Cidade, cujo PIB é semelhante ao do Marrocos e conta com um mercado de trabalho maior do que todo o restante do País, ainda enfrenta problemas com segurança, burocracia, trânsito e concentração geográfica
Com indicadores econômicos que se assemelham a países inteiros, a cidade de São Paulo chega aos 470 anos em meio a dilemas essenciais para a continuidade de um desenvolvimento socioeconômico sustentável. Para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), as soluções para essas questões passam, principalmente, pela modernização do Poder Público e por iniciativas que resolvam gargalos estruturais e, em paralelo, que incentivem mudanças significativas no cotidiano da metrópole.
Uma das
transformações mais relevantes é fazer com que mais empresas se instalem nas
regiões periféricas da cidade, de forma a gerar empregos e produzir renda localmente,
aquecendo a economia também nos bairros — e, assim, diminuir a necessidade de
descolamento até áreas de grande fluxo.
Essa mudança teria um efeito fundamental no Produto Interno Bruto (PIB)
paulistano, que já beira o trilhão (foi de R$ 829 bilhões em 2021, segundo
último dado consolidado do IBGE). É um número suficiente para considerar a
cidade como a quarta maior economia do País, atrás apenas dos Estados de São
Paulo (do qual é capital), do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Mais do que
isso, considerando a média do dólar três anos atrás (R$ 5,39), a metrópole
figuraria como a 60a maior
economia global, com um PIB de US$ 153,6 bilhões, à frente de países como
Marrocos e Argélia, por exemplo.
Outro problema — relacionado ao primeiro —, aliás, é o trânsito. Segundo a
Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), foram 445 quilômetros de
engarrafamentos todos os dias de 2023, em média, na cidade. Esse tempo
excessivo de deslocamento diminui a produtividade, já que as pessoas perdem
horas do dia para se movimentarem, e impacta todos os setores econômicos.
Só para se ter uma ideia, São Paulo tinha, até o fim do ano passado, cerca de
4,7 milhões de empregos formais ativos, número que fica atrás apenas do Estado
paulista (13,6 milhões). Desse volume imenso de trabalhadores, quase a
totalidade (84%) está lotada nos setores de Comércio e Serviços.
Proporcionalmente, um décimo (10,6%) da força de trabalho formalizada do País
está situado na metrópole, segundo balanço da última Relação Anual de
Informações Sociais (Rais).
Dadas essas dimensões, mais investimentos em modais de transporte coletivo
seriam o ideal, como metrô e trens, que ajudam a fazer com que todas essas
pessoas cheguem aos seus postos de trabalho com rapidez e segurança.
VIOLÊNCIA
Uma terceira agenda — que deve ser prioritária — diz respeito à segurança
pública. Embora muitos indicadores tenham caído entre 2022 e 2023, como o de
roubos (-14%, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública), algumas regiões
passaram a conviver mais intensamente com a violência nos últimos anos, cujos
impactos têm sido, para além da insegurança, de ordem econômica.
No centro paulistano, a gravidade da situação na Cracolândia, por exemplo, tem
obrigado comerciantes a fechar as portas dos seus estabelecimentos e reconstruí-los
em outras regiões ou em outros modelos.
O ponto é que esse problema afeta o varejo, um dos pilares da economia
paulistana, com faturamento diário de R$ 1,03 bilhão. Os serviços, por sua vez,
que também estão sendo afetados, reúnem receitas em torno dos R$ 734 bilhões
anualmente. Por isso, é fundamental que todo esse vigor seja protegido dos
riscos inerentes à violência, principalmente na área central. No ano passado, a
FecomercioSP atuou fortemente nesse tema, levando a preocupação dos lojistas às
autoridades e reforçando, no âmbito do Estado, a necessidade de melhorar o
trabalho investigativo e de patrulhamento das polícias.
TURISMO EM ALTA
São Paulo também pode aproveitar mais seu próprio potencial turístico, setor
que vem apresentando crescimento vigoroso desde o fim das restrições impostas
pela pandemia de covid-19. O Índice Mensal de Atividade do Turismo (IMAT),
elaborado pela FecomercioSP, mostra um avanço de 17% nas atividades do setor na
cidade entre janeiro e novembro de 2023, muito por causa dos festivais de
música e dos grandes shows, como os da cantora norte-americana Taylor Swift, em
novembro, e o da banda britânica Coldplay, em março.
Tudo isso sem contar eventos já consolidados, como o Grande Prêmio de Fórmula
1, ou mesmo os congressos de negócios que ocorrem semanalmente em diversos
espaços da metrópole.
Se são indicadores que elevam São Paulo à categoria de país, a agenda
institucional também deve ser robusta. Em um ano eleitoral, é preciso pensar em
formas de fazer com que essas ações sigam crescendo. Para isso, é fundamental
que a burocracia estatal seja revista, de forma a permitir que as empresas
projetem e materializem o próprio desenvolvimento a fim de gerar ainda mais
emprego e renda.
Da mesma forma, quanto mais os serviços públicos forem eficientes, mais fácil
será para cidadãos e empreendimentos contribuírem para o avanço desses números.
Essa é uma das prioridades da FecomercioSP, que continuará trabalhando para que
essa agenda se torne realidade.
FecomercioSP
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