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domingo, 28 de janeiro de 2024

Não normalize a dor do seu pet

Crédito: Matheus Campos
Anestesista veterinário dá dicas de como identificar o mal-estar, sobre como proceder e o que não fazer



O animalzinho não conta verbalmente os seus sentimentos e por isso é essencial que o tutor esteja permanentemente observando o comportamento do seu pet. Esse é o primeiro critério para identificar se o animal sente dor. 

O Dr. Gabriel Aquino, anestesista do Hospital Veterinário Taquaral (HVT), em Campinas-SP, frisa que há alguns sinais óbvios que o bichinho dá quando não está bem. Alguns exemplos:


- não coloca a pata no chão;

- não busca o brinquedo;

- o gato não sobe mais na mesa;

- fica amuado;

- protege a barriga;

- tenta morder o tutor quando tocado;

- fica recluso;

- pede mais colo e atenção;

- deixa de comer,

- evita escadas etc.
 

O Dr. Aquino ressalta que as diferentes espécies demonstram dor de formas diferentes. “Um pinscher e um pitbull com dor na pata apresentam reações destoantes. O pitbull não demonstra tanto, já ao pinscher pode ser a pior dor do mundo”. Isso não quer dizer que um disfarça a dor e o outro exagera ou valoriza, mas se deve à estrutura e personalidade da raça. A dor é subjetiva. O que é forte pra um pode ser fraco pro outro. Cuidado para não subestimar a dor”, enfatiza. 

“Fique atento ao comportamento do animal. Note, o que ele fazia antes que não faz mais? Faça uma análise desse comparativo na mente e em seguida procure um veterinário. No consultório, por estar recuado e com medo, o pet pode disfarçar seus sentimentos. Muitas vezes, a avaliação eficaz feita antes em casa auxilia bastante o trabalho do veterinário”, ensina.
 

Crônica e aguda 

Há dois tipos de dor, a aguda e a crônica. A aguda é intensa e surge de repente. Pode ser resultante de um procedimento cirúrgico ou machucado. Geralmente é mais fácil de tratar. “É importante ressaltar que toda dor aguda que é mal abordada e tratada pode tornar-se crônica”, salienta. 

De acordo com Aquino, a dor crônica é caracterizada pelo processo mais longo de terapia. A dor pode não ser tão intensa quanto a aguda, mas permanece o tempo todo. Os nervos de quem a tem já estão alterados, bem como o psicológico. “O tratamento é mais difícil, custoso, exige paciência e uma equipe multidisciplinar para descobrir e uma condição multi farmacológica para cuidar. Muitas vezes requer ajustes da dosagem das medicações e experimentação de procedimentos. O tutor é integrante dessa equipe e é o mais atuante”, afirma. 

Para ser mais assertivo no tratamento da dor crônica é importante tentar conhecer a causa. Pode ser artrite, câncer ou uma cirurgia e ou procedimento anestésico mal conduzido. Há casos em que a causa até já está resolvida, mas ainda assim a dor é desencadeada”, enumera.  


A medicação sem orientação do veterinário pode desencadear outros problemas, segundo Aquino. Ele explica que há medicações para dor crônica e para dor aguda e que a troca pode provocar efeitos adversos graves dependendo de como foram ministradas.
 


Velhinho sente dor mesmo? 

Não se conforme com a dor do seu animal de estimação velhinho. Não é porque ele é idoso que lhe deve faltar qualidade de vida. A medicina veterinária sempre encontra uma maneira de garantir-lhe conforto. “Um clínico geral ou o anestesista pode examinar e indicar tratamentos que o fazem sentir-se bem. Aquino dá exemplos: acupuntura, laserterapia, fisioterapia e medicações são algumas das opções.


 

Nível da dor 

Aquino informa que a comunidade científica veterinária está em busca de estabelecer um idioma comum para identificar o nível da dor. Ele disse que existem escalas de avaliação da dor, tanto para a crônica, quanto para a aguda. “A escala é medida por meio das respostas do tutor às perguntas que são referenciais. As respostas recebem valor numérico que nivelam a intensidade do sentimento. Hoje existem até aplicativos para identificar dores dos animais”, revela. 

O importante é não considerar que a dor do seu pet seja normal e buscar o especialista para aliviar as sensações ruins do seu animal de estimação, independente da sua idade.  



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