Embora haja avanços, defensor público destaca que há muito a ser feito para garantir maior acessibilidade durante a festa de Momo
O carnaval já começou em vários cantos do país e, além de arrastar
milhares de foliões, deve se destacar este ano também pelo compromisso
crescente de blocos e agremiações com a inclusão das pessoas com deficiência.
Afinal, a folia deve ser para todos, sem levar em conta opção sexual, cor da
pele, nível social e características pessoais de cada indivíduo.
E são muitas as iniciativas que vão alegrar a vida dos PcDs
durante a folia de Momo, por todo o Brasil. Inspirados por experiências
bem-sucedidas de anos anteriores, blocos e agremiações estão desenvolvendo
projetos inovadores, moldando um Carnaval verdadeiramente mais acessível.
No Rio de Janeiro, por exemplo, a folia já atraiu muitos foliões
com deficiência neste último domingo (4/2) para o bloco “Foliões da
Abrace", em Copacabana. O bloco desfila desde 2018 e é uma iniciativa da
Associação Brasileira de Reabilitação e Assistência aos Cegos e Surdos
(Abrace). A madrinha do bloco é a vereadora Luciana Novaes (PT), primeira
tetraplégica a atuar na Câmara do Rio. A parlamentar perdeu os movimentos em
2003, depois de ser baleada no pátio da Universidade Estácio de Sá. Hoje, ela é
uma das mais atuantes na causa dos PcDs. “A importância de um bloco como esse é
mostrar para a sociedade que o lugar da pessoa com deficiência é onde ela
quiser estar. Nós também precisamos de diversão e o Carnaval é uma festa
genuinamente inclusiva. Todo mundo é igual, mesmo que cada um tenha as suas
particularidades”, afirma.
Em
São Paulo, a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência desenvolve o
projeto Samba Com as Mãos, que disponibiliza samba enredos com audiodescrição.
É uma referência para o público surdo, promovendo uma experiência sensorial
inclusiva para esses espectadores. O canal SMPEP SP no YouTube também realiza
transmissão com audiodescrição dos desfiles, em tempo real.
Os avanços são notáveis. Mesmo assim, o defensor público André Naves, especialista em Direitos Humanos e Sociais,
destaca que ainda há muito a ser feito para alcançarmos uma verdadeira
acessibilidade. “Muitas ruas e avenidas de nossas cidades ainda não contam com
rampas para pessoas com deficiência; nem tampouco com facilidades para PcDs nos
transportes públicos, o que dificulta os deslocamentos, inclusive durante a
folia. Mas precisamos enfatizar que a presença, por exemplo, de PcDs como
jurados nos Sambódromos do Rio e São Paulo desde 2012 reflete uma mudança
positiva. O Carnaval não é apenas uma celebração, é um símbolo de compromisso
crescente com a inclusão. Todos podem se juntar à festa. A cada batida dos
tambores, o Carnaval mostra que deve ser verdadeiramente uma celebração para
todos. Afinal, a alegria não conhece limites”, pontua Naves.
Acessibilidade e inclusão em blocos pelo país
Em São
Paulo, o Grupo Chaverim, que funciona na sede da Hebraica, terá um bloco de
Carnaval formado por participantes da instituição. O desfile será no sábado de
carnaval (10/2), com o tema “Carnaval da Bahia é no Chaverim”. Outro bloco
paulistano inclusivo é o “Carnacenha”, que reúne pessoas especiais da entidade Cenha. Já em Osasco, o
bloco Cores em Você promete mais uma vez levar diversão às pessoas com
deficiência nesta sexta-feira (9/2). Além disso, vários outros blocos por todo
o estado terão alas especialmente preparadas para receber PcDs.
No Rio de Janeiro, além do Foliões da Abrace, outros cinco blocos estão dedicando esforços para garantir a participação ativa de pessoas com deficiência no carnaval: “Loucura Suburbana”, “Tá Pirando, Pirado, Pirou!”, “Bloco dos Dinos”, “Embaixadores da Alegria” e “Senta que eu te Empurro”. A cidade, que já é palco da escola de samba Embaixadores da Alegria desde 2003, lidera o caminho da inclusão carnavalesca.
Belo Horizonte (MG) também se une à causa, com quatro blocos
inclusivos: "Apaetucada", "Chega o Rei", "Todo Mundo
Cabe no Mundo" e o bloco "Tamborins Tantãs".
Em Recife, o Camarote da Acessibilidade no desfile do “Galo da
Madrugada” reforça o compromisso com a celebração inclusiva.
Em Salvador (BA) a inclusão se manifesta também nos camarotes
acessíveis, proporcionando conforto e segurança para foliões com deficiência.
Em Brasília, o “Bloco do Prazer”,
que desfila na Praça dos Prazeres, na Asa Norte, contará com
acessibilidade, espaços exclusivos, intérpretes de Libras e audiodescrição ao
vivo.
São Luiz (MA) também se destaca com o projeto "Carnaval de
Todos", que desde 2015 promove ações de acessibilidade, incluindo
banheiros adaptados, rampas e intérpretes de Libras.
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