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segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Mulheres com endometriose podem ter mais chances de desenvolver distúrbios intestinais, aponta estudo

Fatores de risco genéticos em comum explicariam por que as pacientes apresentam também condições como síndrome do intestino irritável ou refluxo gastroesofágico

 

Um estudo¹ da Universidade de Queensland, na Austrália, publicado na revista Cell Reports Medicine, mostrou que a endometriose e algumas patologias gastrointestinais possuem fatores de risco genéticos em comum, o que explicaria por que muitas mulheres apresentam as duas condições. Para a pesquisa, foram analisados dados de mais de 180 mil mulheres cadastradas no UK Biobank – banco de dados biomédicos de larga escala do Reino Unido – e foi constatado que as pacientes com endometriose têm duas vezes mais chances de ter um diagnóstico de síndrome do intestino irritável (SII) em comparação com mulheres sem a doença e 1,4 vez mais probabilidade de ter refluxo gastroesofágico. 

A endometriose é uma doença grave que acomete uma em cada dez brasileiras, segundo o Ministério da Saúde, e é causada pela presença e o crescimento do tecido endometrial fora da cavidade uterina, o que pode afetar não somente o órgão reprodutor, mas outros próximos, como o intestino e a bexiga. No Brasil, a doença atinge cerca de 8 milhões de mulheres. 

Segundo Thiago Borges, cirurgião especializado em endometriose do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), da Dasa, é comum as pacientes diagnosticadas com endometriose também apresentarem sintomas associados a distúrbios gastrointestinais, como dor abdominal, inchaço, constipação, náuseas, vômitos e evacuações dolorosas, o que pode confundir a detecção da patologia. 

“Alguns sintomas comuns são inespecíficos e podem acabar confundindo a paciente, dificultando o diagnóstico da endometriose e atrasando o tratamento. E esse tempo é crucial para se evitar um agravamento do quadro”, afirma Thiago Borges. 

Existem diversas teorias sobre as causas da endometriose, mas o estudo australiano demonstrou um componente hereditário para a doença, além de a análise genética comprovar também a ocorrência de endometriose e distúrbios gastrointestinais. 

Para Thiago Borges, conhecer os fatores de risco envolvidos em ambas as patologias e entender como eles se relacionam dá a oportunidade de melhorar a qualidade de vida das mulheres. 

“Hoje acham que o diagnóstico é de fácil execução, porém, o intervalo entre o início dos sintomas e a confirmação da enfermidade pode chegar a dez anos. Como a endometriose e as doenças gastrointestinais podem ter diversos indícios que, muitas vezes, são confundidos ou nem levados em consideração pelos médicos, a mulher pode achar que é normal sentir dores abdominais. E à medida que conhecemos mais essa relação significativa, conseguimos entender como se desenvolvem e como melhorar o tratamento e o diagnóstico do distúrbio”, finaliza o cirurgião.


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