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segunda-feira, 18 de setembro de 2017

A ORCRIM E A DEMOCRACIA NO BRASIL



       O funcionamento da Orcrim está descrito nesta parte da nova denúncia encaminhada no último dia 14 pelo Procurador Geral da República contra o presidente Temer:
“A organização criminosa objeto da investigação no âmbito da Operação Lava Jato foi constituída em 2002 para a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula Da Silva — Lula à presidência da República, quando integrantes do PT uniram-se a grupos econômicos com o objetivo de financiar a campanha de Lula em troca do compromisso assumido pelo então candidato e outros integrantes da organização criminosa do PT de atender interesses privados lícitos e ilícitos daqueles conglomerados.
“Com isso, Lula foi eleito e a organização criminosa passou a ganhar corpo após a sua posse, quando então se estruturou um modus operandi que consistia em cobrar propina em diversos órgãos, empresas públicas, sociedades de economia mista controladas pela União e Casas do Congresso Nacional, a partir de negociações espúrias com as empresas que tinham interesse em firmar negócios no âmbito do governo federal e na aprovação de determinadas medidas legislativas (…)
Todo este estratagema não foi desenvolvido para beneficiar indevidamente apenas os integrantes do PT que constituíram a organização criminosa, serviu também para atender interesses escusos de integrantes de outras agremiações partidárias que, ao longo do governo Lula, aderiram ao núcleo político desta organização criminosa com o objetivo de comandar, por meio da nomeação de cargos ou empregos públicos chaves, órgãos e entes da Administração, um verdadeiro sistema de arrecadação de vantagens indevidas em proveito, especialmente, dos integrantes da organização criminosa. Em
contrapartida aos cargos públicos obtidos junto aos integrantes do PT envolvidos no esquema ilícito, os integrantes do PMDB e do PP que ingressaram na organização criminosa ofereceram apoio aos interesses daqueles no âmbito do Congresso Nacional.”

        Como se vê, nada que até o semanário de Burundi já não tenha noticiado. No entanto, a organização descrita passou ao largo e o TSE fez que não viu algo muito relevante sob o ponto de vista político e institucional. Refiro-me à propagação sobre o baixo clero dos efeitos políticos e éticos da atividade criminosa desenvolvida pelas cúpulas das organizações partidárias.

        Os caciques que comandavam os negócios da tribo supriam suas tropas de recursos para custeio das respectivas campanhas eleitorais. O motivo é evidente: quanto maior o número de fieis seguidores, mais valiosa se tornava sua posição política e mais bem remunerada a participação nos negócios. Sabe-se, hoje, que o topo da cadeia alimentar, o ápice da carreira consistia em ter apelido e arquivo próprio no departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht.

        O tipo de ganância que essa organização permitiu prosperar gerou e ainda preserva um efeito político devastador. Não fossem as coisas assim, a representação da sociedade brasileira, a proporcionalidade entre as diferentes bancadas e muitos daqueles a quem hoje chamamos deputado e senador estariam em outras atividades, longe dos centros de poder. Devem seus mandatos aos caciques em cuja cisterna beberam água e, hoje, se empenham, juntos, em encontrar uma regra de jogo eleitoral que os agasalhe da rejeição do eleitorado.
        A distorção causada pelo crime virou o país pelo avesso, influenciou o Direito e a Justiça, a economia, a moral nacional e a doutrinação nas salas de aula. A próxima legislatura, porém, não pode ser uma cópia carbonada da atual; a ORCRIM não pode continuar reproduzindo seus efeitos na representação política. A democracia é muito mais do que um conjunto de normas e formalidades; o que lhe dá vida é a adesão da sociedade política a elevados princípios e valores.



Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.




Pesquisa mostra que usuários de ônibus em São Paulo condenam a falta de segurança com relação a assédio sexual



Numa escala de 1 a 10, na qual 1 equivale a péssimo e 10 a ótimo, a segurança com relação ao assédio sexual nos ônibus municipais recebeu nota 2,6 – o pior resultado entre 14 aspectos relacionados a esse meio de transporte avaliados pela mais recente edição da Pesquisa de Mobilidade Urbana da Rede Nossa São Paulo e do Cidade dos Sonhos.  A maioria 62% dos usuários de ônibus municipais ouvidos pelo IBOPE Inteligência deram nota entre 1 e 2 neste quesito.   A íntegra da Pesquisa de Mobilidade Urbana será lançada na próxima quarta-feira, dia 20 de setembro.

A avaliação da segurança em relação ao assédio sexual é mais negativa entre as mulheres do que entre os homens: 69% delas atribuem nota 1 e 2 contra 54% dos homens.  Outros segmentos podem ser destacados como mais críticos em relação a este atributo: pessoas com escolaridade de 5ª e 8ª série (74%), aqueles com idade de 45 e 54 anos (69%), os que têm renda familiar de até 2 salários mínimos (61%) e os que não  utilizam ou não possuem carro (59% e 54%, respectivamente). Também são mais críticos os residentes das zonas Sul 2 (68%)e Norte 2 (56%)  Cabe apontar que para uma melhor compreensão das diferenças regionais, algumas regiões foram divididas em 1 e 2, sendo a 2 a que agrupa os distritos mais distantes do centro expandido. 

Os dados mostram que o assédio é mais percebido pelas pessoas que se encontram nas faixas menores de renda e escolaridade e por aquelas que estão nas regiões mais distantes do centro expandido.  Isso sugere que além da questão de gênero, há um componente de vulnerabilidade social que permeia a questão. 

Perguntados sobre qual o problema que atualmente mais precisa ser resolvido em relação aos ônibus municipais, 7% apontam a questão do assédio, sendo que esse percentual é maior entre jovens de 16 a 24 anos (14%) e entre pessoas que raramente usam automóveis (13%).

O maior detalhamento da percepção do paulistano em relação aos ônibus será apresentado em coletiva de imprensa no dia 20 de setembro. O assunto é fruto da parceria da Rede Nossa São Paulo com o projeto Cidade dos Sonhos, que tem o objetivo de estimular o debate sobre a mobilidade na cidade de São Paulo.   

A Pesquisa de Mobilidade Urbana 2017 ouviu 1603 moradores do município de São Paulo a partir de 16 anos entre os dias 27 de agosto e 11 de setembro de 2017..  O intervalo de confiança é de 95% e a margem de erro máxima estimada é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados totais.  




Pesquisa de Mobilidade Urbana será lançada na próxima quarta, dentro da Semana de Mobilidade Urbana

Realizada desde 2007 em parceria com o Ibope Inteligência, a Pesquisa de Mobilidade Urbana 2017 revela a percepção da população em relação ao trânsito e ao transporte público na cidade de São Paulo. Os resultados do levantamento deste ano ganham ainda mais relevância tendo em vista que a Prefeitura de São Paulo está para lançar o edital de licitação dos ônibus.  Além do assédio sexual no transporte público, outra novidade desta 11ª edição da pesquisa é a pesquisa de opinião sobre a privatização do Bilhete Único. 





Trânsito no Brasil mata mais que guerras



Mauro César Batista, presidente do Conselho Superior da ANSP, proferiu a palestra "As perdas produtivas com morte e invalidez prematura e os acidentes de trânsito no Brasil", realizada nesta sexta-feira (15/09), no XII Congresso Brasileiro de Medicina de Tráfego. Mauro afirmou que as mortes no trânsito no Brasil superou de longe o número de mortes de soldados americanos em 16 anos da Guerra do Vietnã (de 1959 a 1975). Naquela época, foram 58 mil falecimentos em combate contra mais de 80 mil vidas ceifadas no trânsito do Brasil em apenas dois anos.

E ainda informou que o custo do trânsito violento é de R$ 56 bilhões por ano, segundo dados do IPEA, atualizado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária em 2016. "Quem paga esta conta são todos os brasileiros", declarou Batista. "No prazo de um ano, só nas rodovias federais brasileiras, ocorreram 170 mil acidentes de trânsito que geraram um custo de R$ 12,3 bilhões. Sendo 64,7% destes custos associados às vítimas dos acidentes, com atendimentos em hospitais e perda de produção devido às lesões ou morte, e 34,7% eram relacionados aos veículos, com danos materiais, perda de cargas e procedimento de remoção."

Segundo Mauro Batista, com este valor seria possível construir 1, 8 mil hospitais com capacidade para atender 450 mil pessoas por dia. "Seriam 164 milhões de pessoas por ano atendidas", concluiu.

O presidente do Conselho Superior da ANSP foi um dos convidados do XII Congresso Brasileiro de Medicina de Tráfego, promovido pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego-ABRAMET, que ocorre este fim de semana, na Costa do Sauípe, na Bahia.






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