Estão aumentando os casos de arboviroses - dengue, chikungunya e zika - não
apenas no Brasil, mas em toda a região das Américas. O número de casos de dengue no Brasil pode chegar a 5 milhões, em
2024, segundo estimativa do Ministério da Saúde
“O Brasil tem sido vítima de uma série adicional de infecções causadas por
vírus que nos são transmitidos pela picada de mosquitos. É importante que a
população afetada saiba que os laboratórios de Patologia Clínica e a indústria
do setor possuem hoje uma série de testes capazes de identificar qual vírus
está infectando a pessoa e de forma mais rápida. Assim, auxiliam no tratamento
dos pacientes, com a escolha certa do tratamento e contribuem para o registro
de casos, ampliando -se o conhecimento da epidemiologia das doenças e
consequentemente, a melhor forma de prevenção”, pontua o médico Dr. Celso
Granato, infectologista pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e
especialista e membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina
Laboratorial (SBPC/ML).
Sintomaticamente, as infecções agudas por zika, dengue e chikungunya são muito
semelhantes e não é confiável o diagnóstico destas doenças apenas pelo quadro
clínico. “É necessário fazer exames etiológicos, em particular, a RT-PCR na
fase aguda da doença ou através da detecção do antígeno viral, no caso da
dengue’,
explica João Renato Rebello Pinho, coordenador médico do Laboratório Clínico do
Hospital Israelita Albert Einstein e membro da Sociedade Brasileira de
Patologia Clínica / Medicina Laboratorial (SBPC/ML).
Normalmente, os testes existentes detectavam a presença do vírus no organismo a
partir do 4ª dia de sintoma, quando apareciam os anticorpos, substâncias
produzidas pelo próprio organismo para combater a infecção. Mas os testes de
antígenos disponíveis hoje conseguem o diagnóstico muitas vezes a partir do
primeiro dia da
infecção, por conta de glicoproteínas que estão sendo utilizadas para a
replicação dos vírus e já podem ser encontradas com antecedência no sangue. Já
os testes de PCR são os mais precisos, mas por serem mais caros, nem sempre são
a primeira opção.
Em menor ou maior escala estão disponíveis à disposição dos clínicos e da
população, os seguintes testes:
- Febre amarela - sorologia (IgG e IgM) e teste molecular
(PCR) - está disponível na maior parte das regiões em laboratórios públicos de
referência, mas em alguns estados em laboratórios privados;
- Dengue - Teste para antígeno viral NS1 (antes do 5º dia)
e sorologia IgG / IgM (após o 6º dia de sintomas). O teste molecular - RT PCR
detecta o RNA viral e caracteriza a presença dos quatro tipos do vírus (1, 2, 3
e 4) no período sintomático da infecção até o 5º dia. A detecção do RNA viral
geralmente precede à produção de anticorpos específicos, e mesmo à detecção do
antígeno NS1. É o único exame que identifica o vírus e que não sofre alteração
caso o paciente tenha tido alguma infecção anterior por outro sorotipo. É
importante fazer uma leitura precisa do resultado, já que o RNA viral pode se
tornar negativo após alguns dias de sintoma. Portanto, o RT PCR não é em geral
o exame de primeira escolha para casos com mais de uma semana de sintomas;
- Chikungunya - O teste molecular RT PCR pode ser
realizado a partir do primeiro dia da doença e permanece positivo nos primeiros
oito dias da doença. A sorologia IgG/IgM deve ser realizada a partir do 4º dia
do início dos sintomas;
- Zika -Teste molecular - em amostras de sangue (1º e 5º
dia) e urina (1º e 8º dia) do início dos sintomas, após este período por
sorologia IgM e IgG.
Os testes moleculares do tipo RT PCR são mais
diretos e evitam o “falso-positivo” dos testes rápidos (Imunocromotografia),
além de não sofrerem reações cruzadas com outros vírus da mesma família.
"Existem exames de RT-PCR que fazem a detecção destes três agentes de uma
só vez que podem ser uma boa opção para casos em que não haja nenhuma suspeita
epidemiológica, ou seja, não há muitos casos de um mesmo tipo de infecção na
região e não fica uma “dica” da possível infecção”, finaliza o coordenador
médico e associado da SBPC/ML, dr. João Renato Rebello Pinho.
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