Estudo da Fiocruz aponta que 14 milhões de pessoas nessa faixa etária convivem com a catarata, o que a torna a quarta doença mais recorrente nesse grupo; especialista dá dicas de prevenção
A
catarata, uma das principais causas de perda de visão reversível no mundo,
ainda é cercada por mitos e desinformação. De acordo com um estudo recente da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 14 milhões de pessoas com 50 anos ou mais –
cerca de 25% dessa faixa etária – convivem com a catarata, o que a torna a
quarta doença mais recorrente nesse grupo, atrás somente de hipertensão,
problemas na coluna e colesterol alto.
Segundo
o oftalmologista Henrique Rocha, presidente da Sociedade Goiana de Oftalmologia
(SGO), a catarata nada mais é do que o envelhecimento natural do cristalino com
sua opacificação e endurecimento. “Trata-se de uma lente natural do olho que,
com o tempo, se torna opaca e prejudica a visão", diz.
De
acordo com Henrique, trata-se de uma condição inerente ao envelhecimento. “É
igual cabelo branco. Um dia, todo mundo vai ter”, diz. Ele ressalta que alguns
fatores podem acelerar esse processo: “Traços genéticos, diabetes, doenças
autoimunes e uso de corticoides ou de imunossupressores podem antecipar a
opacificação do cristalino, assim como passar por tratamentos como quimioterapia
e radioterapia.”
A
exposição aos raios ultravioleta, por exemplo, é uma das causas evitáveis.
"Usar óculos de sol de boa qualidade e chapéus com aba larga pode retardar
o aparecimento da catarata. Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool
também é fundamental," aconselha o especialista.
Ele
também menciona que algumas crianças podem nascer com catarata devido a
infecções congênitas, sendo a principal delas a rubéola.
Desmistificar
a catarata é fundamental para que mais pessoas busquem o tratamento adequado e
mantenham sua qualidade de vida. "A catarata não precisa ser encarada como
uma condenação à perda de visão. Com a informação correta e o tratamento
adequado, é possível continuar enxergando o mundo com clareza," conclui Henrique.
Sintomas e diagnóstico
precoce
Muitas
vezes, a catarata se desenvolve lentamente, tornando difícil perceber os
primeiros sinais. "Os sintomas mais comuns incluem visão embaçada,
sensibilidade à luz, visão dupla e uma alteração na percepção das cores. Se o
grau dos óculos começa a mudar frequentemente, isso pode ser um indicativo de
catarata", alerta o oftalmologista.
Ele
enfatiza a importância de realizar exames oftalmológicos regulares,
especialmente a partir dos 40 anos. "Mesmo que você não tenha sintomas, visitas
regulares ao oftalmologista são essenciais para detectar a catarata em seus
estágios iniciais. A doença é silenciosa e, quanto mais cedo for identificada,
mais simples será o tratamento”, ressalta.
Quando
se trata de catarata, o tratamento padrão é a cirurgia. "Antigamente,
havia a ideia de que colírios poderiam retardar a progressão da catarata, mas
hoje sabemos que a única solução eficaz é a cirurgia", esclarece Henrique.
O procedimento é rápido, seguro e altamente eficaz.
"A
cirurgia é feita com anestesia local e consiste em remover o cristalino opaco e
substituí-lo por uma lente artificial. O procedimento é rápido e não exige
internação", detalha. "Além disso, a tecnologia moderna permite que a
lente implantada já corrija o grau dos óculos, o que significa que muitos
pacientes não precisarão mais de correção visual após a cirurgia."
Embora
não haja como evitar completamente a catarata, algumas medidas podem ajudar a
retardar seu desenvolvimento. "Manter uma dieta rica em vitaminas A, C e
E, proteger os olhos do sol, e controlar doenças como diabetes são estratégias
importantes", sugere o oftalmologista.
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