Mudanças físicas, emocionais e sociais que ocorrem ao longo dos anos podem ser gatilhos para o desenvolvimento e a piora em quadros psiquiátricos; depressão é o que mais afeta pessoas dessa faixa etária
Os transtornos mentais podem acometer as pessoas em
qualquer fase da vida, desde a infância até a terceira idade. Nos idosos, a
condição mental predominante é a depressão. Segundo a edição mais recente da
Pesquisa Nacional da Saúde, o ranking de quadros depressivos é liderado pelas
pessoas acima dos 60 anos no Brasil.
De acordo com o Dr. Ariel Lipman,
médico psiquiatra e diretor da SIG - Residência Terapêutica, as
mudanças físicas, emocionais e até mesmo sociais que ocorrem durante o
envelhecimento afetam diretamente a saúde mental dos idosos. “São diversos os
fatores que podem contribuir para o desenvolvimento e a piora de doenças
mentais, que vão além da depressão, nessa etapa da vida”, explica.
A principal condição mental que afeta esse público
é de fato a depressão, mas ela não está sozinha. Segundo o especialista,
problemas como demência, esquizofrenia, transtorno bipolar e síndrome do pânico
também fazem parte dessa lista. “Quando falamos de pessoas na terceira idade,
estamos falando de seres que frequentemente já passaram por perdas, situações
traumáticas, além das naturais alterações biológicas, ou seja, são gatilhos de
diversos tipos”, completa.
Para tentar minimizar os danos comuns causados ao
longo da vida, é importante falarmos sobre o envelhecimento saudável, que
engloba suporte emocional, conexões sociais e a realização de atividades
físicas e mentais. “Outro ponto importante é que os idosos mantenham o acesso
aos cuidados de saúde, que muitas vezes podem ser deixados de lado”, orienta o
Dr. Lipman.
Envelhecimento ativo
O envelhecimento saudável nada mais é do que
envelhecer cultivando bons hábitos, o que inclui uma alimentação adequada, a
realização de atividades físicas e boa qualidade de sono. “Nada muito diferente
do que todo mundo deve fazer, independentemente da idade, mas não podemos
esquecer que são pessoas mais sensíveis e com a saúde mais frágil”, ressalta.
Dentro desse envelhecimento ativo, o convívio
social também é um diferencial. O Dr. Lipman comenta que, durante a vida, as
pessoas vão se afastando de amigos e familiares, pois os filhos se casam, saem
de casa, constroem suas próprias famílias, os amigos se distanciam, ou até
mesmo morrem. “É completamente possível, no entanto, criar novos laços,
realizando atividades em grupo. Além disso, a família tem um papel
importante e precisa se fazer presente”.
Piora na saúde mental
Conforme o tempo passa, o coração fica mais fraco,
os ossos, os pulmões, etc. A preocupação com a saúde em geral aumenta, e o
mesmo ocorre com a saúde mental. “Aqueles que já sofrem com transtornos mentais
têm, sim, uma tendência a piorar ao longo do tempo, principalmente quando não
são acompanhados por psicólogos e psiquiatras. É como uma pessoa que a vida
inteira teve, por exemplo, problemas nos rins. Conforme ela envelhece, os
cuidados precisam ser redobrados”, compara o médico.
Além disso, existe outra questão, os idosos passam
a usar mais medicamentos para tratar condições médicas normais da idade, e
muitos desses remédios possuem efeitos colaterais psicológicos. “É pior ainda
quando a pessoa precisa combinar diferentes remédios, podendo influenciar o
estado mental”, finaliza o psiquiatra.
Sig - Sig
Residência Terapêutica,
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