São previstos para
2024 mais de 48 mil casos na região de cabeça e pescoço. O mais incidente entre
eles, com 15.100 o câncer de cavidade oral (região da boca) é o quinto mais
comum nos homens do país. O câncer de laringe aparece em oitavo na população
masculina. Em comum, o fato de 8 entre 10 casos serem diagnosticados em fase
avançada. Nas mulheres, o câncer de cabeça e pescoço mais comum é o de
tireoide. Com a campanha "Informação que Muda Histórias", em seu
segundo ano consecutivo, o Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço
(GBCP) alerta para o tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas e infeção pelo
vírus HPV como as principais causas a serem evitadas. Sábado (27) é o Dia
Mundial de Conscientização sobre a doença
O Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP), em alusão à
campanha Julho Verde, mês de conscientização sobre a doença, traz o tema
“Informação que Muda Histórias”, com a proposta de conscientizar a
sociedade brasileira sobre a importância de alertar para as principais causas
de tumor maligno nesta região: tabagismo e infecção pelo vírus HPV. O alerta do
GBCP é alusivo ao Dia Mundial de Conscientização sobre Câncer de Cabeça e
Pescoço,
Diferente de muitos tipos de câncer, em que as
principais etiologias (causas) não são conhecidas, os principais fatores de
risco para desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço são bem estabelecidos:
não fumar, evitar consumo de bebidas alcoólicas e se prevenir contra o vírus
HPV, medida para a qual há vacinas na rede pública e privada de saúde, para
imunização de meninos. Há, portanto, um fator comum nos tumores de Cabeça e
Pescoço: são evitáveis. “A perigosa junção entre tabagismo e consumo de
bebidas alcoólica é sinérgica. Os riscos não se somam. Eles se potencializam”,
alerta o oncologista clínico e presidente do GBCP, Thiago Bueno de Oliveira.
Para ser mais exato, cerca de 40% dos casos podem
ser evitados. Não fumar, não consumir bebidas alcoólicas em excesso, vacinar
contra o Papilomavírus Humano - HPV e fazer a higiene bucal corretamente, usar
filtro solar, inclusive nos lábios. Este é o caminho da prevenção. Mudar esta
realidade depende de cada um de nós.
Desde janeiro de 2017, o Ministério da Saúde oferece
a proteção de meninos contra o vírus HPV. Essa medida se soma à imunização que
já ocorria desde 2014 nas meninas. As vacinas contra HPV protegem contra
os dois subtipos do vírus mais associados com câncer. Esses HPVs oncogênicos –
16 e 18 - são também prevalentes em tumores de cabeça e pescoço, principalmente
de orofaringe.
“A contribuição de todos para esse propósito é
muito importante. Juntos, podemos amplificar e construir uma base de informação
sólida que quebre o desconhecido e gere transformação. Queremos que a
informação correta e atualizada sobre o câncer de cabeça e pescoço chegue a
todos os profissionais de saúde e para a população em geral”, reforça Thiago
Bueno.
PALPÁVEL E VÍSIVEL, MAS
DIAGNOSTICADO TARDIAMENTE
Ao contrário do que ocorre em outros órgãos, quando
o câncer acomete a região de cabeça e pescoço, a doença pode ser visível ou
palpável. Apesar disso, os sinais não são percebidos na maioria dos casos. No
Brasil, 8 entre 10 casos de câncer que acometem, por exemplo, a cavidade oral, são
descobertos já em fase avançada. Como consequência, o diagnóstico tardio
resulta em menor chance de controle da doença, pior qualidade de vida para o
paciente, maiores taxas de morbidade e mortalidade, maior risco de mutilação em
razão da necessidade de cirurgias mais extensas, maior complexidade de outras
modalidades de tratamento e maior demanda por reconstrução facial, assim como
mais desafios na reabilitação do paciente.
Em meio a este cenário, o Grupo Brasileiro de
Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP), em alusão ao Julho Verde, mês de
conscientização sobre a doença, trouxe a campanha “Sinais que podem mudar
histórias”, com ações que buscam o envolvimento da sociedade, imprensa,
gestores e profissionais da saúde, formadores de opinião e educadores para que
o máximo de pessoas, de todas as faixas de idade, conheçam a doença e saibam
sobre as causas, sintomas, como prevenir e como fazer o autoexame para
identificar alterações suspeitas.
A missão com a campanha é contribuir diretamente na
difusão de informação diferenciada sobre a doença, fatores de risco e sintomas.
“Além de apontar para quais sinais todos nós devemos estar atentos, vamos
alertar para a associação destes tumores com tabagismo, consumo de álcool e
infecção pelo vírus HPV. Sempre com um conteúdo didático, referenciado e
qualificado, com linguagem acessível a todos”, afirma Aline Lauda Chaves,
oncologista clínica e diretora do GBCP.
QUAIS SÃO OS SINAIS?
Os principais sinais de alerta para câncer de
cabeça e pescoço são:
- Ferida na boca que não cicatriza (sintoma mais
comum)
- Dor na boca que não passa (também muito comum, mas em fases mais tardias)
- Nódulo persistente ou espessamento na bochecha
- Área avermelhada ou esbranquiçada nas gengivas, língua, amígdala ou
revestimento da boca
- Irritação na garganta ou sensação de que alguma coisa está presa ou entalada
na garganta
- Dificuldade para mastigar ou engolir
- Dificuldade para mover a mandíbula ou a língua
- Dormência da língua ou outra área da boca
- Inchaço da mandíbula que faz com que a dentadura ou prótese perca o encaixe
ou incomode
- Dentes que ficam frouxos ou moles na gengiva ou dor em torno dos dentes ou
mandíbula
- Mudanças na voz
- Nódulos ou gânglios aumentados no pescoço
- Perda de peso
- Mau hálito persistente
Vale ressaltar que a existência de qualquer dos
sinais e sintomas pode sugerir a existência de câncer, cabendo ao médico
avaliar a necessidade de se pedir outros exames para confirmar ou não o
diagnóstico. Muitos desses sinais e sintomas podem ser causados por outros tipos
de câncer ou por doenças benignas. É importante consultar o médico ou o
dentista se qualquer desses sintomas persistir por mais de duas semanas. Quanto
mais cedo for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, maiores são as
chances de sucesso:
A DOENÇA NO BRASIL E NO MUNDO
A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer
(IARC/OMS) aponta que são esperados mais de 1,5 milhão de novos casos de câncer
de cabeça e pescoço no mundo em 2024, sendo assim o quinto câncer mais
prevalente. Considerando todos os tipos de tumores que acometem a região de
cabeça e pescoço, são mais de 460 mil mortes anuais.
No Brasil, os tipos mais comuns de câncer de cabeça
e pescoço nos homens são os de cavidade oral e laringe nos homens e de
tireoide, nas mulheres. As estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA)
para cada ano do próximo triênio (2023-2025) apontam para 41 mil novos casos de
câncer de cabeça e pescoço. Na lista dos dez tipos mais comuns em homens e
mulheres no país, os tumores na região mais comuns são cavidade oral e laringe
(homens) e tireoide (mulheres).
HOMENS |
MULHERES |
||
Próstata |
71.730 |
Mama |
73.610 |
Colorretal |
21.970 |
Colorretal |
23.660 |
Pulmão |
18.020 |
Colo do útero |
17.010 |
Estômago |
13.340 |
Pulmão |
14.540 |
Cavidade
Oral |
10.900 |
Tireoide |
14.160 |
Esôfago |
8.200 |
Estômago |
8.140 |
Bexiga |
7.870 |
Corpo do útero |
7.840 |
Laringe |
6.570 |
Ovário |
7.310 |
Linfoma não Hodgkin |
6.420 |
Pâncreas |
5.690 |
Leucemia |
6.390 |
Linfoma não Hodgkin |
5.620 |
POR
QUE DIAGNOSTICAR PRECOCEMENTE É TÃO IMPORTANTE?
Dados sobre câncer de cavidade oral e laringe do levantamento SEER,
do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos (NCI), apontam que em apenas
26% dos casos o câncer de cavidade oral é diagnosticado com a lesão ainda
restrita ao local. Por conta da alta prevalência de diagnóstico tardio, a taxa
de cura (o paciente estar vivo cinco anos após o diagnóstico) é de 69%.
Os dados mostram que 87,5% dos pacientes estão
vivos cinco anos após o tratamento quando o tumor era inicial, localizado
apenas no órgão. Quando a doença se espalha pelos linfonodos a taxa de
sobrevida em cinco anos cai para 69,5%. Com doença à distância (metástase) a
taxa é de 37,8%.
A triagem para o diagnóstico do câncer de cavidade
oral começa na saúde primária, pelo exame clínico (visual) durante consulta ou
durante atendimento com o dentista. A confirmação deste diagnóstico depende da
biópsia. Esse procedimento, na maioria das vezes, pode ser feito de forma
ambulatorial, com anestesia local, por um profissional treinado. A análise do
material retirado em biópsia é feita pelo médico patologista, responsável por
definir o subtipo e grau de agressividade.
Alguns exames de imagem, como a tomografia
computadorizada, também auxiliam no diagnóstico, e, principalmente, ajudam a
avaliar a extensão do tumor. O exame clínico associado à biópsia, com o estudo
da lesão por tomografia (nos casos indicados) permite ao cirurgião definir o tratamento
adequado. As lesões muito iniciais podem ser avaliadas sem a necessidade de
exame de imagem num primeiro momento.
https://www.gbcp.org.br/
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