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sexta-feira, 27 de setembro de 2024

85% dos pacientes com depressão também apresentam sintomas de ansiedade1

A depressão ansiosa é uma condição comum, que pode ser incapacitante e resistente ao tratamento. Entender que nem toda depressão é igual é importante para garantir o tratamento adequado aos pacientes


O Brasil é o país com maior prevalência de depressão na América Latina2, e a condição se tornará a mais comum do mundo nos próximos 20 anos, afetando mais pessoas que as doenças cardíacas, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS)3. Dada a relevância da patologia, é essencial entender que nem toda depressão é igual e cada caso deve ser avaliado de forma individualizada. Para se ter uma ideia, estima-se que cerca de 85% dos pacientes com depressão também apresentem sintomas significativos de ansiedade1

De acordo com Rogério Onofre, psiquiatra e consultor médico da Libbs Farmacêutica, um tipo de depressão que merece alerta pelos sintomas serem difíceis de interpretar é a depressão ansiosa, condição que pode ser incapacitante e resistente ao tratamento. “Esse transtorno mescla sintomas depressivos, como humor deprimido, fadiga e perda de interesse, com sintomas ansiosos, como preocupação excessiva, inquietação e dificuldade de concentração4. Altos níveis de ansiedade estão relacionados a um risco mais elevado de suicídio, maior duração da doença e uma probabilidade aumentada de resistência ao tratamento, tornando a depressão ansiosa uma condição especialmente preocupante 4”, alerta o psiquiatra. 

O especialista explica que, no dia a dia da prática clínica, sintomas de depressão e ansiedade coexistem e são indissociáveis em sua grande maioria5 e, para um diagnóstico mais preciso é necessário analisar de forma minuciosa essa desigualdade para que o tratamento seja efetivo 6. “Aplicar uma abordagem diagnóstica única leva a uma terapêutica focada em tentativa e erro, na qual cerca de 30% a 40% dos pacientes não apresentam remissão dos sintomas6. Em contraponto a essa realidade, já existem medicamentos com formulação específica para casos de depressão ansiosa (inibidores da recaptação de serotonina que atuam nos receptores 5-HT1A do cérebro)7 e apresentam 50% de probabilidade de melhora efetiva"8

Vale pontuar que a adoção do medicamento faz parte de um conjunto de ações que consistem no tratamento das condições psicológicas e psiquiátricas, sendo necessária o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar para avaliação desses pacientes2. “O acompanhamento com psicoterapia e a adoção de hábitos de vida saudáveis, incluindo dieta balanceada, higiene do sono e prática de atividade física são essenciais para a saúde mental de todos”, finaliza Onofre.
 

Entenda a depressão ansiosa

Também conhecida como transtorno depressivo maior com características ansiosas, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), é caracterizada pela presença de pelo menos dois dos seguintes sintomas durante a maior parte dos dias de um episódio depressivo maior atual (ou o mais recente, se o transtorno estiver em remissão parcial ou total) ou no transtorno depressivo persistente:

- Sensação de estar agitado ou tenso.

- Sensação de inquietação incomum.

- Dificuldade de concentração devido à preocupação.

- Medo de que algo terrível possa acontecer.

- Sensação de que o indivíduo pode perder o controle de si mesmo.
 




*Os parágrafos não referenciados correspondem à opinião e/ou prática clínica do autor.

**As opiniões emitidas pelo(a) especialista são independentes e, necessariamente, não refletem a opinião da Libbs


Libbs Farmacêutica



Referências

1. Möller HJ, Bandelow B, Volz HP, et al. The relevance of 'mixed anxiety and depression' as a diagnostic category in clinical practice. Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci. 2016;266(8):725-736.

2. Brasil, Ministério da Saúde. Na América Latina, Brasil é o país com maior prevalência de depressão [internet]. 2022. [Acesso em 05 Set 2024]. Disponível em: Link

3. Sociedade Brasileira de Clínica Médica. Depressão será a doença mais comum do mundo em 2030, diz OMS [internet]. 2009. [Acesso em 17 Set 2024] Disponível em: Link

4. American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders: DSM-5. Washington, DC: American Psychiatric Association; 2013.

5. Veras AB, Nardi AE. Depressão na mulher. Revista Brasileira de Medicina. 2008;65(6):154-163.

6. Tozzi L, Zhang X, Pines A, et al. Personalized brain circuit scores identify clinically distinct biotypes in depression and anxiety. Nat Med. 2024;30(7):2076-2087.

7. Thase ME, Chen D, Edwards J, et al. Efficacy of vilazodone on anxiety symptoms in patients with major depressive disorder. Int Clin Psychopharmacol. 2014;29(6):351-6.

8. Sampaio RV, Figueiredo PHM, Rocha SL, et al. Management of patients with Major Depressive Disorder in the context of Primary Health Care: a literature review. RSD. 2022;11(2):e7211225539.


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