No Dezembro Vermelho, especialista alerta para a importância da prevenção e do tratamento para eliminar o HIV como problema de saúde pública
O Brasil tem comemorado
avanços significativos na luta contra a aids, mas desafios, como o preconceito
e a desinformação, ainda persistem. Segundo dados do Ministério da Saúde, o
país já alcançou 96% de diagnósticos entre as pessoas vivendo com HIV, um marco
importante para o avanço da eliminação da doença como problema de saúde
pública. No entanto, a necessidade de intensificar as informações sobre
prevenção e tratamentos continua sendo uma prioridade.
O Dezembro
Vermelho, mês de conscientização sobre a aids, serve como um lembrete da
importância de combater o estigma e incentivar práticas sexuais seguras. A Dra.
Mirian Dal Ben, infectologista e médica credenciada da Omint, destaca a
importância de desmistificar a doença: "Muitas pessoas ainda acreditam em
mitos sobre o HIV, o que impede que busquem ajuda e tratamento adequados. É
fundamental que a população esteja bem-informada para tomar decisões
conscientes sobre sua saúde sexual".
Uma confusão
comum, por exemplo, é sobre a diferença entre o HIV e a aids. “O HIV é o vírus
que causa a infecção, enquanto a aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida)
é uma condição avançada da infecção pelo HIV, quando o sistema imunológico é
gravemente comprometido”, explica a Dra. Mirian. “A aids ocorre principalmente
quando o HIV não é tratado, levando à redução das células de defesa, chamadas
CD4, e aumentando o risco de infecções oportunistas”.
O uso do
preservativo é um dos métodos que auxilia na prevenção do contágio pelo HIV e
de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como sífilis e HPV. Mas
não há necessidade de reforço, destaca a infectologista: “É mito que utilizar
dois preservativos ao mesmo tempo aumenta a proteção. Essa prática pode causar
atrito, aumentando o risco de rompimento. Usar apenas um preservativo
corretamente já oferece alta proteção”.
Para um maior
controle em relação à contaminação, a Organização das Nações Unidas (ONU)
definiu metas globais a serem alcançadas até 2030: diagnosticar 95% das pessoas
vivendo com HIV; garantir que 95% dessas pessoas estejam em tratamento
antirretroviral; e, entre aquelas em tratamento, alcançar 95% de supressão
viral, ou seja, com HIV sem possibilidade de transmissão. Ainda de acordo com o
Ministério da Saúde, apenas a quantidade de pessoas em tratamento está abaixo
do objetivo. Hoje, o Brasil possui, respectivamente, 96%, 82% e 95% de alcance
nessas metas.
Os avanços
significativos no combate à aids são resultado da prevenção combinada, que
envolve diferentes modos de prevenção ao HIV, respeitando as especificidades de
cada paciente. Entre as estratégias, estão o uso de preservativos masculinos e
femininos, o tratamento precoce e a evolução dos tratamentos, como a profilaxia
pré e pós-exposição, o incentivo à testagem e a prevenção da transmissão da mãe
para o bebê por meio de um pré-natal bem-feito.
A profilaxia
pré-exposição (PrEP) é um medicamento que deve ser tomado diariamente ou antes
da relação sexual e funciona como um escudo protetor, impedindo que o vírus se
instale no organismo. O aumento dessa oferta levou a um maior número de
diagnósticos precoces, uma vez que é necessário fazer o teste periodicamente
para obter a medicação. Assim, mais pessoas com infecção pelo HIV foram
detectadas e incluídas imediatamente em terapia antirretroviral.
A Dra. Mirian Dal
Ben enfatiza a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado para
controlar a epidemia: "O uso consistente de métodos de prevenção que se
adaptam à realidade de cada paciente, a realização de testes regulares e o
acesso ao tratamento são medidas essenciais para garantir uma vida saudável,
com ou sem o HIV.
A especialista
ressalta que ainda existem muitos mitos em relação à doença e esclarece:
· HIV não é
igual à aids: o HIV é o vírus, enquanto a aids é a síndrome
causada pela infecção avançada;
· Transmissão:
o HIV é transmitido por relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de
agulhas e de mãe para filho, e não há risco em interações cotidianas, como
beijos ou abraços;
· Tratamento:
com o tratamento adequado, é possível viver com o HIV sem desenvolver a aids. A
terapia antirretroviral mantém o vírus controlado, impedindo danos ao sistema
imunológico;
· Carga viral
indetectável: pessoas com carga viral indetectável não
transmitem o vírus sexualmente.
Com o avanço da ciência e o acesso cada vez maior a informações
corretas, a aids deixou de ser uma sentença de morte e se tornou uma doença
crônica controlável. Continuar educando a população sobre a condição é
essencial para o crescimento da adoção de comportamentos seguros.
Omint
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