A depressão ansiosa é uma condição comum, que pode ser incapacitante e resistente ao tratamento. Entender que nem toda depressão é igual é importante para garantir o tratamento adequado aos pacientes
O Brasil é o país com maior prevalência de
depressão na América Latina2, e a condição se tornará a mais comum do
mundo nos próximos 20 anos, afetando mais pessoas que as doenças cardíacas,
segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS)3. Dada a
relevância da patologia, é essencial entender que nem toda depressão é igual e
cada caso deve ser avaliado de forma individualizada. Para se ter uma ideia,
estima-se que cerca de 85% dos pacientes com depressão também apresentem
sintomas significativos de ansiedade1.
De acordo com Rogério Onofre, psiquiatra e
consultor médico da Libbs Farmacêutica, um tipo de depressão que merece alerta
pelos sintomas serem difíceis de interpretar é a depressão ansiosa, condição
que pode ser incapacitante e resistente ao tratamento. “Esse transtorno mescla
sintomas depressivos, como humor deprimido, fadiga e perda de interesse, com sintomas
ansiosos, como preocupação excessiva, inquietação e dificuldade de concentração4.
Altos níveis de ansiedade estão relacionados a um risco mais elevado de
suicídio, maior duração da doença e uma probabilidade aumentada de resistência
ao tratamento, tornando a depressão ansiosa uma condição especialmente
preocupante 4”, alerta o psiquiatra.
O especialista explica que, no dia a dia da prática
clínica, sintomas de depressão e ansiedade coexistem e são indissociáveis em
sua grande maioria5 e, para um diagnóstico mais preciso é necessário
analisar de forma minuciosa essa desigualdade para que o tratamento seja
efetivo 6. “Aplicar uma abordagem diagnóstica única leva a uma
terapêutica focada em tentativa e erro, na qual cerca de 30% a 40% dos
pacientes não apresentam remissão dos sintomas6. Em contraponto a
essa realidade, já existem medicamentos com formulação específica para casos de
depressão ansiosa (inibidores da recaptação de serotonina que atuam nos
receptores 5-HT1A do cérebro)7 e apresentam 50% de probabilidade de
melhora efetiva"8.
Vale pontuar que a adoção do medicamento faz parte
de um conjunto de ações que consistem no tratamento das condições psicológicas
e psiquiátricas, sendo necessária o acompanhamento de uma equipe
multidisciplinar para avaliação desses pacientes2. “O acompanhamento
com psicoterapia e a adoção de hábitos de vida saudáveis, incluindo dieta
balanceada, higiene do sono e prática de atividade física são essenciais para a
saúde mental de todos”, finaliza Onofre.
Entenda a depressão ansiosa
Também conhecida como transtorno depressivo maior
com características ansiosas, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais (DSM-5), é caracterizada pela presença de pelo menos
dois dos seguintes sintomas durante a maior parte dos dias de um episódio
depressivo maior atual (ou o mais recente, se o transtorno estiver em remissão
parcial ou total) ou no transtorno depressivo persistente:
- Sensação de estar agitado ou tenso.
- Sensação de inquietação incomum.
- Dificuldade de concentração devido à preocupação.
- Medo de que algo terrível possa acontecer.
- Sensação de que o indivíduo pode perder o controle de si mesmo.
*Os parágrafos não referenciados correspondem à opinião e/ou prática clínica do autor.
**As opiniões emitidas pelo(a) especialista são independentes e, necessariamente, não refletem a opinião da Libbs
Libbs Farmacêutica
Referências
1. Möller HJ, Bandelow B, Volz HP, et al. The relevance of 'mixed anxiety and depression' as a diagnostic category in clinical practice. Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci. 2016;266(8):725-736.
2. Brasil, Ministério da Saúde. Na América Latina, Brasil é o país com maior prevalência de depressão [internet]. 2022. [Acesso em 05 Set 2024]. Disponível em: Link
3. Sociedade Brasileira de Clínica Médica. Depressão será a doença mais comum do mundo em 2030, diz OMS [internet]. 2009. [Acesso em 17 Set 2024] Disponível em: Link
4. American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders: DSM-5. Washington, DC: American Psychiatric Association; 2013.
5. Veras AB, Nardi AE. Depressão na mulher. Revista Brasileira de Medicina. 2008;65(6):154-163.
6. Tozzi L, Zhang X, Pines A, et al. Personalized brain circuit scores identify clinically distinct biotypes in depression and anxiety. Nat Med. 2024;30(7):2076-2087.
7. Thase ME, Chen D, Edwards J, et al. Efficacy of vilazodone on anxiety symptoms in patients with major depressive disorder. Int Clin Psychopharmacol. 2014;29(6):351-6.
8. Sampaio RV, Figueiredo PHM, Rocha SL, et al. Management of patients with Major Depressive Disorder in the context of Primary Health Care: a literature review. RSD. 2022;11(2):e7211225539.
Nenhum comentário:
Postar um comentário