As
Centrais Sindicais organizaram as Marchas da Classe Trabalhadora, a partir de
2004, estimulando todo o movimento sindical para lutas por várias questões,
entre elas, a implantação de uma política de valorização do salário mínimo. Na
negociação com o governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, firmou-se
um acordo que, em 2011, foi transformado em lei. A Constituição de 1988 define
que o salário mínimo pago ao trabalhador deve ser “fixado em lei, nacionalmente
unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua
família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o
poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”.
Atualmente,
o valor do salário mínimo é de R$ 954,00. Seguindo o critério de reajuste
definido em lei, em 1º de janeiro de 2019, o salário mínimo deverá ter um
reajuste correspondente à variação da inflação de 2018 e um aumento real medido
pela variação do PIB (Produto Interno Bruto) de 2017 (1%). O valor deverá ficar
próximo de R$
1.000,00.
O
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)
estima que o salário mínimo necessário para atender às necessidades definidas
pela Constituição, para uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas
crianças), seria atualmente próximo a R$ 3.800,00, quase quatro vezes o valor atual.
Isso evidencia que será fundamental manter e fortalecer a política de
valorização do salário mínimo a partir de 2019, uma das atribuições do governo
eleito.
Para
se ter uma ideia da importância da política de valorização, em abril de 2002, o
valor do salário mínimo era de R$ 200,00. Até 2018, o salário mínimo teve
aumento real de 76,57%. Se esse aumento real não tivesse ocorrido, o salário
mínimo, em janeiro de 2018, seria de R$ 540,00, o que deixa claro que as
medidas determinadas pela política complementaram essa remuneração em R$
414,00. Para um trabalhador que ganha salário mínimo, esse aumento real
adicionou cerca de R$ 5.400,00 à renda anual, elevando-a para R$ 12.400,00. Sem
isso, o rendimento seria de aproximadamente R$ 7.000,00. Se o salário mínimo
necessário calculado pelo Dieese estivesse em vigor (R$ 3.800,00), a renda
familiar anual seria de R$ 50 mil reais!
O
salário mínimo tem impacto direto na vida de mais de 48 milhões de
trabalhadores ativos e beneficiários da previdência social, além de ser
referência para políticas sociais.
Vale
lembrar ainda que, em 2017 e 2018, o reajuste foi menor do que deveria ser
(0,35%). Assim, nesse momento, faltam R$ 4,00 à remuneração, valor que deveria
ser incorporado ao salário mínimo a partir de 1 de janeiro de 2019.
Considerando
as manifestações da equipe do novo governo, manter a continuidade da política
de valorização do salário mínimo para os próximos quatro anos será um grande
desafio.
Clemente Ganz Lúcio - sociólogo, diretor-técnico do
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e
membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
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