Não há
como negar: a tecnologia tomou conta do nosso dia a dia. Músicas, mensagens,
vídeos, textos, tudo na palma da mão em apenas um toque! O que é isso? Como
faço aquilo? Quem foi esse? Como resolvo isso? Os sites de busca respondem, resolvem
e informam, a cada dia mais, facilitando o acesso à informação.
O
acesso à comunicação globalizada se deu de forma muito rápida devido à
constante evolução tecnológica que presenciamos nos últimos anos: atualmente
existe um fluxo contínuo de informações que aproxima as pessoas de forma
instantânea. Toda essa evolução provocou transformações profundas na geração
atual, principalmente com relação ao uso do celular, que se tornou quase que um
“acessório obrigatório”.
Um
grande desafio apresentado aos educadores é justamente a presença de celulares
em sala de aula. Ao mesmo tempo em que pode ser um gerador de desinteresse e
dispersão dos estudantes com relação ao conteúdo, pode, de forma oposta, ser um
aliado para, justamente, prender a atenção. Estudos mostram que ao longo de uma
aula de 45 a 50 minutos a atenção de um estudante é mantida por apenas 18
minutos! Então o que fazer nos minutos restantes para envolvê-los e maximizar
seu aprendizado? É aí que os celulares, tablets, enfim, a tecnologia entra. Interatividade
é a palavra! Ter os celulares como ferramenta para essa interatividade estimula
e aproxima o estudante do conteúdo de forma mais sensorial, em consonância com
seu mundo fora da escola, levando a uma aprendizagem significativa.
Jogos
como Minecraft, Plague Inc., SimCity Buildit e outros trazem os estudantes para
um universo com conteúdos muitas vezes trabalhados em sala de aula. Biomas e
tipos de rochas fazem parte do vocabulário dos jogadores do Minecraft, assim
como algumas doenças e formas de contágio são estratégias usadas no Plague Inc.
Sem falar de muitos aplicativos que auxiliam no processo de aprendizagem de
línguas, matemática e até redação. O professor em sala de aula, por exemplo,
pode utilizar o tablet como uma extensão da lousa eletrônica, no qual a
interação professor-aluno seja dinâmica e em tempo real, incluindo-se aí a
utilização de livros digitais. Além disso, essa interação pode proporcionar ao
professor condições de avaliar e aumentar a participação de todos os alunos,
inclusive daqueles mais tímidos que têm dificuldades de se colocar em público.
Essa
nova situação traz para toda a humanidade uma grande facilidade de acesso
instantâneo a praticamente qualquer tipo de conhecimento, mas oferece também
muitas ameaças, principalmente aos jovens, que devem ser tratadas com bastante
cuidado e atenção pelas famílias e escolas.
Quanto
às escolas, há que se desenvolver novas metodologias para administrar e filtrar
as informações úteis advindas do fluxo multidirecional de comunicação e auxiliar
os alunos a transformá-las em conhecimento. Essas novas metodologias deverão
mudar, de maneira radical, algumas práticas hoje vigentes que estão
relacionadas com as interações professor-aluno, motivação e capacitação de
professores. O professor deverá deixar de ser o principal depositário e
transmissor de conhecimento para ser, predominantemente, um facilitador para os
alunos na organização das informações, das tarefas escolares e das interações
com o mundo via aplicativos, correlacionando-as, a fim de transformá-las em
conhecimento para o estudante.
Talvez
a maior contribuição da internet para a aquisição do conhecimento seja a
possibilidades de se navegar por muitos temas ao mesmo tempo, possibilitando
uma leitura não linear, permitindo ao leitor ter acesso amplo e instantâneo às
referências bibliográficas e pesquisar sobre as notas de rodapé.
Está
claro que o uso de tablets e celulares em sala de aula é algo inevitável e
desejável, desde que a escola esteja preparada para tornar a liberdade de navegação
na internet não um fator de dispersão para os alunos, mas uma sequência de
descobertas correlatas ao assunto em foco. Fato que os enriquecerá situando-os
em suas pesquisas, em contextos mais amplos conectados com outros
conhecimentos.
Sob
esse aspecto, o fator autodisciplina é predominante e pode ser vivido em sala
de aula se for guiado pela motivação do aluno em encontrar rapidamente algo
novo e útil. Os jovens, diferentemente dos mais velhos, têm pressa e se motivam
mais com conquistas de curto prazo, tal qual os jogos eletrônicos com suas
várias fases a serem vencidas, onde a superação de cada uma delas é uma vitória
pessoal e para seu grupo de convívio. Se houvesse apenas uma fase, com certeza,
haveria dispersão e desistência no meio do caminho.
Por
último, mas não menos importante, está a capacitação dos professores. É natural
que os jovens estudantes tenham maior facilidade no acesso e uso de aplicativos
em relação aos professores. Entretanto, isso não deverá ser um problema. Pelo
contrário, ampliará a quantidade de informações trazidas para o ambiente
escolar e enriquecerá o trabalho de estruturação e sistematização a ser feito
pelo professor, desde que ele seja capacitado e esteja motivado para isso.
Vê-se assim que o fator motivação é também essencial para os professores desta
nova época.
Portanto,
não é difícil perceber que os celulares e os tablets transformarão a curto
prazo as salas de aula em redes de troca de informações e construção de
conhecimentos, onde todos, estudantes e professores, estarão inseridos em um
ambiente de constante aprendizado, de “aprender a apreender”.
Thais Failache
Ribeiro Pileggi - Professora
de Ciências do Ensino Fundamental – Anos Finais - do Colégio Marista Ribeirão
Preto (SP)