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sábado, 14 de dezembro de 2024

Férias escolares: riscos das telas para a primeira infância

Em contrapartida, brincadeiras ao ar livre auxilia o desenvolvimento infantil 

O uso excessivo de telas por crianças pequenas tem se tornado uma preocupação crescente no Brasil. De acordo com a pesquisa PIPAS - Implementação de ações para promoção do desenvolvimento infantil em capitais brasileiras, realizado pelo Instituto de Saúde (SES-SP) com o apoio da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, 33,2% das crianças com menos de cinco anos passam mais de duas horas por dia assistindo a programas ou utilizando dispositivos como TVs, smartphones e tablets. 

Esse cenário, somado à proximidade das férias escolares, levanta o alerta: o tempo excessivo em frente às telas pode prejudicar o desenvolvimento da linguagem, dificuldades de atenção, problemas de sono, sedentarismo e até prejuízo na interação social. 

Além disso, evidencias científicas também mostram que a exposição às telas submete as crianças a uma série de riscos, como:

  • acesso a conteúdo impróprio para a idade;
  • exposição das crianças para situações de cyberbullying, assédio virtual, manipulação digital de imagens e, em casos mais graves, no uso dessas fotos — editadas ou não — em bancos de imagens de pedofilia;

"O período da primeira infância é crucial para o desenvolvimento do cérebro e das habilidades socioemocionais. As telas são uma distração passiva que, em excesso, podem prejudicar o desenvolvimento infantil. Nos primeiros anos de vida, a criança aprende por meio de experiências significativas e concretas. Por isso, é importante basear as aprendizagens iniciais em contextos reais e relevantes para a criança”, afirma Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, instituição que se dedica à primeira infância.
 

Brincar é coisa séria: em contrapartida às telas, as brincadeiras surgem como grandes aliadas ao desenvolvimento infantil. Atividades simples, como desenhar, correr ou brincar ao ar livre estimulam a criatividade, fortalecem habilidades motoras e cognitivas, e promovem vínculos sociais e familiares. 

A criança aprende por meio das brincadeiras. Brincar estimula o conhecimento do próprio corpo, favorece o raciocínio, estimula a imaginação, e facilita o convívio social. Além disso, por intermédio do brincar, é possível aprender mais sobre as crianças.: o que elas sabem, como estão se sentindo e como reagem diante de um desafio”, reforça Luz. 

Recentemente, o Governo do Estado de São Paulo aprovou Lei 18.058/2024, que proíbe o uso de celulares e demais dispositivos eletrônicos durante toda a permanência do aluno na escola (intervalos, recreios e atividades extracurriculares). A lei é válida para a educação infantil e ensino fundamental e médio. A expectativa é que, com menos telas, as crianças tenham a possibilidade ter sua atenção completa nas escolas seu tempo voltado para a socialização e construção de ferramentas sociais.
 

Mediação de telas: a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também recomenda evitar a exposição de crianças menores de 2 anos às telas, limitar o tempo de tela a no máximo uma hora diária para crianças entre 2 e 5 anos, e até duas horas para crianças de 6 anos, sempre com supervisão adulta. Para o caso de o uso das telas ser inevitável, a Sociedade Brasileira de Pediatria sugere aos pais e cuidadores as seguintes orientações.

  • Estabeleça regras saudáveis para o uso de dispositivos digitais. Além de adotar mecanismos de segurança, como controle parental, senhas e filtros, é fundamental incluir momentos de desconexão e incentivar a convivência familiar.
  • Não permita que as crianças e adolescentes fiquem isolados nos quartos com televisão, computador, tablet, smartphones e estimule o uso destes dispositivos nos locais comuns da casa, sob supervisão.
  • Proíba o uso de telas durante as refeições e antes de dormir.
  • Não permita que as crianças tenham encontros online ou offline com pessoas desconhecidas. É responsabilidade legal dos pais e cuidadores saber com quem e onde os filhos estão.
  • Proteja a privacidade. Evite postar fotos de crianças em redes sociais públicas.
  • Ofereça alternativas saudáveis. Incentive atividades esportivas, exercícios ao ar livre ou em contato com a natureza, sempre sob supervisão adequada.

 

Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal


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