Pacientes
diagnosticados com doenças crônicas, enfrentam, além do tratamento, problemas
emocionais e de autoestima.Freepik
Marcado por doenças como Lúpus, Fibromialgia e
Alzheimer, o mês que discute, orienta e esclarece dúvidas sobre casos crônicos,
começa a dar visibilidade à outras patologias, principalmente as
dermatológicas. Doenças como: Acne, Rosácea, Melasma, Psoríase e Dermatite
Atópica, são mais comuns do que parece e afetam muitas áreas da vida, causando,
além dos transtornos com a saúde, problemas com autoestima, relacionamentos,
trabalho, estudo, entre outros, devido aos aspectos visíveis da doença.
De acordo com a Dra. Paula Sian, médica dermatologista,
muitas destas doenças se desenvolvem de forma rápida e avançam
exponencialmente, se não controladas com medicamentos e acompanhadas por
profissionais. “Em meu consultório, recebo quase
que diariamente
pacientes com sintomas de doenças crônicas, e quando recebem o diagnóstico,
percebemos o quanto ficam abalados emocionalmente, o que contribui ainda mais
para o agravamento do problema. Por isso, na clínica, sempre que necessário,
associamos o tratamento com encaminhamentos para atendimento psicológico” –
explica.
Em seu consultório e redes sociais, Paula busca dar
mais visibilidade a doenças crônicas, explicando as causas, tratamentos e
principalmente como conviver de forma saudável com elas. No campo da
dermatologia, as doenças crônicas mais comuns são:
Melasma
É uma doença de pele crônica benigna
caracterizada pelo surgimento de manchas escuras no rosto e colo, devido a
hiperpigmentação em regiões específicas. A melanina é uma proteína que
garante a coloração da pele e evita os danos da radiação ultravioleta no DNA,
porem quando há a hiperpigmentação, surgem manchas escuras principalmente em
regiões que ficam expostos ao sol, como rosto.
Com poucas ocorrências em homens, o melasma se
desenvolve normalmente em gestantes, peles negras e pardas, e pessoas com
exposição ao sol por longos períodos sem proteção, além de paciente com
históricos familiares. Como não há cura, o controle deve ser feito com
fotoproteção, uso de cremes, ácidos, peelings, laserterapia, e acompanhamento
médico, entre outros.
Psoríase
Trata-se de manchas avermelhadas na epiderme, com
escamações e crostas. A psoríase é autoimune e cíclica, ou seja, os sintomas
aumentam e diminuem de acordo com os níveis de estresse.
As características mais comuns são manchas
avermelhadas e com escamação da pele em regiões especificas, coceira,
queimação, pele ressecada e em casos mais complexos presença de sangramento na
região, inchaço, rigidez e deformidades na região. O tratamento exige uso de
medicamentos em creme e pomadas, em casos mais graves uso de injeções ou
comprimidos, tratamentos biológicos (chamados anti-TNFs (como adalimumabe,
certolizumabe-pegol, etanercepte e infliximabe), anti-interleucina 12 e 23
(ustequinumabe), os anti-interleucina 17 (secuquinumabe e ixequizumabe) e
os anti-interleuciina 23 (guselcumabe e risanquizumabe), fototerapia e
tratamento psicológico, uma vez que problemas emocionais podem agravar o
quadro.
Lúpus cutâneo
Também autoimune, o principal aspecto da
enfermidade são manchas avermelhadas e com descamação na região da face,
formando uma espécie de desenho de borboleta e em casos específicos pode
ocorrer inchaço e atrofia na região. A doença causa dor e pode afetar
outras áreas do corpo, e até órgãos, comprometendo a saúde e vida do paciente.
O tratamento deve ser individualizado e em conjunto
com outras especialidades como reumatologia e requer diagnósticos com exames
laboratoriais. Como trata-se de uma doença crônica, o objetivo do tratamento é
controlar a manifestação e evolução da doença.
Acne
Embora, na maioria dos casos, seja uma doença de
fácil controle, a acne é uma doença crônica inflamatória do folículo
pilossebáceo, que produz o sebo da pele, e que em excesso, acarreta no
surgimento das erupções subcutâneas. Outros fatores para o surgimento da acne
são estresse, má alimentação, uso de métodos contraceptivos sem indicação
médica, alterações hormonais e privação de sono. A falta de tratamento
adequado e o agravamento pode gerar cicatrizes e hiperpimentação da região.
Existem diversos tratamentos disponíveis no
mercado, entre eles estão: retinóides tópicos, Peróxido de benzoíla,
antimicrobianos tópicos, ácido azeláico, antibióticos orais, isotretinoína
oral, antiandrogênico oral.
Rosácea
É uma doença vascular inflamatória crônica, com
remissões e exacerbações. As principais características são inchaço,
vermelhidão, pequenas erupções semelhantes a acne e atinge principalmente a
face. Ainda não há uma causa especifica, mas já é sabido que a rosácea se
desenvolve mais em mulheres que homens, e principalmente em peles brancas. Há
também o histórico familiar que pode apontar alguma hereditariedade. O
distúrbio também está ligado ao estresse e é comum que o quadro se agrave quando
o paciente passa por momentos emocionais delicados.
Por não ter cura, é importante manter uma dieta não
inflamatória, fazer uso de medicamentos tópicos, orais lasers e proteção solar.
A recomendação é seguir as orientações médicas, antes de se arriscar em
procedimentos estéticos sem comprovação de eficácia.
Dermatite Atópica
Representada por lesões e coceira, a dermatite
atópica é hereditária e atinge mãos, braços, articulações dos joelhos e pernas,
em casos graves, pode aparecer em todas as regiões do corpo. A mazela
manifesta-se de forma particular, em alguns pacientes é recorrente e em outros
pode ter intervalo de anos ou meses. Manifesta-se sempre que ocorre alterações
na derme e epiderme, disfunções imunológicas, alterações celulares, além de
alterações de bactérias presentes na pele.
Pacientes com dermatite atópica devem evitar banhos
quentes e demorados, uso de sabonetes na região lesionada e manter a pele
sempre hidratada, por meio de hidratantes, loções, óleo e ingestão de líquidos
frequentemente. O controle está no uso de medicamentos antihistamicos e
compressas frias.
Para todas elas existem protocolos extremamente
eficientes para controle e redução dos aspectos físicos, porém, para um
tratamento efetivo, é preciso que o paciente esteja atento e leve a sério os
cuidados, principalmente às consequências psicológicas dessas doenças. Por
isso, a principal recomendação para casos crônicos é que os tratamentos sejam
associados sempre à outras especialidades e com acompanhamento psicológico e
terapêutico.
É importante ressaltar que métodos caseiros podem
causar frustrações e piorar a patologia. “As pessoas precisam mudar a
visão do atendimento dermatológico e não buscar tratamento apenas quando estão
com a pele comprometida, mas ter um olhar preventivo e sistêmico para diversas
questões. Independente do problema, se tratado do início, as chances de avanço
reduzem em 80%” – explica a dermatologista.
Independente da doença, quando se é diagnosticado com algo crônico, o primeiro passo é manter a calma, entender que há controle e que é possível viver bem com o diagnóstico e que ele não pode influenciar em sua vida. As doenças crônicas existem e ninguém está imune a elas, por isso, é muito importante que haja empatia, que existam oportunidades disponíveis e que as pessoas estejam dispostas a viver além da doença.
Dra. Paula Sian - Dermatologista desde 2007, Paula Sian Lopes é formada pela Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP), onde também fez residência em Clínica Médica e Dermatologia. Especializou-se em Farmacodermia e Dermatoses Imunoambientais na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e em Medicina Chinesa e Acupuntura na Associação Médica Brasileira de Acupuntura (AMBA). Desde 2011, Paula atende em seu consultório próprio com o viés em Dermatologia clínica, estética e cirúrgica, tanto para adultos como crianças. Além disso, a especialista realizou serviços voluntários no ambulatório de alergias da UNIFESP, de 2013 a 2017. A médica também é escritora e acaba de lançar o “Um burnout para chamar de seu”, um livro que relata, pelo ponto de vista do paciente como é conviver com o burnout.
CRM: 111963-SP RQE Nº: 38348
https://www.instagram.com/drapaulasianlopes/
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