Pesquisa mostra que na estação a coceira nos olhos piora o ceratocone de 64%. Entenda.
A previsão do INMET
(Instituto Nacional de Meteorologia) para este inverno é de frequentes
inversões térmicas e persistente baixa umidade do ar, entre 20% e 30% em parte
da região sudeste e na região centro-oeste. Neste clima, o oftalmologista
Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier, primeiro
hospital especializado em Oftalmologia da América Latina, afirma que a maior
concentração de poluentes no ar causa doenças nas vias respiratórias como asma,
sinusite ou rinite. “Com frequência provocam alergia e coceira nos olhos,
principal fator de risco para desenvolver o ceratocone”, pontua. Na opinião do
especialista que é membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) e faz
parte da Sociedade Internacional de Ceratocone (IKA, na sigla em inglês) isso
explica porque o número de pessoas com ceratocone não para de crescer no mundo.
Dados da Organização Mundial de Alergia (OMA) revelam que hoje 40% da população
mundial têm alguma condição alérgica e a estimativa da OMS (Organização Mundial
da Saúde) é de que até 2050 metade da população global vai ter algum tipo de
alergia e 40% das doenças alérgicas repercutem nos olhos.
Alergia nos olhos atinge 64%
Para se ter ideia,
levantamento realizado nos prontuários de 319 pacientes que tratam ceratocone
no hospital, mostra que 204 deles ou 64% têm alergia nos olhos quando são
expostos às variáveis ambientais frequentes no inverno - frio, vento e poeira.
Queiroz Neto explica que coçar os olhos é o maior fator de risco do ceratocone,
uma degeneração na córnea, lente externa do olho, que tem aumentado ano a ano
por conta do desequilíbrio ambiental.
O que é o ceratocone
O
oftalmologista explica que normalmente a
córnea tem formato esférico e focaliza as imagens que capta sobre a retina. “No
ceratocone ocorre o desbridamento das fibras de
colágeno do estroma, camada intermediária e mais espessa que dá sustentação à
córnea”, afirma.
A condição
geralmente surge na adolescência, mas pode ocorrer na infância ou em jovens
adultos e progressivamente afina a córnea.
“Estas
alterações fazem o formato esférico da córnea se tornar cônico. Por isso, as
imagens passam a ser focalizar em diferentes pontos da retina”, elucida.
“Caracterizado
por miopia, dificuldade de enxergar à distância, e astigmatismo irregular que
torna a visão desfocada para perto e longe, o ceratocone é a maior causa de
transplante de córnea Brasil mesmo com todos os avanços tecnológicos que foram
incorporados pela Oftalmologia nos últimos anos”, salienta
Diagnóstico
Queiroz Neto
afirma que o diagnóstico do ceratocone inclui exame de refração, paquimetria
óptica que mede a espessura da córnea sem tocar nos olhos e a tomografia de
coerência óptica (OCT, na sigla em inglês) exame de imagem preciso que avalia
as cinco camadas da córnea. No início, a condição é corrigida com óculos, mas
conforme progride a correção visual só é possível com lentes de contato rígidas
que aplanam a córnea e melhoram a nitidez das imagens que chegam à retina.
Tratamentos
Quando o ceratocone é diagnosticado na fase inicial pode ser corrigido com óculos. Conforme a condição progride os óculos são substituídos por lentes de conta rígidas.
Queiroz Neto
afirma que o único tratamento que interrompe a progressão do ceratocone é o
crosslink – uma associação de riboflavina (vitamina B2) e radiação UV
(ultravioleta) para tornar a córnea até três vezes mais resistente e
interromper a evolução da doença.
O especialista
destaca que em muitos pacientes além de interromper a evolução também melhora a
visão em até duas linhas na carta de Snellen. A má notícia, observa, é que em
crianças um atraso de apenas seis meses já pode ser o suficiente para indicação
de transplante. Além disso, nem todos os pacientes respondem bem ao tratamento.
“Este é o caso dos que tem cones periféricos. Isso porque, a luz UV é aplicada
em um plano perpendicular e atinge com menos intensidade a periferia da
córnea”, esclarece.
Excimer laser utilizado em cirurgia refrativa associado ao crosslink é outra opção elencada pelo especialista para diminuir o astigmatismo irregular e ao mesmo tempo interromper a progressão.
Implante de ICL uma microlente que é introduzida no olho para corrigir a refração de pacientes que estão com o ceratocone estabilizado há pelo menos um ano. Queiroz Neto explica que a cirurgia não altera a fisiologia do olho e por isso não causar olho seco.
Implante de anel intraestromal que aplana a córnea, melhora a adaptação da lente de conto e a
acuidade visual.
Sinais de alerta
O
oftalmologista ressalta que quando o ceratocone surge na infância tem
progressão bastante rápida e os pais devem estar atentos aos sinais de alerta
que indicam necessidade de consulta oftalmológica imediata. Os principais são:
· Apertar os olhos em locais ensolarados. A fotofobia pode
sinalizar o início de ceratocone
· Manchas branca na córnea que fica sobre a íris, parte
colorida do olho.
· Borda descolorida ao redor da parte frontal do olho (anel
de Fleischer).
· Dificuldade de enxergar à noite.
· Visão dupla.
· Dor, ardência e vermelhidão nos olhos.
· Coçar os olhos com frequência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário