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quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Talento é para os fracos


Às vezes eu me pego pensando na dor crônica no estômago que essa competitividade do mercado de trabalho, em qualquer área, causa na gente. É uma ansiedade que nos deixa muitas vezes inquieto e sempre, em algum nível, infelizes. Nunca somos suficientemente bons, e em raros casos estamos “bem”, estáveis, salvos. E se estamos: até quando? Sempre falta aquele skill, contato, uma especialidade, aquela  experiência prévia. E nós, como bons profissionais, damos a largada e corremos atrás todos os dias. Buscamos curso online, pós-graduação, curso de extensão, livro técnico, pdf, cafézinho com a referência da área, etc, etc.

Charles Darwin, em “A Origem das Espécies”, já diria que os seres vivos estão adequados ou não, nascem com as características necessárias para a sobrevivência ou não. De certa maneira, ou você nasceu talhado para exercer aquela função ou pode esquecer. São características inatas e aleatoriamente presentes nos seres, são inerentes aos indivíduos, para resumir, não podem ser adquiridas. Segundo essa lógica, então pra que ler tanto PDF? Não seria mais fácil assumir a inevitável derrota e nos resignar à situação em que estamos? Provavelmente. 

Mas sabe o que eu acho? Que a gente tem que se esforçar todos os dias para conquistar o que é nosso, o que é inerente a nós, o que faz parte da nossa natureza individual. Também acredito ser verdade que levamos anos, quem sabe décadas, para realizar todo o nosso potencial. Porque mesmo que o mercado naturalmente nos selecione conforme aquelas habilidades que nos são naturais - sob o termo “perfil” -, elas podem e devem ser potencializadas pela nossa ação. É tudo uma questão de escolha e estratégia, e isso sim tem a ver com competências aprendidas. Em outras palavras, sendo humano e capaz de me adequar ao meio, depende só de mim.

Ser quem a gente é dá trabalho; e tem que dar trabalho. Aquela insatisfação crônica, essa ansiedade que faz revirar as nossas vísceras e correr atrás o tempo todo, é a condição pra gente fazer aparecer, com muito trabalho aquelas características que, lá no fundo, já nos eram inerentes. Falo daquilo que é nosso, e que exige que cumpramos alguns critérios de experiência, maturidade e até um certa quilometragem de vida para ser habilitado, destravado, “enabled”.Como disse Paulo Leminski: “isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além”.

E tudo isso, na natureza ou nessa selva que é o mercado de trabalho, pode ser resumido à lei que o Charles Darwin já ficou rouco de tanto nos ensinar. Ou seja, lemos tantos PDFs, fazemos tantos cursos e desafiamos tanto as adversidades porque, no final das contas, o principal skill para a sobrevivência é uma fórmula muito universal e nada mágica: a simples busca pela adaptação.







Marianna Greca - publicitária por formação e coordena a frente de Formação Complementar do Centro Europeu, uma das principais escolas de profissões do mundo.



Aprovação a Jair Bolsonaro sobe, aponta pesquisa da Ipsos


Cresce também avaliação positiva de Sérgio Moro; Michel Temer é o mais desaprovado


Após o fim do segundo turno, a avaliação positiva à atuação do presidente eleito, Jair Bolsonaro, cresceu 17 pontos percentuais. No Barômetro Político Estadão-Ipsos, realizado em outubro, Bolsonaro era aprovado por 44% dos entrevistados. Na última edição, com entrevistas coletadas em novembro, o porcentual subiu para 61%. A desaprovação caiu de 52% para 30% no mesmo período.

Quem também passou a ser mais aprovado é Sérgio Moro. O ex-juiz federal aceitou o cargo de ministro da Justiça no governo Bolsonaro. De outubro para novembro, a avaliação positiva de Moro cresceu de 42% para 59%. No mesmo período, a desaprovação ao ex-juiz federal da lava Jato caiu de 44% para 31%.

“A melhora da imagem do presidente eleito e do agora Ministro Sergio Moro se dá pela natural retomada de otimismo com o resultado das eleições e pela nomeação do próprio Moro, ícone da agenda anticorrupção tão verbalizada por Bolsonaro e um dos fatores decisivos nas últimas eleições”, diz Danilo Cersosimo, diretor da Ipsos Public Affairs.

Com o fim da corrida presidencial, a aprovação a Fernando Haddad (PT), que era de 40% no mês da eleição, caiu para 31%. A desaprovação à atuação do ex-prefeito de São Paulo subiu de 55% para 62% de outubro para novembro. A avaliação a outros políticos tradicionais que foram candidatos à presidência no último pleito também variou negativamente no mesmo período. A desaprovação a Ciro Gomes foi de 62% para 65%; Geraldo Alckmin, de 70% para 74%; Marina Silva, de 73% para 74%. 

Nomes novos em disputas política viram seus índices de aprovação aumentar após o fim das eleições. De outubro para novembro, a desaprovação a Guilherme Boulos caiu de 56% para 52%; Cabo Daciolo, de 56% a 46%, e João Amoedo, de 53% para 42%.

A Ipsos entrevistou 1.200 pessoas de 3 a 14 de novembro de 2018 em 72 cidades brasileiras das cinco regiões do país. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais.





Ipsos
Ipsos Brasil - New, Fresh & Digital https://youtu.be/AWD_nwkXrpM
Ipsos Brasil – Diferenciais https://youtu.be/gSWOO5KunKI
Ipsos Brasil – Curiosidade https://youtu.be/eEm9dve420s


Salário mínimo em 2019


As Centrais Sindicais organizaram as Marchas da Classe Trabalhadora, a partir de 2004, estimulando todo o movimento sindical para lutas por várias questões, entre elas, a implantação de uma política de valorização do salário mínimo. Na negociação com o governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, firmou-se um acordo que, em 2011, foi transformado em lei. A Constituição de 1988 define que o salário mínimo pago ao trabalhador deve ser “fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”.

Atualmente, o valor do salário mínimo é de R$ 954,00. Seguindo o critério de reajuste definido em lei, em 1º de janeiro de 2019, o salário mínimo deverá ter um reajuste correspondente à variação da inflação de 2018 e um aumento real medido pela variação do PIB (Produto Interno Bruto) de 2017 (1%). O valor deverá ficar próximo de R$ 1.000,00.          

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) estima que o salário mínimo necessário para atender às necessidades definidas pela Constituição, para uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças), seria atualmente próximo a R$ 3.800,00, quase quatro vezes o valor atual. Isso evidencia que será fundamental manter e fortalecer a política de valorização do salário mínimo a partir de 2019, uma das atribuições do governo eleito.

Para se ter uma ideia da importância da política de valorização, em abril de 2002, o valor do salário mínimo era de R$ 200,00. Até 2018, o salário mínimo teve aumento real de 76,57%. Se esse aumento real não tivesse ocorrido, o salário mínimo, em janeiro de 2018, seria de R$ 540,00, o que deixa claro que as medidas determinadas pela política complementaram essa remuneração em R$ 414,00. Para um trabalhador que ganha salário mínimo, esse aumento real adicionou cerca de R$ 5.400,00 à renda anual, elevando-a para R$ 12.400,00. Sem isso, o rendimento seria de aproximadamente R$ 7.000,00. Se o salário mínimo necessário calculado pelo Dieese estivesse em vigor (R$ 3.800,00), a renda familiar anual seria de R$ 50 mil reais!

O salário mínimo tem impacto direto na vida de mais de 48 milhões de trabalhadores ativos e beneficiários da previdência social, além de ser referência para políticas sociais.

Vale lembrar ainda que, em 2017 e 2018, o reajuste foi menor do que deveria ser (0,35%). Assim, nesse momento, faltam R$ 4,00 à remuneração, valor que deveria ser incorporado ao salário mínimo a partir de 1 de janeiro de 2019.

Considerando as manifestações da equipe do novo governo, manter a continuidade da política de valorização do salário mínimo para os próximos quatro anos será um grande desafio.







Clemente Ganz Lúcio - sociólogo, diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).



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