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quinta-feira, 21 de setembro de 2017

5 Mitos e Verdades do Home Office




Especialistas explicam fatos e lendas do trabalho remoto em relação à Medicina e Segurança do Trabalho



O modelo de trabalho home office passará a ser oficialmente regulamentado no Brasil com a Reforma Trabalhista. Isso vai ampliar a segurança de empregadores e empregados e possibilitar que ele seja cada vez mais implantado.

É inegável que essa modalidade de trabalho é um fenômeno mundo afora. Mais de 50% dos empregados que trabalham remotamente, em tempo parcial em todo o mundo, gostaria de aumentar suas horas remotas.

Além disso, de acordo com uma pesquisa global da PGI, maior fabricante mundial de softwares, 79% dos trabalhadores afirmam trabalhar em casa e 60% dos trabalhadores remotos parciais deixariam seu emprego atual por uma posição remota em tempo integral.

No entanto, alguns mitos e verdades sobre o home office ainda persistem, seja nos corredores das empresas ou até mesmo na área de Recursos Humanos.

Os médicos do trabalho e diretores da Aclimed, Dra. Marianne Sobral e Dr. Maurício Sobral, reuniram os mais conhecidos e ajudaram a desmistifica-los:


1 - No home office, a empresa não possui a mesma responsabilidade no que diz respeito à Medicina e Segurança do Trabalho

MITO – A responsabilidade da empresa quanto à Medicina e Segurança do Trabalho é a mesma para os profissionais que realizam suas atividades nas dependências da empresa, tanto quanto para os que as realizam à distância, em suas casas, em cafés, bibliotecas e escritórios de coworking, desde que sejam registrados de acordo com a CLT.

Portanto, cabe à empresa oferecer meios de implantar os programas PPRA e PCMSO e os exames clínicos: admissional, periódico, demissional, de mudança de função e de retorno ao trabalho para todos os seus empregados registrados.



2 - Há uma norma regulamentadora do Ministério do Trabalho que prevê parâmetros e, quando necessárias, adaptações das condições de trabalho

VERDADE – A NR 17 estabelece padrões para que os funcionários realizem suas atividades com o máximo de conforto e segurança, independentemente de onde as tarefas são desempenhadas.

Por isso, mesmo no trabalho em home office, é responsabilidade do empregador realizar a análise ergonômica do posto de trabalho, desde que o colaborador autorize a visita à sua casa.

Cabe à empresa verificar as condições de trabalho e, caso seja necessário, deverá fornecer equipamentos para tornar o ambiente adequado. Como por exemplo fornecendo objetos para atividades de escritório como cadeira com rodinhas, apoio para os pés, suporte para notebook, fone de ouvido do tipo headset para quem realiza muitas chamadas telefônicas, entre outros.



3 - Não preciso participar de treinamentos de segurança, uma vez que não estou nas dependências da empresa

MITO – Mesmo executando suas atividades à distância, é responsabilidade do empregado assistir aos treinamentos ou estudar os materiais encaminhados para assegurar sua saúde, segurança e produtividade. Assim como cabe ao empregador fornecer tais informações, mesmo que seja por meio de aulas online.

Os treinamentos devem oferecer orientações quanto à rotina diária e à postura adequada para o seu melhor desempenho. Por exemplo, evitar trabalhar no sofá ou na cama e diante da televisão ou muito próximo da geladeira.

Informações como essas norteiam o trabalhador para que ele tenha uma rotina equilibrada, evite trabalhar sem pausas e descanso (uma vez que os ambiente de trabalho e casa se mesclam) ou de pouca produtividade ao deixar de realizar atividades por conta de possíveis distrações domésticas.



4 - O funcionário que trabalha em home office é mais produtivo

VERDADE – Uma pesquisa da Harvard Business Review prova que se trata de uma verdade. O estudo notou um aumento na produtividade do trabalhador de 13,5% depois de permitir o trabalho home office.

Os funcionários apontam que preferem não perder horas para deslocamento no trânsito (realidade de grandes cidades do mundo, entre elas muitas metrópoles brasileiras), priorizam a comida caseira e o silêncio de suas casas para produzir mais e realizar atividades que demandam mais concentração.

Além disso, não há distrações na sala do café e interrupções como visitas dos colegas de trabalho em suas mesas o tempo todo.



5 - O empregado de trabalho remoto não desliga nunca ou está sempre disponível para um passeio

MITO – O colaborador deve se organizar para manter uma rotina de trabalho em horários semelhantes aos do escritório. Também precisa manter um hobby, praticar atividades físicas e equilibrar vida pessoal e trabalho.

Assim como a empresa deve se policiar para não sobrecarregar o funcionário só por ele não chegar e sair fisicamente no dia a dia, a família do funcionário deve entender e respeitar que ele possui tarefas para entregar e uma jornada para cumprir nas dependências de casa.





Aclimed






O "CAVALEIRO DA ESPERANÇA" E O MEMORIAL DO MAU AGOURO



        Provavelmente você já ouviu Luís Carlos Prestes ser mencionado como "o Cavaleiro da Esperança", distinção que lhe foi outorgada por Jorge Amado no início dos anos 40, em seus tempos de militante comunista. Ele recebera ordem do PCB para se exilar em Buenos Aires e escrever um livro propagandístico sobre seu personagem, preso pela ditadura Vargas. Esperavam os comunistas brasileiros que a repercussão da obra gerasse pressão internacional para a libertação de Prestes. Não gerou, mas o título do livro, publicado originalmente em espanhol, acabou virando cognome do biografado.
        Tudo seguiu a mais estrita orientação do centralismo, mitificação e propaganda característica das organizações comunistas. Morte aos fatos e aos acontecimentos! Longa vida às versões que sirvam à causa! Anos mais tarde, Jorge Amado repudiou essa e outras obras, como se verá a seguir, mas a construção do mito persistiu em posteriores biografias, como a escrita por Anita Leocádia - "Luiz Carlos Prestes, um comunista brasileiro" - que cumpriu muito zelosamente seu papel de filha do biografado.
        Atente para estas palavras de Jorge Amado, num pequeno vídeo que pode ser assistido aqui:

        "Nenhum escritor, naquele momento, naquela ocasião, era um escritor que não tivesse um engajamento. E toda primeira parte da minha obra traz um engajamento que é uma excrescência. Nós éramos stalinistas, mas terrivelmente stalinistas. Para mim Stalin era meu pai. Era meu pai e minha mãe. Para a Zélia [Gatai]também. Nós levamos uma trajetória de anos cruéis para compreender que o pai dela era o mecânico Ernesto Gattai e que meu pai era o coronel do cacau João Amado. Quer dizer, o partido me utilizou. E a partir desse momento, em realidade, o que o partido fez foi, sem querer, provavelmente, a tentativa de acabar com o escritor Jorge Amado, para ter o militante Jorge Amado. No fim do ano de 1955 eu soube que a polícia socialista torturava os presos políticos tão miseravelmente quanto a polícia de Hitler. O mundo caiu sobre a minha cabeça. Já sem escrever a longo tempo, já descrente por inteiro das ideologias, do fundamental das ideologias - Stalin era vivo ainda - eu deixei o partido comunista. Fui atacado por muitos dos comunistas de uma forma muito violenta. O principal dirigente comunista da época, depois de Prestes, que era Arruda Câmara, disse que dali a seis meses eu não existiria como escritor e como intelectual. Felizmente ele se enganou. Ideologia, quer saber o que é, Henry?É uma merda!".

        Pois coube a Luís Carlos Prestes, cavaleiro de sua coluna inútil pelo interior do Brasil, receber da Prefeitura de Porto Alegre um latifúndio urbano em área nobilíssima da cidade, para ali ser erguido memorial em sua homenagem. A coluna Prestes, é bom registrar, em virtude das "expropriações revolucionárias" que fazia, deixou um rastro de miséria por onde passou. Como garantia do butim, entregava bônus que a revolução, quando vitoriosa, haveria de saldar... E como tampouco havia apelo na causa defendida junto a uma população interiorana que sequer sabia quem governava o país, a coluna viajou 25 mil quilômetros afugentando aqueles que pretendia atrair. Se você perguntar o que Prestes fez pelo Brasil (ou pela cidade) só descobrirá que se empenhou sempre, e sem escrúpulo, por alguma ideia revolucionária desastrada, desastrosa ou totalitária.
        O Memorial Prestes está para ser inaugurado. Era tão extenso e valioso o quarteirão que lhe foi designado que, tendo cedido metade para a Federação Gaúcha de Futebol ali edificar sua sede, recebeu em troca a obra pronta, segundo projeto do camarada Oscar Niemayer. É uma pena que a cidade abrigue tão vistosa homenagem a essa figura menor da cena política brasileira, fiel a Moscou e infiel à sua pátria.
        Espero que a posteridade não veja o prédio como uma reverência desta geração de sul-rio-grandenses, mas como produto fortuito e circunstancial do trabalho de um grupo político com escassa representatividade, que ainda hoje se abraça a essa ideologia de péssimo passado e nenhum futuro. Por isso, e só por isso, cai-lhe bem o nome "Memorial".




Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 

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