potencial de riqueza do país e a pobreza do desempenho? Vários são os fatores explicativos, entre eles a incompetência dos países pobres na descoberta dos verdadeiros inimigos.

Os esquerdistas gostam de culpar o neoliberalismo pelas mazelas brasileiras. Isso é uma bobagem; é culpar o inexistente. Os responsáveis por nossa pobreza não são o liberalismo – nem o neo nem o clássico, que nunca existiram por aqui –, nem o capitalismo, por ser mal aplicado e distorcido. Entre os inimigos do desenvolvimento estão os monopólios, com suas ineficiências; o excesso de empresas estatais, que criaram uma nova classe de privilegiados: os burgueses do Estado, verdadeiros capitalistas sem risco; e o elevado grau de estatização da economia e da vida nacional.

Quanto ao neoliberalismo, estudos realizados por organismos internacionais colocam o Brasil como um dos países de menor grau de liberdade econômica e um dos mais fechados do mundo. Segundo a Heritage Foundation, entre 186 países, o Brasil está na posição 153, ou seja, atrás de 152 países em grau de liberdade. Onde está o neoliberalismo? O que temos em verdade são graves resquícios dirigistas, limitação da ação empresarial, um sistema tributário complexo e punitivo, uma legislação trabalhista inibidora da contratação e uma pilha de controles e intervenções.

Um país em que o Estado tem até uma estatal para fabricar camisinhas não pode ser acusado de liberal. Não, não é piada. Agora, neste julho de 2018, acaba de circular a notícia de que “em crise, fábrica estatal de camisinhas naufraga e encerra a produção”. Trata-se da falência da Natex, estatal montada no governo Lula, em 2008, no Estado do Acre, para produção de camisinhas. É o retorno à cultura da estatização dos anos 1970. Isso faz lembrar um trecho do poema de T. S. Elliot nos Quatro Quartetos: “O fim de toda nossa busca será chegar ao lugar onde começamos e ter a sensação de descobri-lo pela primeira vez”.






José Pio Martins - economista, é reitor da Universidade Positivo.


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