Especialistas alertam
para risco de retorno de doenças infectocontagiosas e Sabará Hospital Infantil
intensifica ações de prevenção e alerta para riscos
De acordo com o Anuário VacinaBR 2025, elaborado pelo Instituto
Questão de Ciência (IQC), com apoio da Sociedade Brasileira de Imunizações
(SBIm) e parceria do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o número
de crianças vacinadas no Brasil ainda não voltou aos índices registrados antes
da pandemia.
Entre os fatores que explicam essa estagnação estão a persistência
das fake news sobre vacinas e a baixa percepção de risco por parte dos pais, já
que muitas doenças infectocontagiosas estão controladas há décadas graças à
vacinação.
“Boa parte da população desconhece os riscos e as sequelas de
doenças como a poliomielite e, por isso, acredita que elas não podem mais
voltar. Mas essa é uma falsa sensação de segurança — o risco de reintrodução
dessas doenças já é real”, alerta o Prof. Dr. Marco Aurélio Sáfadi -
Infectologista e Pediatra do Sabará Hospital Infantil, Diretor do Departamento
de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de SP e Presidente
do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
O sarampo é um exemplo preocupante: a redução na cobertura vacinal
contribuiu para o retorno da doença em várias partes do mundo, inclusive aqui
no Brasil. Um total de 7.132 casos confirmados de sarampo e 13 mortes foram
relatados na Região das Américas até meados de junho de 2025, de acordo com a
última atualização epidemiológica da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Isso representa um preocupante aumento de 29 vezes em comparação com os 244
casos relatados no mesmo período de 2024. Nove países da região relataram casos
em 2025, com o Canadá (3.170 casos, 1 morte), México (2.597 casos, 9 mortes) e
Estados Unidos (1.227 casos, 3 mortes), respondendo pela maioria. O Brasil,
neste mesmo período, confirmou cinco casos de sarampo: um no Distrito Federal,
dois no Rio de Janeiro, um em São Paulo e um no Rio Grande do Sul. No Rio de
Janeiro, os dois casos foram em bebês menores de 8 meses, que ainda não tinham
sido vacinados. Os outros casos ocorreram em adultos, de 31 a 50 anos de idade,
dois deles após viagens para o exterior. Os testes genéticos mostraram que os
vírus detectados são semelhantes a cepas circulantes em diversos países,
incluindo os Estados Unidos, Europa e Ásia.
Com o período de férias escolares e o aumento das viagens
nacionais e internacionais, o alerta é redobrado. Diante do atual cenário
epidemiológico global, cresce o risco de exposição ao vírus do sarampo,
especialmente entre as crianças não vacinadas.
“Uma em cada cinco crianças que contraem sarampo pode precisar de
hospitalização. Em bebês menores de 1 ano, o risco pode ser ainda maior,
especialmente se forem desnutridos ou não vacinados. É uma doença altamente
contagiosa, que pode levar a complicações graves como pneumonia, diarreia,
encefalite e em determinadas situações até mesmo à morte”, afirma Dr. Marco
Aurélio.
Como parte das ações de prevenção e preparo para possíveis casos,
o Sabará Hospital Infantil realizou um simulado no Pronto-Socorro com foco na
melhoria do fluxo de atendimento a doenças infectocontagiosas. “Reforçamos a
importância da identificação rápida dos casos, do isolamento adequado e do
cuidado seguro. Também capacitamos nossas equipes para garantir mais proteção
aos pacientes, seus responsáveis e aos profissionais de saúde”, afirma Dr.
Thales Araújo – Gerente do PS e Centro de Excelência do Sabará Hospital
Infantil.
A atualização da carteira de vacinação é essencial. Além disso,
respeitar o intervalo entre as doses é fundamental para garantir a eficácia da
imunização. A recomendação atual no estado de São Paulo é que seja feita uma
dose de vacina contra o sarampo já a partir dos 6 meses. Além desta dose aos 6
meses, indicada neste momento de retorno de casos de sarampo no país para
antecipar a proteção aos bebês, todas as crianças necessitam receber duas doses
da vacina após completar 1 ano de idade, com intervalo mínimo de 1 mês entre
estas doses. Com esse esquema conseguimos oferecer uma excelente proteção, com
redução significativa do risco de ocorrência do sarampo caso a pessoa seja
exposta ao vírus, explica o Dr. Marco Aurélio.
A boa notícia é que, no segundo semestre, houve avanço na
cobertura vacinal infantil, com aumento nas aplicações de vacinas contra
sarampo, febre amarela, poliomielite, meningite e a pentavalente. “É
fundamental manter a carteira de vacinação atualizada. Como as vacinas levam um
tempo para garantir proteção total, é importante se vacinar com antecedência —
por exemplo, a tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola,
deve ser aplicada pelo menos 15 dias antes de uma viagem”, reforça o
especialista.
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