Especialista alerta para a urgência de medidas
preventivas para enfrentar o cenário alarmante, especialmente nas regiões Sul e
Sudeste, que concentram 70% dos casos no Brasil.
O mês de dezembro é dedicado à conscientização sobre o câncer de
pele, uma oportunidade fundamental para a sociedade refletir sobre os hábitos
de exposição ao sol e os cuidados necessários para prevenir essa doença. De
acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pele é o tipo de
tumor mais frequente no Brasil, representando 25% dos diagnósticos de câncer no
país. “O Brasil tem um dos maiores índices de câncer de pele no mundo, e as
altas taxas de incidência estão diretamente ligadas à exposição solar intensa e
contínua ao longo da vida”, explica o oncologista Dr. Yuri Beckedorff
Bittencourt, do Hospital Santa Catarina – Paulista.
Os dados do INCA mostram que as regiões Sul e Sudeste do país
concentram 70% da totalidade dos casos, em grande parte devido à genética de
uma população com pele mais clara, o que aumenta a vulnerabilidade aos danos
causados pela radiação ultravioleta (UV). “As pessoas com pele clara, além da
exposição solar crônica, estão mais propensas a desenvolver o câncer de pele.
Isso ocorre porque possuem menos melanina, o pigmento que ajuda a proteger a pele
dos danos causados pelos raios UV”, destaca o especialista.
Fatores de risco e como a conscientização pode ajudar
O principal fator de risco para o câncer de pele continua
sendo a radiação UV, tanto do sol quanto de fontes artificiais como câmaras de
bronzeamento. Além disso, a exposição a queimaduras solares, principalmente na
infância, e a predisposição genética, aumentam o risco de desenvolvimento da
doença. “A combinação da exposição solar intensa e a falta de proteção durante
a infância, quando a pele é mais vulnerável, contribui para o aumento do câncer
de pele em adultos”, alerta o oncologista.
Ele explica que outros fatores como a presença de lesões
pré-cancerosas, histórico familiar de câncer de pele, uso de medicamentos
imunossupressores e a exposição a produtos químicos também estão entre as
causas que podem aumentar a probabilidade de desenvolvimento do tumor. “A
conscientização sobre esses fatores é a chave para prevenir o câncer de pele. A
adoção de medidas simples, como o uso de protetor solar, chapéus, óculos
escuros e roupas adequadas, pode reduzir significativamente o risco”, afirma.
Sinais precoces e diagnóstico
A detecção precoce é fundamental para o sucesso do
tratamento, por isso deve ser prevenida o ano todo. Segundo o oncologista, a
realização de autoexames regulares e a observação atenta das alterações na pele
podem salvar vidas. “O câncer de pele não apresenta sintomas dolorosos nas
fases iniciais, mas é possível identificar sinais, como manchas ou pintas que
mudam de cor, forma ou tamanho. Lesões que não cicatrizam ou que sangram com
frequência também devem ser avaliadas por um especialista”, recomenda o médico.
Além disso, Dr. Yuri reforça a importância da consulta regular com
dermatologistas, profissionais capacitados para identificar lesões suspeitas e
indicar os exames necessários para diagnóstico definitivo, como a biópsia. “A
avaliação feita por um dermatologista qualificado é essencial. Não podemos
esperar que as lesões desapareçam sozinhas ou que os sinais desapareçam, pois
isso pode significar que o tumor está avançando”, alerta o especialista, que
também explica que exames de imagens também devem ser pedidos pelo médico, ao
encontrar algo que sugira investigação.
Tratamentos modernos: da cirurgia à imunoterapia
Quando se trata de câncer de pele, a cirurgia
continua sendo a abordagem mais comum e eficaz, mas as opções de tratamento
evoluíram consideravelmente nos últimos anos. De acordo com o oncologista, para
tumores superficiais, técnicas como curetagem, criocirurgia e excisão com
margens de segurança são eficazes. Contudo, a cirurgia micrográfica de Mohs é
indicada para casos mais complexos, como aqueles localizados em áreas delicadas,
como o rosto. “A técnica de Mohs permite a remoção do tumor em camadas, o que garante
a preservação de tecido saudável e reduz o risco de recorrência”, explica Dr.
Yuri.
Além da cirurgia, terapias inovadoras como imunoterapia e
terapias-alvo também têm demonstrado resultados promissores, especialmente para
casos mais avançados ou metastáticos. “Imunoterapias estimulam o sistema
imunológico do paciente a combater as células tumorais, e as terapias-alvo
atuam diretamente em mutações genéticas específicas, bloqueando o crescimento
das células cancerígenas. Ambos os tratamentos têm demonstrado aumento na
sobrevida e melhora na qualidade de vida dos pacientes”, diz o especialista.
A prevenção começa agora
A campanha Dezembro Laranja não deve ser vista
apenas como um alerta para os cuidados com a pele durante o verão, mas como uma
oportunidade para que todos se conscientizem da importância da proteção solar
diária. “A prevenção começa com a mudança de comportamento. Protetor solar com
FPS 30 ou superior, uso de roupas apropriadas, óculos de sol com proteção UV e,
claro, a aplicação correta do protetor solar são atitudes simples que ajudam a
reduzir o risco de câncer de pele ao longo da vida”, conclui o oncologista.
Hospital Santa
Catarina - Paulista
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