Tema ganhou
destaque nas redes sociais, mas nem tudo o que vemos é verdade
Nos últimos meses, as redes sociais estão repletas de conteúdos sobre lipedema. A doença, que até poucos anos era desconhecida do grande público, ganhou os holofotes e não faltam ‘profissionais’ vendendo dietas milagrosas e produtos específicos para quem sofre dessa condição, caracterizada pelo aumento do tecido adiposo subcutâneo nas pernas ou braços. "O que mais preocupa é o número crescente de mulheres se autodiagnosticando com base em vídeos e posts e adotando ‘tratamentos’ sem consultar um especialista", alerta o nutricionista funcional e esportivo Diogo Cirico, responsável técnico pela Growth Supplements.
Segundo Cirico, somente um médico pode diagnosticar corretamente o lipedema, diferenciando-o de outras condições como obesidade comum ou linfedema. Sintomas como dor, sensibilidade nas pernas e redução da qualidade de vida podem indicar a presença da doença, mas o diagnóstico preciso requer avaliação médica especializada. "Nas redes sociais, vemos muita romantização do lipedema e pouca informação sobre a necessidade de mudanças efetivas no estilo de vida. O tratamento exige comprometimento com uma alimentação adequada e exercícios regulares, não existe solução mágica”, afirma.
Esse desencontro de informações ocorre também porque o lipedema é insuficientemente documentado na literatura médica e raramente é reconhecido por clínicos gerais, o que contribui para o cenário de desinformação e autodiagnósticos equivocados.
Lipedema é condição difícil de ser diagnosticada e ainda pouco estudada
O nutricionista detalha cinco fatos sobre a
condição que não são abordados corretamente nas redes sociais, mas que fazem
toda diferença para entender e tratar a doença.
1. Não existe alimento ou dieta milagrosa contra a inflamação
Contrariando
o que muitos influenciadores propagam, não há um superalimento capaz de
resolver o problema inflamatório do lipedema. "A redução da inflamação
vem de um conjunto de hábitos saudáveis, não de um único alimento",
explica Cirico.
A recomendação é uma alimentação baseada em
alimentos in natura e minimamente processados, incluindo cereais integrais,
legumes, frutas, verduras, carnes magras, frango, peixe e laticínios. Deve-se
evitar ao máximo o consumo de alimentos industrializados.
2. É necessário reduzir o
percentual de gordura corporal
Diferente
do que muitas pacientes gostariam de ouvir, o controle do peso é essencial no
tratamento. "Portadores de lipedema podem ter vida normal, porém precisam mudar
hábitos, adotar um estilo de vida saudável e controlar o percentual de gordura
para garantirem boa qualidade de vida", afirma o
nutricionista.
A redução de peso é uma necessidade clínica para o
controle da condição, já que o excesso de tecido adiposo contribui para a
inflamação e piora os sintomas.
3. Combine musculação com
aeróbico para controlar a inflamação
"A prática regular de
exercícios de força, como musculação, combinados com exercícios de resistência,
como corrida ou pedal, são o ideal para portadores de lipedema", destaca
Cirico. Isso acontece porque os exercícios de força atuam no controle da
inflamação e na manutenção da massa magra, enquanto os aeróbicos estimulam o
consumo de gorduras como fonte de energia.
4. Dietas low carb apresentam
melhores resultados
Embora existam várias abordagens alimentares
possíveis, as pesquisas científicas apontam para benefícios específicos das
dietas low carb no tratamento do lipedema, seja na redução de peso ou no tratamento
da dor. Outras opções, como jejum intermitente ou dieta cetogênica, também
podem ser consideradas, mas sempre sob orientação profissional.
5. Quem tem lipedema precisa de
uma quantidade maior de água
Um aspecto frequentemente negligenciado é a
importância da hidratação. "Você deve beber de 35 a 50ml de água para
cada kg de peso ao dia, uma média superior à orientação indicada para pessoas
saudáveis", orienta Cirico. A hidratação adequada é
essencial para o bom funcionamento do sistema circulatório e linfático, ambos
comprometidos no lipedema.
Como é o tratamento
O lipedema é uma doença cuja origem não é totalmente compreendida, mas sabe-se que fatores genéticos, endócrinos, linfáticos, vasculares e inflamatórios estão envolvidos.
Apesar de não ter cura, os tratamentos atuais
aliviam os sintomas e previnem a progressão da doença. “O
tratamento inclui drenagem linfática manual, vestimentas compressivas,
exercícios, fisioterapia, controle de peso, terapia psicossocial e educação
sobre autogerenciamento”, completa Cirico.
Dicas do nutricionista
para pacientes com lipedema
Preferir gorduras insaturadas (peixes, castanhas, abacate, óleos de girassol, canola e oliva);
Limitar gorduras saturadas (carne, manteiga) e
evitar as trans (ultraprocessados);
Reduzir o consumo de sódio a 5g por dia;
Limitar o açúcar a 10% do total de calorias
diárias;
Aumentar o consumo de grãos inteiros, vegetais,
frutas e leguminosas;
Diagnóstico profissional é imprescindível.


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