Anestesista veterinário dá dicas de como
identificar o mal-estar, sobre como proceder e o que não fazerCrédito: Matheus Campos
O animalzinho não conta verbalmente os seus sentimentos e por isso é essencial
que o tutor esteja permanentemente observando o comportamento do seu pet. Esse
é o primeiro critério para identificar se o animal sente dor.
O Dr. Gabriel Aquino, anestesista do Hospital Veterinário Taquaral (HVT), em Campinas-SP, frisa que há alguns sinais óbvios que o bichinho dá quando não está bem. Alguns exemplos:
- não coloca a pata no chão;
-
não busca o brinquedo;
-
o gato não sobe mais na mesa;
-
fica amuado;
-
protege a barriga;
-
tenta morder o tutor quando tocado;
-
fica recluso;
-
pede mais colo e atenção;
-
deixa de comer,
-
evita escadas etc.
O
Dr. Aquino ressalta que as diferentes espécies demonstram dor de formas
diferentes. “Um pinscher e um pitbull com dor na pata apresentam reações
destoantes. O pitbull não demonstra tanto, já ao pinscher pode ser a pior dor
do mundo”. Isso não quer dizer que um disfarça a dor e o outro exagera ou
valoriza, mas se deve à estrutura e personalidade da raça. A dor é subjetiva. O
que é forte pra um pode ser fraco pro outro. Cuidado para não subestimar a
dor”, enfatiza.
“Fique
atento ao comportamento do animal. Note, o que ele fazia antes que não faz
mais? Faça uma análise desse comparativo na mente e em seguida procure um
veterinário. No consultório, por estar recuado e com medo, o pet pode disfarçar
seus sentimentos. Muitas vezes, a avaliação eficaz feita antes em casa auxilia
bastante o trabalho do veterinário”, ensina.
Crônica e aguda
Há
dois tipos de dor, a aguda e a crônica. A aguda é intensa e surge de repente.
Pode ser resultante de um procedimento cirúrgico ou machucado. Geralmente é
mais fácil de tratar. “É importante ressaltar que toda dor aguda que é mal
abordada e tratada pode tornar-se crônica”, salienta.
De
acordo com Aquino, a dor crônica é caracterizada pelo processo mais longo de
terapia. A dor pode não ser tão intensa quanto a aguda, mas permanece o tempo
todo. Os nervos de quem a tem já estão alterados, bem como o psicológico. “O
tratamento é mais difícil, custoso, exige paciência e uma equipe
multidisciplinar para descobrir e uma condição multi farmacológica para cuidar.
Muitas vezes requer ajustes da dosagem das medicações e experimentação de
procedimentos. O tutor é integrante dessa equipe e é o mais atuante”, afirma.
Para
ser mais assertivo no tratamento da dor crônica é importante tentar conhecer a
causa. Pode ser artrite, câncer ou uma cirurgia e ou procedimento anestésico
mal conduzido. Há casos em que a causa até já está resolvida, mas ainda assim a
dor é desencadeada”, enumera.
A medicação sem orientação do veterinário pode desencadear outros problemas,
segundo Aquino. Ele explica que há medicações para dor crônica e para dor aguda
e que a troca pode provocar efeitos adversos graves dependendo de como foram
ministradas.
Velhinho sente dor mesmo?
Não se conforme com a dor do seu animal de estimação velhinho. Não é porque ele é idoso que lhe deve faltar qualidade de vida. A medicina veterinária sempre encontra uma maneira de garantir-lhe conforto. “Um clínico geral ou o anestesista pode examinar e indicar tratamentos que o fazem sentir-se bem. Aquino dá exemplos: acupuntura, laserterapia, fisioterapia e medicações são algumas das opções.
Nível da dor
Aquino
informa que a comunidade científica veterinária está em busca de estabelecer um
idioma comum para identificar o nível da dor. Ele disse que existem escalas de
avaliação da dor, tanto para a crônica, quanto para a aguda. “A escala é medida
por meio das respostas do tutor às perguntas que são referenciais. As respostas
recebem valor numérico que nivelam a intensidade do sentimento. Hoje existem
até aplicativos para identificar dores dos animais”, revela.
O importante é não considerar que a dor do seu pet seja normal e buscar o especialista para aliviar as sensações ruins do seu animal de estimação, independente da sua idade.
Hospital Veterinário Taquaral – Campinas SP
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