Faixa
etária foi a que mais elevou o percentual de utilização da internet; em
setembro, mês marcado pelo Dia Nacional do Idoso (27), Sociedade Brasileira de
Cirurgia da Mão alerta para o desenvolvimento de desgaste das articulações das
mãosPara pessoas com 60 anos ou mais, o uso intenso do celular
pode acelerar o processo de desgaste articular
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A mudança de comportamento entre idosos
no que se refere às facilidades do uso da tecnologia já reflete nos números.
Entre 2022 e 2023, o percentual de pessoas no país com 60 anos ou mais que
utilizaram a internet saltou de 62,1% para 66% do total. Já a posse de celular
por brasileiros 60+ passou de 73,7% para 76,1%. Os dados constam de pesquisa
recente da PNAD Contínua Tecnologia da Informação e Comunicação (PNAD TIC
2023), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O avanço do uso de celulares entre esse
público é um fenômeno crescente, refletindo a maior inclusão digital e o desejo
de se manter conectados. No entanto, o uso intensivo desses dispositivos pode,
em alguns casos, ter implicações para a saúde das mãos, especialmente em uma
faixa etária onde o risco de condições articulares, como a artrose, já pode ser
maior.
Comum em idosos por conta do
envelhecimento da cartilagem das articulações e em mulheres, que representam
61% dos pacientes, além de pessoas que trabalham com atividades que usam muito
as mãos, a artrose é caracterizada pela degeneração e desgaste das juntas, o
que causa desconforto, inflamação e dor pelo aumento do atrito entre os ossos.
“O uso contínuo de smartphones pode levar a um esforço repetitivo das articulações
das mãos e dos dedos. Digitar mensagens, rolar páginas e realizar outras
atividades podem colocar estresse adicional nas articulações, potencialmente
exacerbando ou contribuindo para o desenvolvimento de condições como a
artrose”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão
(SBCM), Antonio Carlos da Costa.
Segundo o ortopedista, à medida que
envelhecemos, a cartilagem nas articulações naturalmente se desgasta e a
capacidade de regeneração do corpo diminui. “Para pessoas com 60 anos ou mais,
o uso intenso do celular pode acelerar o processo de desgaste articular,
especialmente se já houver sinais de artrose.
Com o avanço da doença, as dores podem
se tornar mais fortes, causar rigidez, limitar o movimento das mãos, e
consequentemente, impactar na realização de tarefas básicas do dia a dia, como
segurar objetos e escrever. “Em casos mais graves, pode provocar nódulos e
deformações nos dedos”, ressalta o especialista da SBCM.
Como retardar o avanço da doença
A artrose é uma condição que não tem
cura, no entanto, hoje há vários recursos para retardar sua progressão. O
tratamento inicial é clínico com uso de medicação, inclusive, as que protegem a
cartilagem e podem retardar o processo de desgaste, além de reduzir a dor.
“Casos mais avançados de artrose nas mãos podem necessitar de um procedimento
cirúrgico, cujo método é determinado de acordo com a articulação afetada e o
grau da doença”, fala o ortopedista.
Além dos medicamentos, sessões de
fisioterapia desempenham um papel importante no tratamento da artrose nas mãos,
sendo que são recomendados exercícios leves e de baixa intensidade para o
fortalecimento dos músculos ao redor dessas articulações.
Prevenção
O presidente da SBCM lembra que, embora
o uso crescente de celulares entre pessoas com mais de 60 anos não seja uma
causa direta de artrose, ele pode contribuir para a sobrecarga das articulações
das mãos, especialmente se não for gerenciado adequadamente. “Por isso,
recomenda-se fazer pausas regulares durante o uso do celular e realizar
exercícios de alongamento para as mãos e os punhos pode ajudar a aliviar a
tensão e prevenir lesões”, orienta.
Se houver dor persistente ou
desconforto nas mãos, é importante consultar-se com um médico. “Um especialista
em cirurgia da mão pode oferecer orientações específicas e, se necessário,
tratamento para evitar a progressão da artrose”, ressalta. O presidente da SBCM
explica ainda que digitar menos com os polegares pode ajudar a prevenir o
problema. “Orientamos utilizar menos os polegares e mais o indicador. Também
trocar a digitação pelo sistema de voz. Lembrar que a tradicional ligação, como
fazíamos antigamente, muitas vezes é o melhor modo de conversarmos”,
acrescenta.
Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão - SBCM
http://www.cirurgiadamao.org.br/
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