Segundo
pesquisa, mais de 40% dos jovens possuem um déficit de empatia. Visando
estimular os estudantes a se colocarem no lugar do outro, a assessora pedagógica
da Mind Makers, Luiza Sudário, sugere uma dinâmica que pode ser realizada na
sala de aulaFreepik
A palavra empatia
passou a fazer parte do vocabulário de muitas pessoas nos últimos anos e não é
por acaso. Cada vez mais, a sociedade tem percebido a importância do
desenvolvimento de habilidades socioemocionais e, nesse cenário, aprender a se
colocar no lugar do outro passou a ser um componente fundamental na formação
dos indivíduos.
Tanto que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que define os direitos de aprendizagem dos alunos de
escolas brasileiras, considera a empatia uma de suas competências gerais. De
acordo com o documento, os estudantes devem “exercitar a empatia, o
diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e
promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e
valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer
natureza”.
Ainda assim, o
cenário da educação brasileira, no que diz respeito ao desenvolvimento da empatia,
não é o ideal. Um estudo desenvolvido pela Universidade Federal da
Paraíba (UFPB) revelou que 42,6% dos jovens
apresentam déficit de empatia e 31,1% possuem alguma dificuldade no
desenvolvimento de relações afetivas. A pesquisa aponta que a insuficiência
desses aspectos pode resultar em dificuldades de interação social.
Nesse sentido, é
necessário que as escolas pensem em maneiras criativas para ajudar seus alunos
no desenvolvimento dessa habilidade. É o que recomenda a assessora pedagógica
da Mind Makers, Luiza Sudário. "É difícil falar em empatia no singular.
Fazer dinâmicas coletivas com os alunos em sala de aula fazem com que eles
sintam na pele determinada realidade, algo que apenas assistir a um filme ou
ver uma notícia no jornal não é capaz de impulsionar”, diz.
Na
pele do outro
Para ajudar as
escolas a atuarem na formação de cidadãos mais empáticos, Luiza sugere uma
atividade prática. É a dinâmica “Na pele do outro”, que submete os alunos a
situações que os estimulam a se colocarem no lugar de uma pessoa que passa por
dificuldades diárias, como um indivíduo na terceira idade, por exemplo.
Nessa aula, para
exercitar a empatia e a capacidade de sentir o sofrimento por trás dos
problemas de alguém, a turma vive um dia como uma pessoa idosa, realizando uma
série de desafios habituais, como amarrar os sapatos, subir um lance de escadas
ou costurar um botão. Porém, para se aproximar dessa realidade, os estudantes
experimentam ter os próprios sentidos limitados, utilizando óculos com plástico
bolha e luvas de cirurgia – para dificultar a visão e o tato, respectivamente.
Para potencializar
a dinâmica, o professor assume o papel de facilitador, isto é, alguém que
auxilia o aluno a chegar em diferentes conclusões, de maneiras inesperadas.
“Costumo dizer que o aluno constrói esse conteúdo com o professor, colocando a
mão na massa e, de fato, sendo protagonista", explica Luiza.
Ao final da
atividade, a assessora pedagógica recomenda que haja um momento de reflexão
sobre a dinâmica que foi aplicada. “Para além de se colocar no lugar do outro,
exercitar a empatia é também renuncia à própria perspectiva de mundo, para
experimentar uma realidade que pode ser diferente”, afirma Luiza. “É se
permitir simplesmente ouvir a dor do outro, sem julgamentos, sem certo e
errado, sem pensar como aquela experiência deveria ou não ser”, conclui.
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