A busca por um tratamento psiquiátrico muitas
vezes acontece de forma tardia, devido ao estigma que ainda ronda as pessoas
que sofrem de transtornos mentais. Além disso, a falta de
informações faz com que os pacientes e seus familiares tenham dificuldade em
entender a necessidade de procurar um especialista.
Para o Dr. Caio Macedo Athayde Bonadio,
psiquiatra e médico do sono do Hospital Santa Mônica, "qualquer sofrimento
psíquico que esteja atrapalhando a vida do indivíduo merece uma avaliação
psiquiátrica para verificar se isso representa, ou não, uma doença
mental".
Um levantamento da
Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que os transtornos mentais
atingem 10% da população mundial, o que corresponde a mais de 700 milhões de
pessoas. No Brasil, cerca de 46 milhões de pessoas sofrem de transtornos
mentais, de acordo com o Ministério da Saúde.
Em relação ao tratamento, o órgão do governo
federal estima que 3% da população brasileira necessitam de cuidados contínuos
em saúde mental, devido a transtornos severos e persistentes, e 9% precisam de
atendimentos eventuais.
Esses dados mostram a importância do acesso a
serviços de saúde mental e a profissionais especializados, para essa população
receba o diagnóstico e o tratamento adequados. Por isso, neste post
esclareceremos algumas questões para ajudá-lo a escolher um psiquiatra
qualificado e de confiança.
O que faz um psiquiatra?
Muitas pessoas ficam em dúvida se devem
consultar um psicólogo ou um psiquiatra, quando procuram orientação sobre
doenças mentais. Apesar de poderem se especializar e atuar no tratamento desse
tipo de transtorno, esses dois profissionais têm conhecimentos e formações
diferentes.
Psiquiatra
A formação do psiquiatra tem início no curso
de graduação em Medicina, com duração mínima de seis anos. Após essa primeira
etapa, o médico precisa realizar uma especialização, ou residência médica, em
psiquiatria para obter o Registro de Qualificação de Especialista (RQE) no
Conselho Federal de Medicina (CFM).
O médico que deseja ter o título de
especialista em psiquiatria, concedido pela Associação Médica Brasileira (AMB),
deve ser aprovado em três avaliações. Nesse caso, o especialista precisa
comprovar sua atualização na área a cada cinco anos para manter a qualificação
profissional.
Segundo Bonadio, o psiquiatra "é
responsável pelo diagnóstico e tratamento das doenças mentais. Ele também pode
coordenar equipes multidisciplinares (médicos, psicólogos, terapeutas
ocupacionais), que muitas vezes conduzem o tratamento dos pacientes". Além
disso, esse profissional está habilitado a receitar medicações.
Psicólogo
Quem deseja ser psicólogo precisa realizar um
curso de graduação em Psicologia, com duração mínima de cinco anos. Assim como
o médico, esse profissional pode se especializar na área de saúde mental e
atuar em equipes multidisciplinares no tratamento de pessoas com transtorno,
por meio de psicoterapias, como a psicanálise e a terapia cognitivo
comportamental.
Por não ter a mesma formação de um
profissional de Medicina, o psicólogo não pode realizar procedimentos médicos
ou prescrever remédios, apesar de ter conhecimentos básicos sobre como as
medicações atuam no cérebro. "O apoio psicológico ao sofrimento psíquico é
importante, e o tratamento combinado geralmente é o que alcança os melhores
resultados", afirma o doutor.
Quando buscar ajuda?
De acordo com o Dr. Bonadio, o psiquiatra deve
ser procurado quando o indivíduo apresenta sintomas que estão prejudicando a
sua vida profissional, social, familiar e conjugal, bem como o seu autocuidado
pessoal - que inclui higiene pessoal, alterações de peso corporal e hábitos
alimentares. Entre os principais sintomas que exigem o atendimento de um
psiquiatra, estão:
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pensamentos de morte;
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planejamento de suicídio;
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alucinações;
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delírios;
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compulsões (compras excessivas, sexo,
manias de limpeza e organização, automutilação, entre outros);
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alterações de memória;
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alterações de sono;
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irritabilidade intensa;
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desinteresse pela vida pessoal;
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perda de prazer em atividades
corriqueiras;
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ansiedade extrema;
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medo intenso.
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O doutor ressalta que a dependência química também é um transtorno mental, e nesses casos
o paciente deve passar por uma avaliação psiquiátrica, sendo os sintomas que
exigem o atendimento de um psiquiatra:
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perda do controle do uso da
substância;
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exposição a situações de risco por
conta do uso da substância (agressões físicas, acidentes automobilísticos,
idas ao pronto socorro);
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prejuízos financeiros;
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deterioração das relações familiares,
sociais e conjugais devido ao uso da substância;
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não conseguir ficar sem a substância;
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apresentar fissura e sintomas de
abstinência quando está sem a substância;
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abandono de atividades habituais para
usar a substância.
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"Muitas vezes a dependência química é
lembrada somente por conta do álcool e das drogas, como cocaína e crack. Porém,
vale a pena lembrar que existe dependência química de medicações para dormir,
café, cigarro, anestésicos, energéticos, estimulantes (como a anfetamina),
hormônios anabolizantes e muitas outras substâncias", complementa.
Quais fatores devem ser considerados para escolher um psiquiatra?
Procure um médico com especialização em psiquiatria
Segundo o Dr. Bonadio, qualquer médico deve
ser registrado no Conselho Regional de Medicina do seu estado de atuação e ter
esse número ativo. Além disso, o profissional deve ter um número RQE, que
comprova a realização de residência médica em psiquiatria. Essas informações
podem ser consultadas no site de cada conselho.
Busque indicações de médicos e outros profissionais de saúde
Para o psiquiatra do Hospital Santa Mônica,
buscar referências de outros profissionais e até mesmo de pacientes que já
passaram por um determinado médico é fundamental.
"Como no Brasil não existe um controle
rígido da abertura de faculdades de Medicina e nem de residências médicas, ter
um diploma e concluir uma residência muitas vezes não são suficientes para a
formação de um bom profissional, uma vez que a qualidade dos cursos pode ser
questionável", avalia.
Certifique-se de que os horários do psiquiatra são compatíveis com sua
rotina
Por se tratar de doenças crônicas, o
psiquiatra costuma acompanhar o paciente ao longo de toda a sua vida. Por isso,
a regularidade no tratamento e a frequência das consultas são essenciais para o
sucesso terapêutico.
"Além de uma boa relação médico-paciente,
os horários precisam estar bem alinhados. Caso contrário, o paciente abandona o
tratamento e não há controle dos sintomas dessa forma", enfatiza o doutor.
Procure psiquiatras que se mantenham em constante atualização
A ciência como um todo está em constante
evolução. E isso não é diferente na Medicina e em suas especialidades. Para
acompanhar as mudanças e oferecer o melhor atendimento aos pacientes, o
profissional deve sempre se atualizar e buscar novos conhecimentos na sua área
de atuação por meio de pesquisas, cursos, palestras e eventos.
Verifique se o atendimento do profissional se encaixa no seu orçamento
Devido à regularidade no tratamento, os
psiquiatras não costumam fazer retorno, pois as consultas são longas, e a
frequência mínima é mensal. O médico do Hospital Santa Mônica explica que
"isso deve ser exposto para o paciente já na primeira consulta, como um
contrato. O paciente precisa estar ciente de que existe um custo para o
tratamento de doenças crônicas".
Como saber se o tratamento está adequado?
Qualquer estratégia de tratamento deve ser
revista periodicamente para atender às múltiplas necessidades do doente mental.
A verificação da eficiência das técnicas e dos procedimentos adotados deve ser
realizada pelo psiquiatra e sua equipe ao longo de todo o processo.
"A cada consulta, o psiquiatra deve
avaliar junto com o paciente se os sintomas estão diminuindo e se o seu
funcionamento normal está retornando ao que era antes dos sintomas aparecerem.
Se uma dessas duas coisas não estiver acontecendo, algo está errado. Ou o
diagnóstico está errado, ou o tratamento não está otimizado, ou a doença está
evoluindo e uma abordagem mais incisiva deve ser implementada", conclui o
Dr. Bonadio.
Para mais informações sobre como escolher um
psiquiatra, entre em contato com o Hospital Santa Mônica. Nossa equipe de
profissionais especializados está pronta para tirar todas as suas dúvidas e dar
as orientações necessárias sobre diagnósticos e tratamentos.
Fonte: Dr. Caio Macedo Athayde Bonadio - psiquiatra e
médico do sono do Hospital Santa Mônica