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Juliano Gonçalves,
engenheiro eletricista e Head da Divisão de Cabos da Megger no Brasil fala da
realidade brasileira e sugere uma opção não utópica para solucionar este
problema recorrente.
Como resolver o problema de confiabilidade das redes aéreas de energia? É factível esperar que 17 mil km de rede aérea seja convertida para subterrânea? Como ficam os desafios financeiros, geográficos e regulatórios para viabilizar melhorias e enfrentar as crescentes demandas de uma sociedade cada vez mais dependente da energia elétrica? Juliano Gonçalves é engenheiro eletricista, Head da Divisão de Cabos Megger Brazil e, há 25 anos, atua no mercado de energia com foco em confiabilidade de redes, melhoria de desempenho e redução de custos.
Com vasta experiência no setor de energia, Juliano foi o
responsável pela Rede Subterrânea da cidade de
São Paulo, liderando a conversão de rede aérea por subterrânea das avenidas
Rebouças, 9 de Julho, Cidade Jardim, Faria Lima e das ruas Amauri e Oscar Freire,
entre os anos de 2003 e 2006. Liderando a iniciativa da AES Eletropaulo (hoje
Enel de São Paulo), ele viu de perto os inúmeros desafios enfrentados pela
equipe, moradores, comerciantes e transeuntes locais. “Este projeto durou cerca
de três anos, mobilizou um exército de profissionais e tornou tudo caótico.
Transformou essas avenidas em um canteiro de obras e impactou todas as casas e
comércios locais para instalação de infraestrutura (eletricidade, telefone,
internet, entre outras) e ajustes com obras civil e elétrica”, lembra o
engenheiro.
Revivendo essa memória e vendo de perto os inúmeros problemas recentes em virtude da queda de árvores, vendaval, chuvas fortes, enchentes enormes e muitas horas sem energia elétrica, o engenheiro reforça que apresentar a conversão de rede aérea para subterrânea como solução de curto/médio prazo é, no mínimo, uma visão inocente, se não for populista ou parcial. “Isso sem falar dos custos associados à escavação, instalação de novos sistemas subterrâneos e remoção de infraestrutura existente são significativos e impraticáveis”, alerta.
Porém, com essas mudanças climáticas se tornando cada vez mais frequentes e severas, a vertical segurança vai saltar à vista e será um importante acelerador desse processo de mudança, inclusive porque já existem tecnologias disponíveis no mercado que podem ser aplicadas no Brasil. O especialista ainda aponta: “As soluções factíveis vão desde sensores com monitoramento, manobra remota ou automática de trechos de rede, até simulações através de Gêmeos Digitais, que permitem simular situações de catástrofes como enchentes, vendavais, terremotos, sobrecargas, perda de alimentadores, entre outros, ou o monitoramento autônomo e detalhado a respeito do crescimento e saúde das árvores semelhante ao do google street view, fornecendo informações para atuação cada vez mais preventiva do que corretiva.”
Por fim, o Head da Divisão de Cabos da Megger no
Brasil alerta que uma política de viabilização de novas redes subterrâneas nas
cidades deve ser discutida e fomentada o quanto antes, uma vez que casos como
estes, de apagões por consequência das fortes chuvas, é mais comum e frequente
e perigoso do que parece.
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