Hospitais brasileiros usam inteligência artificial
para interpretar padrões invisíveis em dados clínicos e antecipar sinais de
risco antes mesmo do aparecimento de sintomas, fortalecendo a triagem
oncológica e acelerando o cuidado com o paciente
A inteligência artificial (IA) tem revelado sua força como aliada na
oncologia, especialmente quando se trata de detectar sinais precoces e
silenciosos da doença. Novas soluções clínicas baseadas em IA vêm mostrando
resultados superiores aos métodos tradicionais de triagem, com capacidade de
identificar até nove em cada dez casos de câncer ainda em estágios iniciais. Os
modelos mais avançados já analisam informações que passam despercebidas no
fluxo assistencial convencional, transformando dados clínicos — estruturados e
não estruturados — em alertas clínicos acionáveis.
Estudos recentes ilustram esse avanço. Em maio de 2025, uma pesquisa
publicada na plataforma arXiv, da Cornell University,
apresentou resultados promissores com o uso de IA aplicada a exames de
micro-ultrassom para câncer de próstata, atingindo 92,5% de sensibilidade e 68%
de especificidade, superando as métricas de triagens tradicionais como o PSA e
o toque retal. Já outro estudo, também de 2025,
mostrou que redes neurais profundas aplicadas à histopatologia digital
alcançaram mais de 90% de precisão na identificação de padrões associados a
tumores mamários, mesmo em amostras desafiadoras.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer é uma das
doenças com maior índice de mortalidade no Brasil, com cerca de 698 óbitos por dia.
Em 2024, o país registrou aproximadamente 700 mil novos casos da doença.
No Brasil, uma das empresas que lidera essa transformação é a Neuralmed,
healthtech especializada em soluções de inteligência artificial aplicadas à
saúde. A empresa desenvolve modelos clínicos capazes de ler e interpretar
grandes volumes de dados – incluindo laudos, evoluções médicas e anotações em
prontuário – e transformá-los em indicadores de risco que apoiam médicos e
gestores em decisões clínicas mais rápidas e precisas.
“O diagnóstico oncológico deixou de depender exclusivamente da
manifestação de sintomas visíveis. Hoje, conseguimos identificar sinais
clínicos relevantes por meio de padrões discretos, captados por dados ao longo
da jornada do paciente”, explica o médico oncologista Guilherme Crespo,
advisory e membro do corpo técnico da Neuralmed.
Com sete anos de operação, a Neuralmed já impactou mais de sete milhões
de vidas e atende atualmente 19 instituições, entre elas hospitais e operadoras
como Mater Dei, Athena e Alliança. A tecnologia da empresa vem sendo utilizada
para prevenir agravamentos clínicos, acelerar linhas de cuidado e aumentar a
rentabilidade de unidades assistenciais.
Na Neuralmed, em um de seus projetos mais recentes, a leitura de dados
não estruturados permitiu identificar entre 2% e 4% da população atendida com
risco elevado para câncer, o que possibilitou intervenções antes da
manifestação dos primeiros sintomas. Em outro caso, a aplicação da tecnologia
reduziu de 28 para apenas 5 dias o tempo entre uma mamografia alterada e a
realização da biópsia. Já em um outro hospital parceiro, a IA foi fundamental
para eliminar uma fila de 60 dias para leitura de exames e incluir 36 pacientes
em linhas de cuidado oncológico. Ao mesmo tempo, a reclassificação de risco e a
melhor alocação de pacientes mais graves geraram aumento na receita da unidade.
No entanto, segundo Crespo, a simples identificação de risco não
garante, por si só, a efetividade clínica. “Só identificar o paciente às
vezes não é suficiente. A instituição precisa de ferramentas para agir. Por
isso, ter uma plataforma que permite a identificação precoce, que também
viabiliza o contato com o paciente, a entrada dele em linhas de cuidado e o
monitoramento de aquilo que é importante, está realmente sendo feito”,
destaca o oncologista.
Ele reforça que a continuidade do cuidado é tão importante quanto o
diagnóstico em si. “captar o paciente certo no momento certo e acompanhar se
ele está recebendo a atenção necessária, é o que de fato transforma a jornada
de saúde”, conclui.
Para Anthony Eigier, CEO e fundador da Neuralmed, o uso da IA precisa
ser compreendido como uma forma de ampliar o alcance clínico, sem comprometer a
responsabilidade médica. “Nossa proposta é colocar o paciente, e não o exame
ou a tecnologia, no centro da jornada. A IA entra para garantir mais agilidade,
precisão e eficiência em todas as etapas do cuidado, do diagnóstico à linha
terapêutica”, afirma.
Com investimentos crescentes em inovação e validação clínica, a Neuralmed
se posiciona entre as principais referências em inteligência artificial
aplicada à saúde no Brasil, promovendo uma nova era de diagnósticos mais
rápidos, tratamentos mais eficientes e decisões mais humanizadas.

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