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sábado, 15 de março de 2025

Abuso Psicológico: Como reconhecer, sair dessa situação e retomar o controle

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Fatores culturais, sociais e históricos contribuem para a normalização de comportamentos abusivos
 

 

O abuso psicológico é uma forma de violência silenciosa que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge milhões de mulheres em todo o mundo. Apesar de não deixar marcas físicas, as consequências emocionais podem ser devastadoras, impactando a autoestima, a saúde mental e a capacidade de estabelecer relacionamentos saudáveis. 

Em entrevista exclusiva, o psicoterapeuta Luti Christóforo, especialista em saúde mental e violência de gênero, explica como identificar sinais de abuso e quais caminhos buscar para sair dessa situação.

 

O que é abuso psicológico? 

De acordo com a OMS (Relatório Global sobre Violência Contra a Mulher, 2022), o abuso psicológico consiste em comportamentos repetitivos de manipulação, humilhação e controle, que têm o objetivo de minar a identidade e a autoconfiança da vítima. Esses comportamentos podem incluir:

•Isolamento: afastar a vítima de amigos e familiares;

•Desvalorização: ridicularizar, insultar ou menosprezar sentimentos e opiniões;

•Controle financeiro: reter recursos ou criar dependência econômica;

•Ameaças: fazer chantagens emocionais ou prometer consequências negativas caso a vítima não se submeta. 

“O abuso psicológico é muitas vezes difícil de detectar, tanto para quem o sofre quanto para as pessoas ao redor, pois não deixa marcas visíveis. As cicatrizes são internas e podem evoluir para depressão, ansiedade e até pensamentos suicidas.” — Luti Christóforo

 

Sinais de alerta 

Conforme explica o psicólogo, algumas atitudes podem indicar que você ou alguém próximo esteja passando por abuso psicológico:

 

1. Sentimento constante de culpa ou obrigação 

A vítima sente-se culpada por tudo que acontece de errado no relacionamento e acredita que deve se responsabilizar pelas emoções e comportamentos do parceiro abusivo.

 

2. Medo de expressar opiniões ou desejos

A pessoa evita dar opiniões ou falar sobre o que pensa por temer reações negativas, críticas agressivas ou punições emocionais.

 

3. Baixa autoestima crescente 

Com o tempo, comentários depreciativos e manipulação constante fazem a vítima acreditar que “não é boa o suficiente” ou “não merece coisa melhor.”

 

4. Dependência emocional 

O agressor cria uma dinâmica de incerteza e instabilidade que leva a vítima a acreditar que só pode contar com ele, aprofundando o ciclo de abuso.

 

5. Mudança drástica de comportamento 

A pessoa passa a se isolar, recusa convites de amigos e familiares, aparenta tristeza ou irritabilidade constantes e evita falar sobre a relação.

 

Por que o abuso psicológico é tão comum entre mulheres? 

De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2023), grande parte dos casos de violência contra a mulher inclui elementos de abuso psicológico.


Luti Christóforo explica que fatores culturais, sociais e históricos contribuem para a normalização de comportamentos abusivos:

“Há uma construção social que reforça a submissão feminina e a dominação masculina, o que facilita o surgimento de relacionamentos tóxicos. Muitas mulheres demoram a reconhecer o abuso porque, para elas, certas atitudes já foram naturalizadas como ‘ciúme normal’ ou ‘preocupação legítima do parceiro’.”

 

Como sair desse tipo de situação?

 

1. Rompa o silêncio 

Buscar ajuda de pessoas de confiança, amigos, familiares ou grupos de apoio é o primeiro passo para interromper o ciclo de violência.

 

2. Procure aconselhamento profissional 

A psicoterapia pode ajudar a vítima a resgatar a autoestima e traçar um plano de ação para superar a dependência emocional.

 

3. Denuncie 

No Brasil, o número 180 é o canal de denúncia de violência contra a mulher, oferecendo orientações e encaminhamentos. Em casos de risco imediato, ligue para o 190 (Polícia Militar).

 

4. Fortaleça redes de apoio 

Conversar com outras mulheres, participar de grupos comunitários e ONGs ligadas à proteção feminina pode ajudar a vítima a perceber que não está sozinha.

 

Depoimento de Luti Christóforo 

Segundo o Psicólogo, o processo de libertação pode ser longo, mas é essencial entender que o abuso não é culpa da vítima: 

“Quem sofre abuso psicológico muitas vezes se culpa por permitir que a situação chegue a certo ponto. Mas é importante ter em mente que toda relação abusiva é baseada em manipulação e desequilíbrio de poder. Com apoio adequado, é possível reestruturar a vida e reencontrar a liberdade pessoal.”

 

Onde encontrar ajuda 

Canais de denúncia e apoio:

•Central de Atendimento à Mulher – Disque 180: Canal nacional de denúncia e orientação.

•Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs): Presentes em diversas cidades brasileiras.

•CRAS e CREAS: Centros de Referência em Assistência Social oferecem suporte jurídico e psicológico.

•Instituições e ONGs: Diversas organizações atuam na defesa dos direitos das mulheres, oferecendo suporte emocional e legal.

 

Você não está sozinha! 

Esta matéria foi produzida em alusão ao Mês da Mulher, com o objetivo de conscientizar e incentivar vítimas de abuso psicológico a buscarem ajuda. Se você se identificou com alguma das situações descritas, saiba que há saída. Profissionais capacitados e redes de apoio estão prontos para ajudá-la a recuperar sua vida e sua liberdade. 




Luti Christóforo - Psicólogo clínico com especialização em psicologia analítica
@luti_psicologo
lutipsicologo@gmail.com


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