Em contrapartida,
brincadeiras ao ar livre auxilia o desenvolvimento infantil
O uso excessivo de telas por crianças pequenas tem se tornado uma
preocupação crescente no Brasil. De acordo com a pesquisa PIPAS - Implementação de ações para promoção do
desenvolvimento infantil em capitais brasileiras, realizado
pelo Instituto de Saúde (SES-SP) com o apoio da Fundação Maria Cecilia Souto
Vidigal, 33,2% das crianças com menos de cinco anos passam mais de duas horas
por dia assistindo a programas ou utilizando dispositivos como TVs, smartphones
e tablets.
Esse cenário, somado à proximidade das férias escolares, levanta o
alerta: o tempo excessivo em frente às telas pode prejudicar o desenvolvimento
da linguagem, dificuldades de atenção, problemas de sono, sedentarismo e até
prejuízo na interação social.
Além disso, evidencias científicas também mostram que a exposição
às telas submete as crianças a uma série de riscos, como:
- acesso a conteúdo impróprio para a idade;
- exposição das crianças para situações de cyberbullying,
assédio virtual, manipulação digital de imagens e, em casos mais graves,
no uso dessas fotos — editadas ou não — em bancos de imagens de pedofilia;
- impactos negativos nos
processos cognitivos, de compreensão e regulação emocional
- prejuízo a neuroplasticidade.
"O período da primeira infância é crucial para o
desenvolvimento do cérebro e das habilidades socioemocionais. As telas são uma
distração passiva que, em excesso, podem prejudicar o desenvolvimento infantil.
Nos primeiros anos de vida, a criança aprende por meio de experiências
significativas e concretas. Por isso, é importante basear as aprendizagens
iniciais em contextos reais e relevantes para a criança”, afirma Mariana Luz,
CEO da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, instituição que se dedica à
primeira infância.
Brincar é coisa séria: em contrapartida às telas, as
brincadeiras surgem como grandes aliadas ao desenvolvimento infantil.
Atividades simples, como desenhar, correr ou brincar ao ar livre estimulam a
criatividade, fortalecem habilidades motoras e cognitivas, e promovem vínculos sociais
e familiares.
A criança aprende por meio das brincadeiras. Brincar estimula o
conhecimento do próprio corpo, favorece o raciocínio, estimula a imaginação, e
facilita o convívio social. Além disso, por intermédio do brincar, é possível
aprender mais sobre as crianças.: o que elas sabem, como estão se sentindo e
como reagem diante de um desafio”, reforça Luz.
Recentemente, o Governo do Estado de São Paulo aprovou Lei
18.058/2024, que proíbe o uso de celulares e demais dispositivos eletrônicos durante
toda a permanência do aluno na escola (intervalos, recreios e atividades
extracurriculares). A lei é válida para a educação infantil e ensino
fundamental e médio. A expectativa é que, com menos telas, as crianças tenham a
possibilidade ter sua atenção completa nas escolas seu tempo voltado para a
socialização e construção de ferramentas sociais.
Mediação de telas: a
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também recomenda evitar a exposição de
crianças menores de 2 anos às telas, limitar o tempo de tela a no máximo uma
hora diária para crianças entre 2 e 5 anos, e até duas horas para crianças de 6
anos, sempre com supervisão adulta. Para o caso de o uso das telas ser
inevitável, a Sociedade Brasileira de Pediatria sugere aos pais e cuidadores as
seguintes orientações.
- Estabeleça regras saudáveis para o uso de
dispositivos digitais. Além de adotar mecanismos
de segurança, como controle parental, senhas e filtros, é fundamental
incluir momentos de desconexão e incentivar a convivência familiar.
- Não permita que as crianças e adolescentes
fiquem isolados nos quartos com televisão, computador, tablet,
smartphones e estimule o uso destes dispositivos nos locais comuns da
casa, sob supervisão.
- Proíba o uso de telas durante as refeições e
antes de dormir.
- Não permita que as crianças tenham encontros
online ou offline com pessoas desconhecidas. É
responsabilidade legal dos pais e cuidadores saber com quem e onde os
filhos estão.
- Proteja a privacidade.
Evite postar fotos de crianças em redes sociais públicas.
- Ofereça alternativas saudáveis.
Incentive atividades esportivas, exercícios ao ar livre ou em contato com
a natureza, sempre sob supervisão adequada.
Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal
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