Com apoio da
tecnologia 5G, procedimentos trazem vantagens para médicos e pacientes; número
de robôs que realizam técnicas no Brasil mais do que dobrou em cinco anos
Cirurgias com maior precisão, minimamente invasivas,
com menos sangramento e proporcionando uma recuperação mais rápida dos
pacientes. Essas são as principais vantagens da cirurgia robótica, procedimento
realizado por médicos com a utilização de robôs. O avanço tecnológico na área
da saúde e das comunicações tem possibilitado o crescimento do setor e
projeções indicam para uma ampla utilização desses procedimentos em todo o
mundo.
Segundo relatório da GlobalData, empresa internacional especializada em análise
de dados, a cirurgia robótica deve revolucionar os cuidados médicos até 2035. O
relatório Future of Healthcare projeta que o mercado de dispositivos
de cirurgia geral alcançará um valor de 58 milhões de dólares até 2033. O
levantamento destaca que esses procedimentos podem aumentar a eficiência e melhorar
os resultados das cirurgias, proporcionando vantagens significativas para
médicos e pacientes.
No Brasil, a primeira cirurgia robótica foi realizada há 16 anos. Os
procedimentos foram regulamentados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em
2022, que estabelece que as cirurgias robóticas devem ser realizadas em
hospitais capacitados para atender alta complexidade e que cirurgiões tenham
capacitação para essas intervenções.
O urologista Aníbal Branco, do Hospital São
Marcelino Champagnat, realiza cirurgias robóticas na área uro-oncológica. O
procedimento de maior frequência é a prostatectomia radical robótica, para
tratamento do câncer de próstata. Também são realizadas a nefrectomia parcial e
nefrectomia radical, para o tratamento de tumores renais malignos. Para o
urologista, não há como vislumbrar um caminho sem tecnologia. “Eu diria que o
futuro já está presente. Recentemente, participei de um congresso na Itália,
onde foi realizada, pela primeira vez, uma cirurgia onde o cirurgião estava em
Roma e o paciente estava em Pequim. Isso foi possível graças à cirurgia
robótica e à tecnologia 5G. O procedimento ocorreu sem intercorrências. Isso já
é uma realidade e a tendência é que se torne rotina, permitindo realizar
cirurgias com pacientes em áreas remotas”, conta.
Aumento das cirurgias
robóticas
O número de robôs que realizam cirurgias no Brasil
mais do que dobrou em cinco anos. Em 2018, eram 51 equipamentos. No ano
passado, esse número chegou a 111. A expansão do mercado e a chegada de novos
robôs facilitaram a realização de procedimentos. Em 2024, o Hospital São
Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR), atingiu a marca de mil cirurgias
robóticas realizadas por dois tipos de robôs. O robô Da Vinci X, utilizado em
uma variedade de procedimentos, incluindo cirurgias gerais, oncológicas,
urológicas, ginecológicas, torácicas, gastrocirurgias, bariátricas e de cabeça
e pescoço, oferece orientação visual avançada com uma câmera de alta tecnologia
e controles precisos. Isso permite um ajuste fino e um maior alcance
cirúrgico. O robô ROSA Knee é especializado em Artroplastia Total do Joelho
(ATJ), ou seja, a colocação de próteses de joelhos. Equipado com um sistema de
robótica moderno e intuitivo, o ROSA Knee proporciona cortes exatos e auxilia o
ortopedista com precisão durante os procedimentos.
Para o gerente médico do hospital, Jarbas Motta
Junior, oferecer as melhores tecnologias e tratamentos aos pacientes é
fundamental para se manter como referência. “No Centro de Cirurgia Robótica,
onde realizamos os procedimentos com robôs, contamos com médicos altamente
capacitados e bem treinados para garantir um serviço de excelência. É com
grande satisfação que chegamos à marca de mil cirurgias robóticas e seguimos
comprometidos em estar sempre na vanguarda da saúde”, observa.
O ortopedista Antonio Tomazini, especializado em
cirurgia de joelho, realiza procedimentos com auxílio de robôs e destaca como a
tecnologia melhorou o acesso a intervenções mais complexas. “O uso da cirurgia
robótica proporciona mais precisão, menos sangramento e uma execução
aprimorada. Os pacientes sentem menos dor no pós-operatório e necessitam de
menos medicação. Isso é especialmente benéfico para pessoas com mais de 60
anos, que são pacientes mais sensíveis a medicamentos e frequentemente utilizam
outros compostos químicos”, analisa.
Custos e desafios
Devido à alta tecnologia envolvida e à necessidade
de aprimoramento constante dos profissionais, as cirurgias robóticas são mais
caras e, em muitos casos, ainda não são cobertas pelos planos de saúde. Esse
fator representa um grande desafio do acesso a esses procedimentos para boa
parte da população brasileira.
O urologista Aníbal Branco acredita que a chegada
de novas plataformas e empresas ao setor de saúde deve reduzir custos e ajudar
na democratização. “Temos uma empresa que é líder de mercado há mais de 20 anos.
Já chegaram duas plataformas, ainda de maneira tímida, ao Brasil, com poucas
unidades. Mas há, agora, mais de 30 novas plataformas, uma grande parte com
origem na Ásia, especialmente na China, e que prometem baratear o mercado e
fazer com que mais pacientes tenham acesso à tecnologia robótica. A expectativa
é que algumas delas já sejam aprovadas pela Anvisa. Com isso, espera-se que os
custos diminuam e mais pessoas tenham acesso à cirurgia robótica, inclusive no
sistema público”, comenta.
Hospital São
Marcelino Champagnat
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