No Dia Mundial
Contra a Hanseníase, último domingo do mês de janeiro (28), especialistas do
CEJAM orientam sobre a doença que pode ser tratada gratuitamente pelo SUS
A hanseníase, também conhecida como lepra, é uma
doença infectocontagiosa de evolução crônica, causada pela bactéria Mycobacterium
leprae ou Bacilo de Hansen. Embora seja uma condição curável,
infelizmente, ela ainda é classificada como endêmica no Brasil.
Isso se deve à alta incidência de casos em
comparação com outras nações, posicionando o país como o segundo colocado em
novos diagnósticos e líder em recidivas, conforme aponta o Ministério da Saúde.
Entre o período de janeiro e novembro de 2023,
foram identificados mais de 19 mil novos casos de hanseníase entre brasileiros,
o que representa um aumento de 5% em relação ao total de notificações
registrado no mesmo intervalo de tempo em 2022.
"A hanseníase afeta, principalmente, os nervos
periféricos superficiais e a pele. As manifestações clínicas incluem manchas
mais claras ou avermelhadas, com alteração de sensibilidade, áreas apresentando
sensibilidade alterada, além de ferimentos ou queimaduras indolores nas mãos ou
nos pés", afirma a Dra. Flavia Rosalba Rodrigues, dermatologista do
Hospital Dia Campo Limpo, gerenciado pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas
“Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.
Dor, dormência, formigamento, perda de força nas
mãos e pés, hipersensibilidade nos nervos, edema, nódulos na face ou nos
lóbulos auriculares também podem ser sinais do quadro. Não só isso, a enfermidade
pode também afetar mucosas do trato respiratório superior, olhos, linfonodos e
testículos.
“Ela pode atingir qualquer pessoa,
independentemente de idade, gênero ou classe social. Mas, há uma incidência
maior da doença em homens quando comparado a mulheres. As crianças,
especialmente as menores de 15 anos, são menos acometidas, porém, notamos um
adoecimento maior das crianças em região com maior endemicidade da doença”,
explica a médica.
Geralmente, a transmissão da hanseníase ocorre de
uma pessoa infectada para outra por meio de gotículas respiratórias durante
contatos próximos e prolongados. E, para prevenir a sua propagação, é crucial
identificar e tratar os casos precocemente.
“A prevenção envolve principalmente a identificação
e tratamento precoces de casos, reduzindo assim a transmissão da bactéria.
Embora a vacinação BCG ofereça alguma proteção, ela não constitui uma medida
completa de prevenção. Além disso, a promoção de boas práticas de higiene e o
conhecimento sobre a doença desempenham um papel importante para diminuição dos
índices”, reforça a dermatologista.
A profissional ressalta que é de extrema
importância realizar acompanhamentos médicos regulares para um diagnóstico
precoce, monitorando o quanto antes a resposta ao tratamento e prevenindo
maiores complicações.
Como e onde buscar ajuda?
O tratamento para pacientes diagnosticados com
hanseníase é conduzido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pode
estender-se por um período que varia de seis meses a anos, dependendo da forma
clínica da doença.
Normalmente, o primeiro atendimento ocorre em
Unidades Básicas de Saúde (UBS), e, a partir disso, o paciente é encaminhado
para algum hospital público. Durante a consulta no hospital, o médico
dermatologista realiza uma avaliação do paciente, podendo incluir testes de
reação à histamina, sensibilidade tátil, dolorosa e térmica, além de solicitar
exames para apoio no diagnóstico, como biópsia da mancha, baciloscopia e
eletroneuromiografia.
A biópsia é realizada durante o atendimento dermatológico
pelo médico, enquanto a baciloscopia é conduzida por um enfermeiro ou técnico
de enfermagem.
“Para o paciente diagnosticado, o início do
tratamento medicamentoso ocorre com a utilização da Poliquimioterapia Única
(PQT-U), que pode ter duração de 6 a 12 meses. Durante todo o processo, o
paciente é acompanhado pela farmacêutica da própria unidade de saúde pública.
Além disso, se houver a necessidade de avaliação oftalmológica ou neurológica,
o paciente também tem direito aos atendimentos de forma gratuita”, explica
Mariana Berlini, enfermeira do Hospital Dia Campo Limpo.
Entre os pacientes, podem ainda existir situações
que demandam encaminhamento para sessões de fisioterapia. Nessas
circunstâncias, o Serviço de Reabilitação Lucy Montoro de Pariquera-Açu, também
gerenciado pelo CEJAM em parceria com o Governo de São Paulo, proporciona
assistência aos indivíduos que necessitam de cuidados especializados.
"Em algumas pessoas, pode ocorrer o
acometimento dos nervos, que chamamos de neuropatia da hanseníase. Indivíduos
com mononeuropatia isolada, polineuropatia e dor neuropática são,
frequentemente, encaminhados ao nosso ambulatório de fisioterapia para
tratamento de reabilitação. A aplicabilidade das técnicas da medicina física e
reabilitação nesses pacientes tem a finalidade de promover o controle da dor e
a prevenção de deformidades, com foco na melhoria da qualidade de vida”,
complementa a Dra. Pâmella Gazolla, médica fisiatra da unidade.
Nesse contexto, é fundamental adotar uma abordagem multidisciplinar, na qual profissionais possam colaborar de maneira integrada para garantir o progresso individual de cada paciente.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial
site da instituição
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