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segunda-feira, 9 de julho de 2018

Pesquisa inédita no Brasil mostra as principais dores dos índios e como elas são tratadas


Estudo foi coordenado por pesquisadora do Einstein em três tribos do Vale do Javari, no Amazonas


Pesquisadoras fazem entrevistas com índios do Vale do Javari | Foto Lis Leão


 “Nunca um profissional da saúde visitou nossa aldeia e perguntou se sentíamos dor e como tratávamos dela”, afirma Pixi Kata Matis. Com apenas 23 anos ele é atualmente a principal liderança da tribo Matis, localizada na Terra Indígena Vale do Javari. Na divisa do Brasil com Peru e Colômbia e 1.138 quilômetros distante de Manaus, no Amazonas, a aldeia com pouco mais de 500 índios tem idioma próprio e somente há cerca de 40 anos teve o primeiro contato com o branco. A localização – no meio da floresta –, as diferenças culturais e linguísticas são, para o jovem líder, as principais dificuldades para o acesso a serviços básico como saúde. Em junho de 2017, pela primeira vez esse e outros dois povos indígenas do Vale do Javari ouviram perguntas como: “você sente dor?”, “a dor é forte, moderada ou fraca?”, “onde dói?”. Os resultados fazem parte de um estudo inédito sobre as dores dos índios no Brasil feito pela mestranda Elaine Barbosa de Moraes com orientação da professora e pesquisadora da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Eliseth Leão.

Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), durante um mês as pesquisadoras visitaram as tribos Matis, Kanamary e Marubo para conhecer as principais queixas álgicas (relativas à dor) dos indígenas e as terapias usadas para o tratamento delas. O trabalho também se propôs a entender como os agentes de saúde atuam no atendimento para a dor dessas populações. A pesquisa contou com entrevistas com 45 indígenas das três etnias. Para entender melhor a relação dessas populações com a dor, foi levado em consideração o dia a dia dessas pessoas. 

“Para estudar a dor é preciso ter em vista fatores culturais, sociais e econômicos”, explica Eliseth. Nas três tribos a dor está relacionada com o trabalho rural, uma vez que todos os indígenas realizam diariamente tarefas rurais pesadas, que incluem carregar cargas por longas distâncias. A pesquisa mostra que 73,2% dos entrevistados afirmaram ter dor no corpo e as áreas mais mencionadas foram os membros inferiores (46,6%), seguidos pela coluna (37,9%), articulações (35,5%), membros superiores (33,3%) e, por último, abdome (24,4%).

Localização da dor
Etnia
Kanamary
Marubo
Matis
Total

%
%
%
Dor de cabeça
5
11,1
0
-
3
6,6
17,7%
Dor de dente
0
-
0
-
1
2,2
2,2%
Dor de corpo
15
33,3
3
6,6
15
33,3
73,2

Entre as mulheres a dor tem um significado a mais: força. Nenhuma mulher, das três etnias, fez referência à dor do parto, quando questionadas sobre sensações dolorosas pregressas. “Isso mostra que a dor faz parte de um processo natural e não visto como anormalidade”, explica Elaine. Durante a entrevista para o estudo, 77,8% dos índios disseram estar sentindo dor (veja tabela abaixo).


Ocorrência de dor pregressa
Etnia
Dor anterior
Dor no momento

%
%
Kanamary
11
24,4
16
35,5
Marubo
1
2,2
3
6,6
Matis
13
28,9
16
35,5
Total
24
53,3
35
77,8

Sobre intensidade, as respostas ficaram divididas. Enquanto 37,8% dos 45 participantes declararam sentir dores fortes, outros 33,3% alegaram intensidade fraca.  Outros 26,7% não responderam a questão. “É importante ressaltar que o entendimento de forte, fraca e moderada também pode ser diferente do nosso, uma vez que os aspectos culturais podem interferir no limiar de dor”, explica Eliseth. Ela observa ainda que o idioma foi uma barreira para a pesquisa. 


 Foto Lis Leão


Tratamento da dor

O ‘remédio do índio’, feito de acordo com as tradições de cada tribo e ervas, rituais e música foi apontado como fator de melhora da dor por 64,4% dos entrevistados, seguido pelo remédio do mato feito a partir de extratos da natureza como raízes e folhas (60%). Já os medicamentos do branco (comprimidos e xaropes, por exemplo) foram apontados como fator de melhora por apenas 22,2% dos indígenas. Respostas naturais, levando em consideração que 80% das pessoas da tribo ainda usam a medicina tradicional indígena.


Profissionais da saúde

A dor não é investigada pelos profissionais de saúde que prestam atendimento às três tribos na Amazônia. Esta foi a resposta de 73% dos participantes da pesquisa. Além disso, mais da metade – 51% – disse não estar satisfeita com a qualidade dos serviços de saúde ofertados.

Técnicos em enfermagem e enfermeiros são a maioria entre os profissionais de saúde que atuam nessa área: representam 66,7%.  A maioria (58,3%) tem entre 1 e 5 anos de experiência.

“São comuns erros no entendimento das equipes de saúde em relação ao que estamos sentindo e no diagnóstico. Faltam treinamento e conhecimento das nossas questões culturais. Precisamos que a saúde para o povo indígena melhore”, afirma Pixi.

Uma proposta apresentada pelo estudo do Einstein foi o desenvolvimento de uma cartilha com informações e recomendações para o manejo da dor com base nas práticas culturais da medicina tradicional indígena. “A cartilha tem o objetivo de facilitar o diálogo entre as duas medicinas e dar um direcionamento para uma abordagem sobre a dor para atender ao indígena”, explicou Elaine.



Saúde ocular: a realidade que pais e educadores precisam conhecer


 Muitas doenças oculares poderiam ser prevenidas ou tratadas evitando cegueira (Bebel Ritzmann)

Cerca de 30 mil crianças no país estão cegas ou com baixa visão por falta de ações preventivas; antecedendo ações do Dia Mundial da Saúde Ocular, em 10 de julho, oftalmologistas fizeram exames gratuitos e doação de óculos para alunos da rede estadual de ensino

Doenças oculares que poderiam ser prevenidas ou tratadas nos primeiros anos de vida são responsáveis por deixar 30 mil crianças cegas ou com baixa visão no Brasil. É o que revela levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e chama à reflexão, neste dia 10 de julho, Dia Mundial da Saúde Ocular. Retinopatia da prematuridade, glaucoma congênito, atrofia ótica, catarata e toxoplasmose são algumas das causas de cegueira e baixa visão moderada e grave infantil no país, e que poderiam ser evitadas.

Reverter esse quadro requer cuidado multidisciplinar, desde antes do nascimento até os primeiros anos de vida do bebê. “A avaliação oftalmológica inicia logo nos primeiros dias de nascimento com o ‘teste do olhinho’ e segue com acompanhamento semestral até os 2 anos, e a partir daí anualmente”, afirma a oftalmologista Tania Schaefer.

Segundo a especialista, perceber alteração de visão em crianças em fase pré-escolar não é tarefa fácil e muitos problemas visuais podem passar despercebidos pelos pais. “O importante é torná-los cientes de que a criança não nasce sabendo enxergar, ela  vai aprendendo a enxergar”, afirma a dra. Tania Schaefer. Ela explica que, cerca de 90% da visão se desenvolve até os 2 anos de vida e o restante ocorre até os 6-7 anos. O cérebro necessita de um estímulo visual perfeito para que o olho da criança aprenda a enxergar corretamente.

Problemas visuais podem ser confundidos com dificuldade cognitiva e interferem diretamente no processo de aprendizado de crianças e jovens. Estudos revelam que muitos estudantes enfrentam dificuldade de alfabetização, que na verdade são resultado de alguma dificuldade visual. Estima-se que 20% da população estudantil deveriam usar correções óticas e não o fazem por falta de oportunidade.

“A conscientização dos pais e pediatras é a melhor forma de prevenir a baixa de visão irreversível no adulto. Muitos pacientes chegam ao nosso consultório tardiamente e nada pode ser feito para recuperar o tempo perdido na sua formação visual”, explica o oftalmologista Arthur Schaefer, Secretário Geral da Associação Paranaense de Oftalmologia.






Clínica Schaefer Oftalmologia e Neurologia
Site: http://schaefer.com.br/noticias
Face: https://www.facebook.com/aclinicaschaefer
Oftalmologista Arthur Schaefer (CRM 22.204)
Endereço: Avenida Getulio Vargas, 2932, Água Verde, Curitiba/PR
Fone: (41) 3027-3807



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