CHRO da Redarbor Brasil explica como transformar choque de mentalidades em vantagem competitiva com ações práticas de RH
Imagine uma equipe em que cada pessoa segue regras diferentes para
jogar o mesmo jogo. É esse o cenário vivido por muitas empresas que hoje reúnem
quatro gerações no mesmo ambiente: dos Baby Boomers até a Geração Z, passando
por X e Millennials. E em breve, uma quinta geração começa a se aproximar do
mundo do trabalho: a Geração Alfa. A convivência entre diferentes perfis
etários já é um dos desafios mais complexos e, ao mesmo tempo, o mais estratégico
da gestão de pessoas hoje.
Ignorar esse contexto pode sair caro: produtividade, engajamento,
performance e até a retenção de talentos são impactados. “Temos pessoas que
cresceram jogando futebol de botão trabalhando ao lado de quem nasceu na era do
TikTok. As referências são diferentes, assim como as formas de se comunicar, de
se motivar, de entender o trabalho. E mesmo assim, essas pessoas precisam tomar
decisões juntas”, destaca Patrícia Suzuki, CHRO da Redarbor Brasil, grupo
detentor do Pandapé.
Um estudo da McKinsey mostra que a Geração Z já representa 25% da
força de trabalho global. Ainda assim, muitas empresas seguem tratando as
diferenças entre gerações como algo pontual. “Conflitos de comunicação e ruídos
na colaboração são comuns e, quando não são bem endereçados, afetam diretamente
os resultados”, explica a executiva.
Um dado chama atenção: um terço das empresas chega a gastar até
cinco horas semanais só para resolver conflitos geracionais. “É um desperdício
de energia e tempo que poderia ser evitado com políticas estruturadas”, pontua.
Para Patrícia, a tecnologia, especialmente a inteligência
artificial, pode ajudar a lidar com essas diferenças de forma mais estratégica.
“A IA evidencia algumas disparidades entre gerações, sim. Mas, se bem usada,
pode ajudar a conectá-las. Com dados, conseguimos entender melhor os perfis,
mapear habilidades e montar equipes complementares, independentemente da idade.
Isso é inclusão geracional na prática.”
Harmonizar vai além de mediar
O papel do RH, segundo Patrícia, é ir além da mediação de
conflitos. “É preciso agir com intenção. Reconhecer que as gerações são
diferentes e, a partir disso, criar práticas que estimulem o aprendizado
mútuo.”
Ela reforça que as diferenças não devem ser tratadas como “problemas”,
mas como oportunidades. “A inovação nasce justamente do encontro entre pontos
de vista distintos. Mas isso só acontece quando existe um ambiente seguro, onde
todos se sentem à vontade para contribuir.”
Patrícia alerta para um erro comum: adiar essa discussão ou
tratá-la como algo que pode ser resolvido com um único treinamento. “Essa é uma
pauta estrutural. As gerações Alfa e Beta já estão a caminho. Se ainda estamos
tentando entender como lidar com a Z, é sinal de que precisamos acelerar.”
E conclui: “Essa não é uma questão de estilo ou de afinidade. É um
tema de negócio, de performance e de cultura. Ou aprendemos a colaborar com
outras gerações, ou comprometemos o futuro da organização.”
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