A liberdade humana é o mais precioso dom que Deus nos deu, pois ela nos faz, acima de tudo, imagem e semelhança de Deus. Diz Santa Catarina de Sena nos “Diálogos” que nem Deus e nem o demônio tiram a nossa liberdade; pois, sem ela, seríamos um robô, uma marionete, um teleguiado; e não um filho de Deus capaz de pensar e decidir livremente. Deus nos quis grandes e livres.
O Concílio Vaticano II, na
“Dignitatis humanae”, disse: “Este Sínodo Vaticano declara que a pessoa
humana tem direito à liberdade religiosa. Consiste tal liberdade no seguinte:
os homens todos devem ser imunes da coação tanto por parte de pessoas
particulares quanto de grupos sociais e de qualquer poder humano, de tal sorte
que em assuntos religiosos ninguém seja obrigado a agir contra a própria
consciência, nem se implica de agir de acordo com ela, em particular e em
público, só ou associado a outrem, dentro dos devidos limites. Além
disso, declara que o direito à liberdade religiosa se funda realmente na
própria dignidade da pessoa humana, como a conhecemos pela palavra revelada de
Deus e pela própria razão natural. Este direito da pessoa humana à liberdade
religiosa na organização jurídica da sociedade deve ser de tal forma
reconhecido, que chegue a converter-se em direito civil” (n.2).
Deus permitiu que o pecado
entrasse na história da humanidade, porque se Ele o impedisse, o homem não
seria livre e belo. Mas Deus já tinha um plano para socorrer a humanidade: a
Encarnação do Verbo e o Seu sacrifício na cruz.
A liberdade também deve ser
respeitada na opção religiosa de cada um. Jesus mandou pregar o Evangelho a
todas as nações, e fazer todos discípulos seus, mas não por coação,
violência, chantagem, lavagem cerebral, etc., e com um convencimento pela
razão, e por uma boa catequese que mostre os reais valores da fé e da religião,
como sempre fizeram os santos.
Houve épocas no passado em
que reis católicos, como o imperador Carlos Magno, impunham a fé aos pagãos,
como aconteceu aos anglo-saxões no século VII, porque era a cultura da época,
empregada por todos os povos. No Império Romano, por exemplo, o imperador era o
Sumo Pontífice da religião pagã e impunha o paganismo a seus súditos. Isto aos
poucos foi sendo mudado. Hoje não se admite mais isso: a fé deve ser
proposta e não imposta.
A imposição religiosa,
gerada pelo fanatismo religioso ou pelo fundamentalismo bíblico é nociva para o
indivíduo e para a convivência em sociedade. Vemos o que acontece, por exemplo,
com os terroristas do Hamas, Estado Islâmico, entre outros, que se propõem a
matar em nome de Deus, como se isso fosse possível.
Hoje são milhões de
cristãos perseguidos e assassinados, especialmente na África e na Ásia, pelo
simples fato de serem cristãos. Em toda a história da Igreja, em toda a terra,
milhares de mártires derramaram seu sangue onde o Evangelho foi pregado. Basta
pensar nos mártires durante os regimes do comunismo, nazismo, nas revoluções
dos Cristeros no México (1929) e na Guerra Civil Espanhola (1930), que gerou
muitos mártires.
“Um cristão é assassinado a
cada cinco minutos”, afirmou o conceituado sociólogo Massimo Introvigne na
Conferência Internacional sobre Diálogo Inter-Religioso entre Cristãos, Judeus
e Muçulmanos, realizada em Budapeste, promovida pela presidência húngara
da União Europeia. Isto significa que são 12 cristãos mortos por hora, 288 por
dia, 8640 por mês e 103.680 por ano. Um absurdo!
Estas são algumas das
tristes consequências da intolerância religiosa.
Professor Felipe Aquino - apresentador dos programas “Escola da Fé”
e “Pergunte e Responderemos” pela TV Canção Nova. Autor de mais de 100 livros
de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
Nenhum comentário:
Postar um comentário