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quarta-feira, 2 de julho de 2025

Suriname vence a Malária: o Brasil vai ficar para trás?

Foto: Prefeitura de Caraguatatuba. 
País vizinho elimina a doença e mostra que o caminho para o fim da malária passa por acesso, prevenção e compromisso político. Uma lição urgente para o Brasil.

 

Enquanto o mundo acompanha avanços em inteligência artificial, terapias genéticas e medicina personalizada, uma velha conhecida da humanidade segue fazendo milhares de vítimas todos os anos: a Malária. Só no Brasil, foram mais de 130 mil casos em 2022. Uma doença que tem cura, tem prevenção, tem tratamento, mas que ainda não tem fim.

Por isso, o anúncio feito no final de junho pela Organização Mundial da Saúde (OMS) chamou tanta atenção: o Suriname, pequeno país encravado na Amazônia, foi declarado livre da Malária. Um feito histórico. É o primeiro país da região a conseguir esse reconhecimento. E o mais importante: fez isso apesar das mesmas dificuldades que enfrentamos por aqui: floresta densa, comunidades isoladas, fronteiras ativas e desigualdade social.


O que é a Malária, afinal?

Apesar de conhecida, a malária ainda é cercada de desinformação. Trata-se de uma doença infecciosa transmitida por um mosquito específico, o Anopheles, que se prolifera em áreas com água parada e vegetação. Ao picar uma pessoa infectada, o mosquito se torna vetor do parasita e pode transmitir a doença a outras pessoas.

Os sintomas mais comuns são febre alta, calafrios, suor intenso, dor de cabeça e muito cansaço. Sem tratamento, a doença pode evoluir e causar complicações graves no fígado, rins, pulmões e até no cérebro.


Quem mais sofre?

No Brasil, a malária atinge principalmente a região Norte — Amazonas, Acre, Rondônia e Pará. Os mais afetados são os que vivem mais longe do sistema de saúde: populações indígenas, ribeirinhas e trabalhadores de áreas de garimpo. Nesses locais, muitas vezes não há médicos por perto, nem postos de saúde. O diagnóstico e o tratamento demoram a chegar, o que eleva o risco de complicações e de transmissão.


Tem cura? Tem prevenção?

Sim, e ambas são acessíveis. A malária tem cura, com tratamento gratuito oferecido pelo SUS. O diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações.
Entre as formas de prevenção estão o uso de mosquiteiros, roupas protetoras, repelentes e a eliminação de criadouros ao redor das casas. Campanhas educativas e medidas comunitárias são decisivas nas áreas de risco.


Por que o Suriname conseguiu?

O Suriname apostou no essencial: acesso, prevenção e informação. O país descentralizou o atendimento, levou testes rápidos às áreas mais remotas, capacitou profissionais locais e envolveu as comunidades no combate à doença. Mesmo com a queda no número de casos, o monitoramento continuou firme, estratégia fundamental para evitar novas ondas de transmissão.


“Eliminar a malária exige constância. Não basta agir durante os surtos; é preciso vigilância contínua”, explica a infectologista Dra. Carolina Larocca, professora do InfectoCast.


Foram mais de 20 anos de políticas públicas consistentes e planejamento nacional. O resultado veio agora: o reconhecimento da OMS e, mais importante, a proteção da população.


E o Brasil?

Temos recursos, profissionais e o SUS. Mas ainda enfrentamos barreiras como o desmatamento, o avanço do garimpo ilegal, a precariedade da atenção básica em regiões isoladas e os cortes no orçamento da saúde.


“A malária no Brasil persiste não por falta de tecnologia, mas por falta de prioridade. É uma doença que atinge quem já vive à margem — e, por isso, segue invisível para muitos”, destaca a Dra. Carolina Larocca.


O que podemos aprender?

A lição do Suriname é clara: dá para vencer a malária, mesmo com poucos recursos e grandes desafios. O que faz a diferença é a decisão de agir. Com planejamento, ciência e compromisso social, a doença pode deixar de fazer parte da realidade de milhões de brasileiros. Até lá, é preciso manter o tema vivo. Porque a informação também salva vidas. E a mudança começa quando entendemos o problema, e não aceitamos mais conviver com ele.


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