Psicólogo da Santa Casa de Bragança Paulista avalia o expressivo crescimento nos casos de ansiedade após a pandemia de Covid-19
Em decorrência
dos impactos causados pela pandemia de Covid-19, a saúde mental da população
brasileira experimentou profundas transformações, que se manifestou por meio de
um constante estado de apreensão, preocupação e instabilidade emocional. Diante
deste cenário desafiador e de um futuro cada vez mais imprevisível, a ansiedade
e outros transtornos mentais se tornaram presenças constantes na vida de alguns
brasileiros.
Conforme apontam
os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde sobre os atendimentos psicológicos
de 2019 até outubro de 2023, houve um aumento nas taxas de condições como
depressão, ansiedade generalizada, transtorno do pânico e transtorno afetivo
bipolar. A ansiedade generalizada, em particular, apresentou um crescimento de
aproximadamente 285%, passando de 71.293 atendimentos em 2019 para 274.682 em
2023.
André Luiz
Cremonese, psicólogo do Complexo Hospitalar Santa Casa de Bragança Paulista,
avalia a intensificação dos casos de ansiedade após a pandemia. “A promoção da
saúde mental enfrenta desafios intricados, considerando a conjuntura social e
os impactos da pandemia. Há um aumento na procura por atendimento profissional
em saúde mental, o que gera reflexões acerca da complexidade das respostas
individuais diante dos desafios enfrentados. Transtornos comuns, como ansiedade
e depressão, estão intrinsecamente ligados às dimensões biológicas, sociais e
psicossociais da experiência humana”, pontua.
Os sintomas
desses transtornos incluem inquietação constante, desregulação de apetite,
alteração no sono, tensão muscular, excesso de preocupações, medos irracionais,
mudanças repentinas de humor, pensamentos obsessivos, dificuldade para
socializar, dificuldade de concentração, nervosismo frequente e sensação de
desconexão consigo mesmo.
No que diz
respeito à depressão, o Brasil registrou um aumento de 34%, passando de 98.063
atendimentos em 2019 para 131.732 em 2023. O transtorno do pânico teve um
aumento de 75%, pulando de 18.586 em 2020 para 51.148 em 2023. Já o transtorno
afetivo bipolar registrou um aumento de 45%, indo de 35.103.399 em 2020 para
86.226.255 em 2023.
Outro transtorno
desencadeado após a pandemia de Covid-19 é o Transtorno de Estresse
Pós-Traumático (TEPT). De acordo com um estudo envolvendo essa questão após
pandemias de doenças infecciosas no século XXI, incluindo o coronavírus, uma
meta-análise e revisão sistemática apontam que aproximadamente 18% das pessoas
infectadas com o vírus SARS-CoV-2 foram diagnosticadas com TEPT, enquanto sua
prevalência na população mundial atingiu 22,6%.
Conforme
apontado pelo mesmo estudo, seis meses após o término da pandemia, a
prevalência do TEPT em profissionais da saúde foi registrada em 28,6%. No
entanto, vale ressaltar que esse número foi ainda mais elevado entre os
trabalhadores da linha de frente, apresentando uma prevalência de 30,8%, em
comparação com os 8,2% observados em outros profissionais.
Janeiro
Branco
Dedicada a ressaltar a importância do cuidado com a saúde mental e a incentivar a busca por apoio profissional quando necessário, a campanha Janeiro Branco surge como uma iniciativa global para promover a conscientização e estimular o diálogo sobre o cuidado emocional e psicológico.
Cremonese lembra que o Complexo Hospitalar Santa Casa de Bragança Paulista foca no tema não somente neste mês, mas durante todo o ano. “As atividades planejadas pelo hospital visam não apenas combater o estigma, mas também abordar as necessidades individuais de maneira abrangente. São oferecidas palestras especializadas e campanhas online por meio de mídia e redes sociais. Considerando a integralidade do indivíduo, é estimado que os resultados indiquem uma mudança progressiva na percepção da sociedade sobre a importância de cuidar da saúde mental em todas as suas dimensões”, salienta o especialista.
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