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| Imagem ilustrativa. |
Instituído através da lei 13.802/2019, Julho Amarelo é o período
dedicado à conscientização e prevenção das hepatites virais que no Brasil são
classificadas como A, B, C, D e E. Conforme dados do Ministério da Saúde, essas
infecções são consideradas um problema de saúde pública por conta do percentual
de pessoas infectadas e por causar consequências à saúde das pessoas, já que
algumas delas, como é o caso da hepatite B, pode levar ao acometimento de
doenças graves como cirrose e câncer no fígado.
O Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, da Universidade
Federal do Espírito Santo (Hucam-Ufes), administrado pela Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares (Ebserh), disponibiliza, através dos serviços de
infectologia e hepatologia, tratamento para hepatites virais e as doenças
decorridas pelas infecções. Além disso, por meio do Centro de Infectologia o
Hucam-Ufes desenvolve estudos, particularmente sobre a hepatite B.
As pesquisas são necessárias para compor frentes voltadas para o
cuidado das pessoas com essas infecções. “Temos dois estudos, um que monitora
as pessoas que não precisam de indicação de tratamento e outro que monitora
pessoas que interrompem o tratamento. O objetivo é fazer esse acompanhamento e
entender como funciona a infecção por hepatite B no organismo das pessoas”,
explica Rúbia Miossi, infectologista e pesquisadora do Hucam-Ufes. Uma terceira
investigação em curso tem como meta desenvolver medicamento para curar a
infecção por hepatite B, assim como já acontece com a hepatite C. “O estudo
está em andamento. Entramos numa terceira fase para saber se o medicamento de
teste de fato funcionou ou não para a cura da hepatite B. Então, é importante
lembrar que já evoluímos muito, pois através de pesquisas como esta que foram
desenvolvidas medicações capazes de levar a cura de todos pacientes do vírus
C”, destaca Rúbia.
Rúbia Miossi, enfatiza também que a hepatite B é um tipo de
infecção sexualmente transmissível (IST), e assim como as demais IST’s, apesar
do volume de informações disponíveis para população, as pessoas resistem em
fazer uso do preservativo durante as relações sexuais. “As pessoas não têm o
habito de utilizar o preservativo e, o avanço das IST’s prova isso, não só a
hepatite B, mas infecções como sífilis e HIV. A falta deste hábito deixa essas
pessoas expostas a essas infecções”, pontuou a médica.
Outro recurso de prevenção negligenciado é a vacina, que no caso
da hepatite B está disponível, gratuitamente, através do Sistema Único de Saúde
(SUS). “Existem adultos que nunca foram vacinados para o vírus da hepatite B,
que não estão imunes e que nem sabem que precisam se vacinar. Apesar de haver
um calendário de vacinas para adultos, existe também uma desinformação sobre as
vacinas do adulto. De um modo geral, toda pessoa tem indicação de fazer a
vacinação da hepatite B, independente de idade”, alerta a especialista.
Acesso aos serviços do Hucam-Ufes
Para acessar os serviços de tratamento e acompanhamento no
Hucam-Ufes é necessário que o usuário seja encaminhado através da regulação
estadual da secretaria de saúde. Através do serviço de infectologia, o hospital
universitário conta com recursos necessários para avaliação do paciente como de
exames de imagem para acompanhar a evolução da infecção viral e evitar
agravamento da infecção. Pessoas em estágios mais avançados e que já
desenvolveram cirrose ou câncer de fígado são encaminhadas para tratamento no
serviço de hepatologia.
Sistema Único de Saúde
O diagnóstico e o tratamento das hepatites virais são assegurados
pelo SUS. Os medicamentos são administrados por via oral, com prescrição
especializada. Os diagnósticos são feitos por testes rápidos, sorológicos, e a
infecção é confirmada por exames de biologia molecular. Fazer testes com
frequência é fundamental para identificação precoce e intervenção eficaz. O SUS
também garante a vacinação desde a infância contra as hepatites A e B,
essenciais para prevenção.
Sobre as hepatites virais
- Hepatite A: Transmitido por contaminação fecal/oral e por consumo de
água e alimentos contaminados. É mais frequente em locais com condições
precárias de higiene e saneamento. Atualmente, tem-se observado o aumento
do número de casos de hepatite A em homens que fazem sexo com homens
(HSH). Muitos casos são assintomáticos e podem ser diagnosticados apenas
por exames de rotina. Os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente
após alguns dias, mas casos mais graves podem manifestar febre alta, dor
abdominal intensa, vômitos e pele amarelada.
- Hepatite B: É transmitida por fluidos corporais ou sangue contaminados,
podendo ocorrer durante o parto de uma mãe infectada para o bebê, por
contato sexual ou pelo compartilhamento de agulhas e outros materiais
contaminados. Na maioria dos casos adquiridos na idade adulta, a infecção
aguda resolve-se espontaneamente após a exposição. Mas, quando transmitida
verticalmente ou na infância, há um alto risco de desenvolver hepatite
crônica. Por isso, é necessário fazer a testagem sorológica durante o
pré-natal para identificar casos de infecção materna. Em adultos, entre
20% e 30% dos casos crônicos podem progredir para cirrose e/ou câncer de
fígado. Atualmente, os tratamentos disponíveis não curam a infecção, mas
podem retardar a progressão da cirrose, diminuir a incidência de câncer
hepático e melhorar a qualidade de vida a longo prazo.
- Hepatite C: Uma das principais causas de transplante de fígado
globalmente, a hepatite C atinge cinco vezes mais pessoas que o HIV/Aids.
É transmitida, sobretudo, pelo contato com sangue contaminado e por
relações sexuais desprotegidas. A maioria das pessoas infectadas não
apresenta sintomas. Não há vacina disponível e a prevenção inclui,
principalmente, o não compartilhamento de agulhas e seringas e o sexo
seguro.
- Hepatite D: É uma infecção
secundária que ocorre apenas em pessoas que já têm hepatite B ou que
adquirem o vírus Delta concomitantemente ao vírus B. Não possui vacina
específica, mas a vacinação contra hepatite B previne a infecção por
Delta.
- Hepatite E: Transmitida
principalmente pelo consumo de água contaminada. É mais comum em áreas com
más condições de saneamento. Não há vacina disponível amplamente, mas
costuma ser uma doença aguda e autolimitada (de baixa gravidade e de breve
período de tempo).
Fonte: Rubia Miossi, pesquisadora e médica infectologista do Hucam-UFES;
Tania Reuter, pesquisadora e médica infectologista do Hucam-UFES.
Rede Ebserh
Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam-Ufes)

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