Médica do Hospital
Felício Rocho esclarece pontos importantes sobre a doença
Em tempos
medievais, a hanseníase poderia acabar com a vida de uma pessoa. Porém, os
tempos mudaram e a ciência evoluiu, trazendo a possibilidade de cura dessa
doença. Porém, ainda há certo preconceito com pessoas que recebem esse
diagnóstico, em função do pensamento arcaico contado em livros históricos.
Visando o
combate a este preconceito e também como um alerta ao cuidado preventivo, o
Ministério da Saúde criou o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase,
comemorado em 26 de janeiro. A data festiva soma forças ao Dia Mundial Contra a
Hanseníase e deriva campanhas que auxiliam no combate à doença e seus
desdobramentos sociais.
“Ao longo
dos séculos, a falta de compreensão sobre a doença levou à estigmatização dos
afetados, resultando na segregação social e no isolamento. Isso porque a
hanseníase, uma doença crônica causada pela bactéria Mycobacterium leprae, tem
uma trajetória histórica que remonta a tempos antigos. Ela afeta a pele e os
nervos periféricos, ocasionando lesões neurais, que alteram a sensibilidade da
pele lesionada, conferindo à doença um alto poder incapacitante. Essas lesões,
em certos tempos, eram tão espantosas que causavam toda uma comoção social e
provocavam até mesmo a reclusão de inúmeras pessoas”, lembra a médica Amanda
Penna, dermatologista do Hospital Felício Rocho.
Contudo, nos
tempos atuais, nosso entendimento científico da hanseníase evoluiu consideravelmente.
“Diagnosticada através de sinais como manchas na pele e alterações de
sensibilidade provocadas pelos danos nos nervos, a doença, se não tratada
precocemente, pode levar a deformidades permanentes. Felizmente, avanços na
medicina, como a poliquimioterapia, que é o uso de determinados antibióticos em
associação por períodos que variam de seis meses a um ano, têm demonstrado
eficácia no tratamento, oferecendo esperança de cura aos pacientes”, identifica
a médica.
Além dos
aspectos farmacológicos, a reabilitação desempenha um papel crucial na
reintegração de indivíduos afetados à sociedade. Programas abrangentes visam
não apenas a cura física, mas também a recuperação psicossocial, promovendo uma
melhor qualidade de vida.
Quanto à
prevenção, a disseminação de informações sobre a transmissão e a promoção de
uma busca rápida por atendimento médico ao identificar os sintomas são
elementos essenciais. Embora a hanseníase não seja altamente contagiosa, a
conscientização continua sendo uma ferramenta vital no controle e na prevenção
dessa doença milenar.
No Brasil,
os números deste mau são tão alarmantes que coloca o país na segunda posição
mundial em relação a novos casos. Segundo o Ministério da Saúde, Entre janeiro
e novembro de 2023, o Brasil diagnosticou ao menos 19.219 novos casos de
hanseníase. Mesmo que preliminar, o resultado é 5% superior ao total de
notificações registradas no mesmo período de 2022. Maranhão, Mato Grosso,
Pernambuco, Bahia e Pará são os Estados onde com maior incidência.
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