Nutricionista do CEJAM explica como o acompanhamento nutricional pode melhorar a qualidade de
vida dos pacientes
A fibrose cística, doença genética rara, atinge
principalmente os pulmões e o sistema digestivo, embora outras partes do corpo
também possam ser afetadas. No Brasil, mais de 6 mil pessoas vivem com essa
condição, segundo dados do Ministério da Saúde.
O diagnóstico, geralmente, ocorre logo após o nascimento, por meio
do teste do pezinho, sendo posteriormente confirmado pelo teste do suor. A
incidência média da doença é de 1 a cada 10 mil recém-nascidos no país.
Ao contrário da maioria da população, pacientes com fibrose
cística produzem um muco mais espesso do que o normal, o que pode levar a
complicações graves, como inflamações brônquicas e infecções pulmonares,
resultando em dificuldades respiratórias. No sistema digestivo, esse muco denso
pode comprometer o funcionamento adequado do pâncreas, prejudicando a digestão
dos alimentos, o que destaca a importância de um acompanhamento nutricional
rigoroso.
“No pâncreas, o muco acumulado obstrui os canais, prejudicando a
liberação de enzimas pancreáticas responsáveis pela digestão dos alimentos.
Como consequência, a má digestão pode levar à desnutrição”, explica Dulcineia
Rosendo, nutricionista do CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João
Amorim”.
A desnutrição e perda de peso afetam diretamente a imunidade,
comprometem a musculatura respiratória e causam alterações no crescimento, aumentando
o risco de morbidades e mortalidade. “Nesses casos, o acompanhamento
nutricional envolve a elaboração de um plano dietético com perfil
hipercalórico, hiperproteico e hiperlipídico, ou seja, rico em calorias,
proteínas e gorduras, sempre adaptado e/ou individualizado às necessidades de
cada paciente”, destaca a especialista.
Dulcineia alerta que pacientes com fibrose cística correm um alto
risco de desenvolver deficiências de vitaminas lipossolúveis, como A, D, E e K.
Por isso, a suplementação, aliada ao uso de enzimas pancreáticas, é
frequentemente recomendada para garantir a digestão e absorção adequadas dos
nutrientes.
“Além disso, o acompanhamento nutricional deve ser regular para
monitorar a ingestão de sódio e água, devido ao risco elevado de desidratação.
É essencial também ajustar a dieta para melhorar a saúde gastrointestinal e
aliviar o desconforto associado à condição”, acrescenta.
A alimentação deve ser baseada em alimentos minimamente
processados, sendo priorizados os frescos e in natura. “É crucial incluir na
dieta fontes proteicas de alto valor biológico, como carnes magras, peixes,
ovos e laticínios, que são essenciais para a manutenção e recuperação da massa
muscular”, orienta a nutricionista.
O consumo de gorduras saudáveis, como abacate, azeite de oliva e
oleaginosas, ajuda a equilibrar a ingestão calórica. Os carboidratos complexos,
encontrados em cereais integrais e frutas, são importantes por sua riqueza em
fibras, vitaminas e minerais, essenciais para o bom funcionamento do metabolismo.
Além disso, vegetais de folhas verdes escuras e alimentos de cor alaranjada são
excelentes opções para complementar a dieta.
“É importante destacar que cerca de 20% dos adolescentes e 40% dos
adultos com fibrose cística acabam desenvolvendo diabetes relacionado à doença,
o que pode agravar o estado nutricional, além de elevar as taxas de morbidade e
mortalidade. A fibrose cística pode aumentar o risco de diabetes, porque o
pâncreas, quando afetado, pode não produzir insulina eficazmente”, alerta a
especialista.
Diante desse cenário, pessoas que sofrem com o quadro devem evitar
ao máximo o consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras saturadas,
hidrogenadas, açúcares refinados ou adicionados, como refrigerantes, sucos
artificiais, doces, chocolates, entre outros. A profissional ressalta a
importância de também evitar o consumo de álcool e o tabagismo.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial.
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