Levantamento
revela que 84% dos agressores era o chefe direto ou ocupava um cargo mais
alto que a vítima na hierarquia da empresa. As mulheres são mais suscetíveis ao
problema: dos indivíduos
que declararam ter sofrido assédio, 54,4% são mulheres
e 45,6%, homens.
Levantamento
realizado pela VAGAS.com, maior portal de carreiras do país e líder em soluções
de e-recruitment, aponta que a maioria dos trabalhadores brasileiros (52%) já
enfrentou situações de assédio moral ou sexual no trabalho. As mulheres são as
maiores vítimas: dos indivíduos que declararam já ter sofrido assédio, 54,4%
são mulheres e 45,6% são homens. Dos que sofreram assédio, 39,6% disseram que o
episódio impossibilitou ou causou dificuldades na vida profissional.
O assédio
moral, caracterizado por piadas, chacotas, agressões verbais ou gritos
constantes, lidera a incidência de casos. Do total da base de respondentes,
47,3% declararam já ter sofrido este tipo de agressão. As mulheres são
ligeiramente as mais afetadas e responderam por 51,9% dos casos relatados
contra 48,1% no caso dos homens.
Já o
grupo dos indivíduos que declaram ter sofrido assédio sexual, caracterizado por
comportamentos abusivos como cantadas, propostas indecorosas ou olhares
abusivos, somou 9,7% da amostra total. Neste caso, entretanto, as mulheres são
as mais afetadas. Do total de casos deste tipo de agressão relatados na
pesquisa, 79,9% ocorreram com mulheres e 20,1% com homens.
O
levantamento coletou os dados em pesquisa realizada por meio eletrônico com
candidatos cadastrados no portal, entre os dias 19 e 22 de maio. No total, o
estudo avaliou os dados de 4.975 respondentes de todas as regiões do país. A
amostra foi constituída por 50,7% de indivíduos do sexo masculino e 49,3% do
sexo feminino. A maior parte dos respondentes (44%) está na faixa de 26 a 35
anos. O segundo maior grupo (27%) concentrou indivíduos entre 18 e 25 anos,
seguido por indivíduos de 36 a 45 anos (19%). No campo da escolaridade, 38,8%
da amostra foi formada por indivíduos com segundo grau completos e formação
universitária incompletos, 29,2% declararam ter formação superior completa e
16,6% da amostra foi constituída por pós-graduados (ver demografia completa na
apresentação em pdf).
A
pesquisa revela ainda que 51,3% dos casos foram perpetrados pelo chefe direto
do ofendido, 32,6% por superior hierárquico, mas não pelo chefe direto e 11,5%
por funcionários do mesmo nível. Apenas 4,6% dos episódios foram ocasionados
por funcionário de nível hierárquico inferior.
Denúncia
ainda é feita por minoria
A maioria
das vítimas, segundo os dados coletados, se cala diante da ofensa: 87,5% não
denunciam a conduta. Ou seja, apenas 12,5% declaram ter dado ciência dos casos
às suas empresas. O medo de perder o emprego (39,4%), o medo de represálias
(31,6%), vergonha (11%), receio de a culpa recair sobre o denunciante (8,2%) e
sentimento de culpa (3,9%) são as principais razões apontadas para evitar a
denúncia.
Dos 12,5%
que decidiram fazer a denúncia, 59,9% o fizeram imediatamente após o episódio e
40,01% levaram de 1 mês a três anos para tomar esta iniciativa, sendo que 25% o
fizeram no intervalo de 1 a seis meses.
A
pesquisa mostra ainda que 56,3% dos que não denunciaram permaneceram no emprego
depois do assédio, 20,9% foram demitidos e 22,8% pediram demissão após as
ocorrências.
Dos
denunciantes, 20% declaram ter sido demitidos após a iniciativa, 17,6%
declararam ter sofrido perseguição e apenas 8,6% resolveram levar o caso à
Justiça. Para 39,2% nada mudou após a denúncia.
A
sensação de impunidade também se mostrou alta na pesquisa. 74,6% dos
respondentes que denunciaram disseram que o agressor permaneceu na empresa e
apenas 12,1% declararam que o agressor foi demitido após a denúncia. Os que não
sabem o que aconteceu com o agressor somam 11%. Os que informaram que o agressor
pediu demissão somam apenas 2% do grupo dos denunciantes.
Testemunhas
Do total
da amostra, 33,5% declararam ter presenciado algum episódio de assédio no
trabalho. Deste grupo, 60,3% declararam ter prestado apoio ao ofendido e 10,6%
denunciaram o episódio. Mas 30,9% declaram ter se omitido, por não querer
envolvimento no caso (56%), medo de perder o emprego (19%), medo de represálias
(13%) ou achar que o ofendido provocou o episódio (9%).
Definição
de assédio - É configurado assédio moral quando homens e mulheres são
expostos a situações humilhantes e constrangedoras, de maneira repetitiva e
prolongada. A degradação deliberada das condições de trabalho faz com que a
vítima até abra mão do emprego. Já o assédio sexual é crime no Brasil desde
2001. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, a abordagem, não desejada
pelo outro, com intenção sexual ou insistência inoportuna de alguém em posição
privilegiada que usa dessa vantagem para obter favores sexuais de subordinados,
é considerada assédio sexual.