Especialista do CEJAM alerta para os
principais sinais e destaca a importância do diagnóstico precoce para evitar
complicações graves
A
notícia de que Lara, filha do cantor Júnior Lima com a modelo Mônica Benini,
foi diagnosticada com síndrome nefrótica acendeu o alerta sobre uma condição
rara e pouco conhecida, que pode afetar pessoas de todas as idades. A doença
compromete o funcionamento dos rins e exige diagnóstico e tratamento rápidos
para evitar complicações graves, como infecções, tromboses e até a necessidade
de hemodiálise.
Segundo
a Dra. Erika Fernandes Campos, nefrologista do Hospital Dia Campo Limpo,
gerenciado pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, em
parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP), a síndrome
nefrótica não é uma doença única, mas sim um conjunto de sinais e sintomas que
indicam que algo não vai bem com os rins. O quadro é marcado pela perda intensa
de proteínas pela urina, especialmente a albumina, o que provoca inchaços
generalizados, urina espumosa e, muitas vezes, aumento da pressão arterial.
Embora
não haja dados específicos sobre a prevalência no Brasil, segundo estimativas internacionais, a
síndrome nefrótica idiopática (de causa desconhecida) tem uma incidência anual
de aproximadamente 1 caso a cada 34 mil crianças, conforme dados do Orphanet -
portal europeu de doenças raras. Já em adultos, a incidência é de cerca de 3
novos casos por 100 mil habitantes, por ano, segundo o National Institutes of
Health (NIH), dos Estados Unidos.
“Embora rara, essa
condição pode causar impactos graves à saúde se não for tratada de forma
adequada. Por isso, é essencial que as pessoas fiquem atentas a sinais e
busquem atendimento médico imediatamente”, orienta Dra. Erika.
O
diagnóstico envolve exames de sangue e de urina, ultrassonografia e, em alguns
casos, biópsia renal. O distúrbio pode ser provocado por doenças primárias dos
rins ou estar relacionada a outras condições, como hepatites virais, sífilis, lúpus
ou diabetes. “A síndrome nefrótica pode ser a manifestação de uma doença que o
paciente ainda nem sabe que tem. Por isso, além de avaliar a função renal,
investigamos infecções e outras causas sistêmicas que podem estar por trás da
perda de proteína”, explica a médica.
A
perda de proteína na urina compromete o sistema imunológico e aumenta o risco
de infecções, como pneumonia e erisipela (infecção na pele). Também eleva o
risco de trombose e pode causar queda da função renal. “Quanto mais cedo tratamos,
maior a chance de evitar cicatrizes nos filtros renais e, com isso, preservar a
função dos rins. Já nos casos em que há demora, essas cicatrizes podem se
tornar permanentes, elevando o risco de hemodiálise no futuro”, alerta.
O
tratamento inclui medicamentos que reduzem a perda de proteína, como os
inibidores da ECA e os bloqueadores dos receptores da angiotensina. Quando a
síndrome é secundária a outra doença, como hepatite B ou sífilis, tratar a
causa principal pode resolver o quadro. Já nas doenças renais primárias, o
tratamento geralmente envolve imunossupressores. “Hoje, temos medicamentos mais
eficazes e com menos efeitos colaterais, que ajudam a preservar os rins. Mas,
mesmo quando há melhora, falamos em remissão e não em cura, porque há risco de
a doença voltar. Por isso, o acompanhamento com o nefrologista deve ser
contínuo e multidisciplinar”, destaca a especialista do CEJAM.
Esse
acompanhamento inclui ajustes na alimentação, com restrição de sódio, gordura e
proteínas em excesso, além do suporte de nutricionistas e outros profissionais.
Mesmo nos casos em que há remissão dos sintomas, o paciente deve seguir em
monitoramento por toda a vida.
“A informação é o primeiro passo para o diagnóstico precoce. Em doenças raras como a síndrome nefrótica, conscientizar a população sobre os sintomas é fundamental para garantir um tratamento eficaz e melhores desfechos”, reforça a nefrologista.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial
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