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domingo, 22 de outubro de 2017

SORORIDADE E O PODER DA MULHER




No último dia 18 de outubro participei de evento destinado a incentivar a participação de mulheres na política.

Ouvi algumas mulheres incríveis, várias delas pioneiras em suas atividades profissionais; mulheres que não se intimidaram em ocupar espaços até então reservados exclusivamente aos homens, muito menos se sentiram inferiores, e elas honraram com brilhantismo o gênero feminino.

Elas foram à luta, acreditaram em seu potencial e venceram... São exemplos de garra e de tenacidade!

Eu nunca ouvira a palavra sororidade, entretanto, sua etimologia vem de soror,  que significa irmã. Portanto, sororidade é a qualidade de ser irmã, ou irmandade.

Constatei forte irmandade entre as mulheres participantes do evento "Mulher e Poder", notadamente quando argumentavam sobre a necessidade de mudar de forma radical a participação feminina na política de nosso país.

Pasmem, o Brasil dentre todos os países da América Latina, em participação de mulheres na política de seus países, só perde para Belize. Perdemos feio para nações pouco expressivas como Bolívia, Paraguai, Equador, Honduras e Venezuela. Uma vergonha!

Óbvio que será preciso muita ação. Óbvio que será preciso que um grande contingente de mulheres se filie a partidos políticos e se lance candidatas já no próximo ano. É preciso levantar a bandeira do "Empreendedorismo Rosa", isto é, um movimento que levante a autoestima das mulheres, que as façam fortes e destemidas. Que as encorajem!

As mulheres precisam ser educadas para ter coragem de enfrentar de igual para igual, nosso mundo ainda tão machista. Elas precisam olvidar estigmas que roubam sua confiança, do tipo: Ah, mas isso é coisa de menino...

Tais estigmas precisam ser repensados e reposicionados e achei legal ouvir alguns depoimentos da Coronel Audilene Dias Rocha, do Alto Comando da Polícia Militar do Paraná.

Decididamente mulher está longe de ser sexo frágil.

É certo que as mulheres tem menos oportunidades que os homens, assim como é certo que ganham menos que os homens para exercer funções semelhantes, porém isso ocorre essencialmente porque a maioria das mulheres se julga inferior. Ora, elas precisam acreditar mais nelas próprias, e então potencializar este padrão em outras mulheres.

Ocorrerá efeito em cascata... O que é muito desejável...

As mulheres precisam ainda, parar de se vitimizar, e a menina Malala Yousafzai deve ser exemplo de coragem porque não se intimidou no enfrentamento de filosofias arcaicas e injustas vigentes no Paquistão.

Esta garota transformou comportamentos milenares porque seus pais a educaram enaltecendo o valor da vida humana, e ninguém pode  aceitar arbitrariedades em desfavor de princípios elementares da dignidade humana. Hoje Malala tem apenas vinte anos de idade, mas é reconhecida mundialmente e ganhou o Prêmio Nobel da Paz!

O papel da figura masculina dentro dos lares precisa sem dúvida, ser revisto. É preciso impor mais respeito à mulher e a sua feminilidade. Frases do tipo "segure sua cabritinha porque meu bode está solto" é de uma tacanhez à toda prova, e um sinal claro que nossa sociedade precisa progredir muito.

É preciso mais responsabilidade nas nossas comunicações em sociedade.
Afinal, sabemos todos que não há nenhuma ação transformadora no mundo que não tenha a mão de uma mulher.

E é fundamental que a mulher não se exponha demasiado... É fundamental que a mulher se dê o devido respeito, não aceitando as mesmices do cotidiano e ocupando espaços nas hierarquias de nossas organizações. E claro, fazendo por merecer porque é a meritocracia que cala as vozes ferinas.

No Estado do Paraná, 52% dos eleitores são mulheres e há muita mulher competente para se lançar na batalha por votos. Há apenas que ousar...

Há apenas que entender-se cidadã que colabora no desenvolvimento desta nação, pois caso não surjam novas alternativas, as velhas raposas continuarão mui faceiras e confortáveis. Do jeito que elas gostam...

Dentre tantas histórias edificantes que ouvi, destaco a fala da Conselheira do CNJ, Desembargadora Maria Tereza Uille Gomes, além do depoimento corajoso da Desembargadora Joeci Machado Camargo, do Tribunal da Justiça do Paraná. São Mulheres Guerreiras!

Parabéns Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, por sediar e organizar tão proveitoso evento. Parabéns mulheres destemidas!

Encerro recordando Cora Coralina: "A verdadeira coragem é ir atrás de seus sonhos, mesmo quando todos lhe falarem que é impossível."


João Antonio Pagliosa

ENTREVISTA PARA A GELADEIRA



Abriu a porta da geladeira, viu a luzinha acesa e logo saiu a dar entrevistas, falando pelos cotovelos aos rabanetes, cenouras, potes de manteiga, compotas e sobras de comida. Anunciou que faria coisas sobre as quais não tinha exatamente a ideia ou informação organizada. Muito menos explicações razoáveis, ou um discurso com cabeça, corpo e membros...


Foi atropelado pelas batatas e quanto mais tentava se explicar mais muitos nós deu no pulôver do pescoço e se enrolou inteiro. As palavras pobre, ração, lixo, pó, alimento vencido, o pote com a imagem de Nossa Senhora Aparecida (deixem-na em paz, fora da política!) se misturaram e tornaram o assunto bem pouco palatável. Aliás, ficou até bastante indigesto, inclusive por misturar alho e bugalhos em biscoitinhos e com a Igreja. Se a ideia era boa, ninguém soube, ninguém viu.

O governo anda assim. O governo, não. Os governos. Todos os níveis. Calados seriam poetas. Perdem as batalhas da comunicação e isso cada vez mais impressiona. Meu bom coraçãozinho não quer pensar que é de propósito, não posso acreditar que lançam esses torpedos polêmicos e mal ajambrados quando precisam mudar o foco de alguma coisa, nos distrair. Impressionante: da boca deles brotam, jorram, incongruências.

Ah, seria bom se a comunicação fosse mais respeitada, e que a profissão de jornalista, particularmente falando por mim que trabalho nessa área, assessoria, crises, fosse mais honrada e responsável, que as coisas não fossem assim jogadas ao vento para ver até onde ele leva, porque já estamos bem dentro de um furacão. Não estamos querendo vulcões em erupção.

Os dias têm sido bastante pródigos em outros bons exemplos. Vamos lá, na linha manchetes que eles próprios nos deram e depois precisaram sair correndo para remendar, em geral chegando atrasados e metendo ainda mais os pés pelas mãos. “Governo libera mineração em área de preservação ambiental na Amazônia”. “Fiscalização do trabalho escravo vai acabar”. “Merenda escolar será de ração feita de alimentos que iam para o lixo”.

Seguido pelo festival de “não era bem assim”, “vocês não entenderam”, “tirem o viés ideológico”, “é golpe, é golpe”, “não querem que eu concorra”.

Mas o problema é que pode ser ideia boa e que pode acabar sendo desperdiçada, o que não é o caso, claro, nem da Amazônia nem do trabalho escravo. Mas da tal farinata, se tivesse sido apresentada direito. Um suplemento alimentar, nutritivo, produzido com bons e selecionados alimentos que são desidratados e podem integrar vários pratos em várias formas. Ideia antiga, inclusive, e que se bem desenvolvida já teria melhorado a miséria e a fome. Todo mundo come um monte de coisas que a gente não tem a menor ideia e vêm nos produtos.

Lidar com a imprensa não é simples, não é igual fazer selfie pelo celular, snap que se apaga. Outro dia, em um desagravo a um grande advogado, este fez em discurso uma ótima comparação, que aponta a dimensão do perigo, e a diferença – e até rixa - de tratamento entre as profissões, ambas com direito indiscutível a sigilo profissional. “Nunca vi no noticiário mostrarem gravação entre um repórter e a fonte, mesmo com acusação. Mas já vi várias gravações de advogados com seus clientes”.

Por outro lado, já há alguns anos os advogados têm assumido o papel de porta-vozes. Daí, tantas laudatórias e assinadas notas com palavras incompreensíveis e jurídicas ao grande público.

Enfim, considerem “Em boca fechada não entra mosquito”, uma das expressões mais objetivas e fundamentais para lembrar agora.

Tem outra boa: o peixe morre pela boca; essa lembra o anzol que o peixe corre a abocanhar a isca. Nós, jornalistas, dispomos sempre de várias minhoquinhas para jogar ao mar. Junto com as pretensões de muitos políticos por aí.



Marli Gonçalves - jornalista - #prontofalei
São Paulo, gestão congestionada, 2017





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