Estudo
da Fundação Seade, utilizando as estatísticas do registro civil por ela
produzidas e os dados de mortes por acidentes de trânsito levantados pelo
Infosiga-SP, avalia o impacto dessas mortes na vida média da população
paulista.
Segundo
dados do Infosiga SP, sistema de dados criado e gerenciado pelo Movimento
Paulista, em 2018 ocorreram 5.459 mortes por acidentes de trânsito em todo o
Estado, o que indica uma redução de 1.009 casos em relação a 2015 e reflete
tendência de decréscimo para esse tipo de acidente.
Ao
atingirem população predominantemente jovem, esses riscos representam mortes
precoces e suscitam a pergunta: qual o impacto desses acidentes na expectativa
de vida da população paulista?
Para
responder a essa questão, foi utilizada metodologia de natureza demográfica, a
construção de Tábuas de Mortalidade, tendo como fonte de dados as
projeções populacionais e as estatísticas de óbito por causas de morte, ambas
produzidas pela Fundação Seade, além das estatísticas do Infosiga que registram
os acidentes de trânsito.
TENDÊNCIAS RECENTES DA MORTALIDADE POR ACIDENTES DE TRÂNSITO
O
risco de mortalidade por acidentes de trânsito vem se reduzindo no Estado de
São Paulo e se mantém em patamar inferior àquele registrado para o total do
Brasil. Recentemente, a tendência de decréscimo ficou ainda mais nítida, como
demonstram os indicadores de 2015 a 2018.
A
taxa no Estado diminuiu de 15,0 óbitos por 100 mil habitantes, em 2015, para
12,4 por 100 mil em 2018, indicando retração de 17,3% no risco de morte por
esse tipo de acidente. Ressalte-se que, nos últimos 38 anos, a taxa observada
em 2018 registrou o menor valor do período. Embora o número de casos venha
diminuindo, os indicadores mostram que os riscos de morte por essas causas
ainda continuam mais elevados do que em muitos países europeus. Segundo
relatório da OMS, Espanha apresentava, em 2016, taxa de 4,1 mortes por 100 mil
habitantes; Holanda 3,8 mortes; e Inglaterra 3,5 mortes.
Esses
indicadores para o Estado de São Paulo foram elaborados com base nas
estatísticas do Infosiga SP, que organiza um banco de dados reunindo
informações de diversas fontes sobre os acidentes de trânsito, tais como
Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal, e nos dados de
mortalidade da Fundação Seade, que levanta, nos Cartórios de Registro Civil, as
informações sobre os óbitos registrados em IMPACTO DOS ACIDENTES FATAIS DE TRÂNSITO
NA EXPECTATIVA DE VIDA NO ESTADO DE SÃO PAULO, todo o território
paulista e processa as causas de morte segundo critérios e classificações
preconizados pela Organização Mundial da Saúde.
A tendência
de decréscimo anual da taxa de mortalidade por acidentes de trânsito, entre
2015 e 2018, está representada no gráfico abaixo. Observa-se que tanto as taxas
masculinas como as femininas são decrescentes, indicando que os progressos
atingiram ambos os sexos.
Para os
homens, essa taxa de mortalidade diminuiu de 25,4 óbitos por 100 mil
habitantes, em 2015, para 20,8 por 100 mil, em 2018. Já para as mulheres, o
indicador recuou de 5,2 para 4,5 óbitos por 100 mil, no mesmo período.
TAXAS DE MORTALIDADE POR ACIDENTES DE TRÂNSITO, SEGUNDO SEXO
ESTADO DE SÃO PAULO – 2015-2018
Homens - Branco
Mulheres - Vermelho
Total - Azul
2015 2016 2017 2018
Fonte:
Fundação Seade; Infosiga SP.
As taxas de
mortalidade reduziram-se, mas o diferencial existente entre os riscos de morte
das populações de ambos os sexos permanece elevado. O índice de
sobremortalidade masculina, determinado pela razão entre a taxa de mortalidade
masculina e a feminina, mostra que, em 2018, o risco de morte por acidentes de
trânsito entre os homens foi 4,6 vezes superior ao das mulheres. Em 2015 esse
índice era um pouco maior: 4,9 vezes.
Para
avaliar o impacto dessas mortes na esperança de vida, ou na vida média, foram
construídas
duas tábuas de mortalidade para o Estado de São Paulo, referentes a 2018: a
primeira elaborada com todos os óbitos registrados no Estado e a segunda
eliminando-se as mortes por acidentes de trânsito. A comparação entre ambas
permite avaliar o impacto causado por esse grupo de mortes sobre a vida média.
A tabela
abaixo apresenta uma síntese dos resultados, revelando que a esperança de vida
ao nascer aumenta tanto para homens como para mulheres quando os acidentes
fatais de trânsito são excluídos do cálculo da tábua de mortalidade.
ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER, SEGUNDO SEXO
ESTADO DE SÃO PAULO – 2018
Em anos Sexo
|
Esperança de vida ao nascer
|
||||
Todas as causas de morte
|
Excluindo acidentes de trânsito
|
Ganhos
|
|||
Total
|
76,42
|
76,75
|
0,33
|
||
Homens
|
73,21
|
73,70
|
0,49
|
||
Mulheres
|
79,52
|
79,64
|
0,12
|
||
Como
era de se esperar, o impacto foi maior entre os homens, que tiveram acréscimo
de 0,49 ano na vida média, enquanto entre as mulheres o incremento foi menor:
0,12 ano. Para o total da população residente no Estado de São Paulo, a
exclusão dos casos fatais de acidentes de trânsito resultou em ganho de 0,33
anos na vida média.
A
esperança de vida ao nascer estimada para o total da população paulista, que
alcançava 76,42 anos em 2018, passaria a 76,75 anos caso não ocorressem as
mortes por acidentes de trânsito. Como já mencionado, o incremento entre os
homens, que são os mais atingidos por este tipo de acidentes, seria ainda
maior, passando de 73,21 para 73,70 anos, o que é expressivo em termos de
impacto de uma causa específica de morte na expectativa de vida.
Vale
destacar que a análise realizada para 2015 com metodologia similar mostrou que
os ganhos de esperança de vida, ao se excluírem as mortes por acidentes de
trânsito, foram superiores aos de 2018, ou seja: 0,60 ano para os homens; 0,15
ano para as mulheres; e 0,39 ano para o total da população. O fato de o impacto
ser maior em 2015 reforça a constatação da tendência de decréscimo dos riscos
de morte por acidentes de trânsito, no Estado de São Paulo, entre 2015 e 2018.
REFERÊNCIAS
CAMARGO, A.
B. M; MAIA, P. B. Em 2015, o Estado de São Paulo atingiu a menor taxa de
mortalidade por acidentes de transporte dos últimos 35 anos. SP Demográfico,
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Análise, São Paulo, Fundação Seade. n. 28, jul. 2015.
FERREIRA
C.E.C.; LOPES L.L.C.; ARANHA V.J. A esperança de vida no Estado de São Paulo em
2018. SP Demográfico, São Paulo, Fundação Seade, ano 19, n. 1, mar.
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FUNDAÇÃO
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Seade. Disponível em: www.seade.gov.br.
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Fundação Seade. Disponível em: www.seade.gov.br.
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Demografia, São Paulo, Fundação Seade. n. 2, maio 2016.
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