Atualmente, o setor já movimenta mais de R$ 1,6 trilhão por ano no Brasil e tem mais de 32 milhões de clientes
Um mercado importante para os pequenos negócios e
para quem desenvolve novos serviços e produtos voltados às pessoas com 60 anos
ou mais – um contingente que já supera os 30 milhões de indivíduos. Esse é o
segmento da economia da longevidade, responsável por movimentar mais de R$ 1,6
trilhão por ano no Brasil e que deve crescer ainda mais, uma vez que as
projeções, daqui a 30 anos, sugerem que 1 em cada 4 brasileiros será idoso.
“É necessário pensar que essa parcela da população,
formada por um consumidor diferente devido às suas características fisiológicas
e sociais, tem suas deficiências físicas e cognitivas, mas tem autonomia, bom
poder aquisitivo, dentre outras características. Por isso, precisa de um
atendimento diferenciado por parte do lojista, do prestador de serviço, porque,
diferente do que muitos pensam, esse consumidor da longevidade não consome só
saúde”, explica o analista de Competitividade do Sebrae Flávio Barros.
Pensando nisso, o Sebrae elaborou um estudo que
analisa as oportunidades e tendências de mercado para essa faixa etária. Os
setores de segurança, turismo, saúde física e mental, cultura, mobilidade e
relacionamento são os que podem mais se destacar nos próximos anos. É uma
excelente oportunidade porque esse público valoriza o atendimento presencial e
personalizado, são mais fiéis do que as novas gerações, não buscam tantas
mudanças, entre outros benefícios. Flávio Barros compartilha algumas dicas para
alcançar o sucesso com os clientes mais vividos. "É muito comum
encontrarmos as lojas preparadas para atender o consumidor de faixa etária
menor, o jovem, mas não para o sênior. É necessária mais paciência do vendedor,
pois o idoso demora para se decidir, e o estabelecimento precisa ser acessível,
dentre outras coisas. No mercado digital, que o idoso consome bastante, é
importante ter anúncios com letras maiores, por exemplo."
Flávio Barros ressalta que é fundamental tornar a
experiência do consumidor mais prazerosa, que certamente ajudará na fidelização
e que ele volte mais vezes, além de promover uma divulgação interessante para a
empresa. Pensar em estratégias de filas e estacionamentos especiais, treinar a
equipe e reduzir o tempo de espera contribui para a satisfação do idoso. “Uma
comunicação direcionada, listas de transmissão e a busca pelo feedback chamam a
atenção desse público e faz com que ele se sinta valorizado”, completa o
analista.
Inovação
Por ser um mercado que tem muito a ser explorado, a
longevidade tem atraído empreendedores inovadores, que trazem a criatividade
aliada à tecnologia para atender a esse público. Um desses casos é a
CuideMe, startup do setor de saúde, localizada em Maringá (PR) e
fundada por Luísa Bernardes e Camila Gonçalves. A ideia inicial surgiu da
dificuldade de Luísa de cuidar dos avós a distância. Foi então que
desenvolveram um relógio de emergência pessoal, que permite o acompanhamento
remoto da saúde dos idosos, priorizando a segurança, independência e agilidade
no socorro em situações críticas.
“Este dispositivo pioneiro utiliza tecnologia
própria para monitorar em tempo real parâmetros vitais, como frequência
cardíaca, pressão arterial, oxigenação sanguínea, além de detectar quedas e
fornecer geolocalização em emergências”, explica Camila Gonçalves. O produto
está começando a ser operacionalizado e conta com 100 clientes – entre pessoas
e empresas. O objetivo é finalizar 2024 com mais de 2,5 mil idosos
acompanhados.
Camila Gonçalves conta que o Sebrae foi um parceiro
fundamental para chegar ao momento atual, com a participação em programas como
o Sebraetec, Capital Empreendedor e o SebraeInCompany, em diversas feiras,
imersões em ambientes de inovação e visitas a instituições de renome, como o
Hospital Albert Einstein, o Inova HC e o Parque Tecnológico de São José dos
Campos (SP). “Essas experiências contribuíram significativamente para o
aprimoramento contínuo da CuideMe, permitindo-nos oferecer um serviço mais
abrangente e inovador, sempre valorizando a parceria e o suporte do Sebrae ao
longo de nossa jornada empreendedora”, afirma.
Manter a mente funcionando é um dos objetivos da
empresa ISGAME, que desenvolveu o Programa Cérebro Ativo, com o objetivo de
ensinar idosos a jogar e desenvolver games para a melhora cognitiva,
combatendo a Doença de Alzheimer (que atinge cerca de 7% dos idosos no Brasil).
A empresa oferece aulas presenciais e on-line, que utilizam o aplicativo que já
está disponível na App Store e Google Play com assinaturas que custam R$ 20 por
mês.
“Temos um modelo de Licenciamento para Instrutores,
que podem levar a nossa metodologia e o Aplicativo Cérebro Ativo para todas as
cidades. Hoje são mais de 1,5 mil alunos em São Paulo, Campinas, Jundiaí e
Santos”, conta o fundador da empresa, Fábio Ota. “Sempre gostei de conversar
com pessoas mais velhas, mas me incomoda muito saber que muitos, por falta de
estímulos, podem sofrer mais com o declínio cognitivo. Por isso, investimos
nesse campo”, argumenta. Atualmente, o projeto foi aprovado pela Lei Rouanet
para poder captar R$ 1 milhão para investir na ampliação da escola de games.
“As startups voltadas para o setor da saúde, principalmente para os
idosos, são uma tendência mundial, pois são mais ágeis, desenvolvem e
apresentam seus produtos e serviços numa velocidade muito maior do que as
empresas normais”, comenta Flávio Barros.
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