A estação mais quente do ano costuma trazer um crescimento nos
casos de intoxicação alimentar. Com tanto calor, é na praia que muitas pessoas
vão se refrescar. Nestes locais ao ar livre, entretanto, a atenção com o que se
come deve ser redobrada, porque as altas temperaturas favorecem a proliferação
de microrganismos que podem causar intoxicação alimentar. Para evitar o consumo
de alimentos contaminados, é preciso se atentar às condições de higiene em que
são preparados e a forma como são armazenados e servidos. A procedência da água
consumida também deve ser observada e o recomendado é sempre optar por produtos
lacrados e bem higienizados antes de serem utilizados.
De acordo com a Dra. Maira Marzinotto, gastroenterologista do
Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a
maioria das bactérias morre quando submetidas a altas temperaturas. Por isso, é
preferível escolher alimentos que sejam cozidos e assados. Ostras e mariscos
são alguns exemplos não recomendados de alimentos servidos crus. Produtos como
a salada de maionese também não são uma boa pedida na praia, pois estragam
rapidamente quando ficam muito tempo fora da geladeira. O mesmo acontece com
alguns queijos, como o coalho, ou com o leite condensado, usado em doces,
drinks ou como cobertura na salada de frutas.
Algumas opções de lanches encontrados na praia são fornecidas por
ambulantes. Como nem sempre eles contam com boa estrutura ou caminham muito sob
o sol, a qualidade dos produtos deve ser analisada com cuidado. “Os alimentos
in natura, lanches naturais e sorvetes, por exemplo vendidos em quiosques e por
ambulantes devem estar bem acondicionados em ambientes com boa refrigeração. Se
não for possível evitar de consumir produtos como molhos, pastas e cremes, é
fundamental conferir se esses produtos respeitam os prazos de validade
estabelecidos pelos fabricantes. Não aceite produtos com embalagens danificadas
e limpe as tampas das latas de alumínio antes de beber direto da latinha”,
orienta a gastroenterologista.
Virose e intoxicação alimentar: quando
procurar o médico? A virose, ou gastroenterite viral, é causada por vírus como o
adenovírus e o rotavírus, e é adquirida pelo contato com uma pessoa doente, cujos sintomas são diarreia e, em casos
mais intensos, vômitos e febre. A gastroenterite bacteriana, em geral, é
causada por água ou verduras contaminadas por bactérias enteropatogênicas (que podem causar a diarreia). No caso da intoxicação alimentar, originada por
comidas deterioradas devido ao calor, o problema
ocorre pela ingestão de um alimento contaminado por toxinas ou agrotóxicos.
Ela tende a ser mais precoce e ter uma duração
mais curta. O mais importante quando começar a se sentir mal é tomar bastante
água e descansar. “A desidratação é uma complicação possível em qualquer um dos
casos. Se os sintomas forem leves e não persistirem por mais de três dias, é provável
que seja um quadro simples. Mas, se houver um grande desconforto como febre
(maior que 38.8º em adultos ou 38.3º em crianças), sangue nas fezes, diarreia
que se estende por mais de três dias, fraqueza, sede excessiva e vômitos sem
controle é importante buscar ajuda de um especialista e evitar a
automedicação”, alerta a especialista.
Alimentos saudáveis com menor risco de
contaminação: uma
boa opção de alimento cozido vendido nas praias é o milho verde. Os grãos são
fontes de fibras e carboidratos, além de proporcionarem a sensação de
saciedade. É preferível consumi-los sem manteiga, que pode azedar no calor.
Sanduíches leves também são alternativas saudáveis, mas o ideal é levá-los de
casa para diminuir o risco de contaminação. Ao preparar o sanduíche, escolha o
recheio como uma pasta de ricota, frango desfiado ou atum. Não acrescente
maionese à mistura e armazene em saquinhos herméticos dentro de uma bolsa
térmica. Frutas resistentes ao calor, como banana, maçã, melão, manga e uva são
opções de alimentos que podem ser levados para o consumo na praia, mas precisam
ser corretamente armazenados. “Se o consumo acontecer após uma hora ao sair de
casa, os alimentos devem ser acondicionados em um isopor ou bolsa térmica,
sempre acompanhados de gelo. As frutas secas e oleaginosas, como amêndoas e
castanhas, são opções práticas porque não concentram muita água, o que as torna
menos propensas a estragar. Entre as bebidas, a água de coco é uma ótima
escolha para manter o corpo hidratado no verão, assim como os sucos naturais”,
sugere.
Atenção ao gelo: o gelo industrializado dá uma certa segurança ao consumidor
porque ele tem que obedecer aos pré-requisitos determinados pela legislação
sanitária para ser comercializado, o que inclui a utilização de água potável e
o acondicionamento do produto em embalagens higienizadas. “A contaminação do
gelo acontece de diferentes formas, e pode ocorrer através da presença de
microrganismos patogênicos presentes em água de má qualidade, equipamentos
contaminados ou mesmo no manuseio em condições suspeitas de higiene. É
importante que a produção de gelo em casa seja feita com higiene e cuidado. Já
para os que são comercializados em pacotes, a atenção precisa ser redobrada e o
produto ter procedência garantida e boa qualidade”, diz a gastroenterologista.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
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