Dr. Luiz Felipe de Ávila Daher, coordenador da UTI do Hospital Unimed Araxá, afirma que o ato é fundamental para oferecer uma segunda chance de vida a muitos pacientes
No Brasil, mais de 60 mil pessoas aguardam por um gesto de
solidariedade que pode salvar vidas: o transplante de órgãos ou tecidos. Os
números do Ministério da Saúde sobre a fila de espera destacam a urgência de
pacientes com condições graves, como insuficiência hepática, renal ou cardíaca
e que correm risco de vida.
Segundo o médico intensivista, Luiz Felipe de Ávila Daher,
coordenador da UTI do Hospital Unimed Araxá e Conselheiro Administrativo da
Unimed Araxá, a doação de órgãos é fundamental para oferecer uma segunda chance
de vida a muitos pacientes. “O Brasil é o segundo maior transplantador de
órgãos do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e possui o maior sistema
público de transplantes do mundo. Em 2020, por exemplo, mesmo com a pandemia de
Covid-19, foram realizados mais de 15 mil transplantes no país, sendo 6.447 de
órgãos sólidos (rim, fígado, coração, pulmão, pâncreas e intestino) e 8.690 de
tecidos (córnea, pele, osso, tendão, válvula cardíaca e medula óssea). Esses
números só foram possíveis graças à doação de 3.760 pessoas, sendo 2.700
falecidas e 1.060 vivas”, comenta o médico.
Legislação e recusa
Órgãos e tecidos podem ser captados de pessoas vivas, como
rins, fragmentos do fígado ou pulmão, e, mais comumente, de pessoas que tiveram
morte cerebral. A legislação brasileira estabelece critérios específicos para a
doação.
Apesar dos avanços, a recusa familiar é um grande desafio.
Em 2022, a taxa atingiu 47%, a maior em uma década. “A decisão cabe
exclusivamente à família, destacando a importância de diálogos antecipados
sobre a vontade de ser doador. As principais razões para a recusa são a falta
de informação, desconhecimento da vontade do falecido, desconfiança no sistema
de saúde e questões religiosas”, comenta Dr. Luiz Felipe.
Desmistificar alguns conceitos pode ser crucial para
incentivar a doação de órgãos. “A doação é voluntária, gratuita e não traz
benefício financeiro para o doador ou sua família. Além disso, a retirada dos
órgãos é feita com cuidado, respeitando a aparência do corpo do doador, e a
distribuição é justa e transparente, seguindo critérios técnicos e éticos”,
explica.
A doação de órgãos é um procedimento
seguro e regulamentado, seguindo normas e protocolos do Sistema Nacional de
Transplantes. “É essencial falar sobre o assunto e, cada vez mais, informar a
população sobre a importância desse gesto que salva vidas”, finaliza.
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