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quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Quais fatores fizeram a GetNinjas decidir devolver quase todo o caixa aos acionistas?

 

Recentemente a GetNinjas, empresa brasileira que gerencia a maior plataforma online para conectar clientes a prestadores de serviços por todo país, anunciou que iria devolver quase todo o caixa aos seus acionistas. Isso gerou bastante polêmica no mercado e colocou uma dúvida na cabeça dos investidores: por que tomaram essa decisão?

Segundo as informações do próprio CEO e fundador da GetNinjas, Eduardo L’Hotellier, as condições de mercado mudaram muito desde o IPO em 2021 para hoje: taxa de juros, custo dos serviços de marketing e valuation de potenciais empresas alvo de aquisições. Esses fatores foram utilizados como justificativa para a atitude da empresa.

O fato é que esse IPO foi feito no meio da pandemia da Covid-19. Sendo assim, parece que o plano de negócios tinha pouca elasticidade em relação às variáveis e as premissas de comportamento de mercado. Convenhamos que o que podíamos ter certeza naquela época é que havia muita incerteza e pouca clareza sobre tudo.

Tentando não ser engenheiro de obra pronta, que é muito fácil, em situações como essa de alto grau de incerteza e pouca clareza, é preciso atuar com maior margem de segurança. Diria até, evitar tomar decisões duradouras ou de longo prazo e com pouca capacidade de reversão ou baixo impacto, caso seja necessário mudar os planos.

Quando uma empresa vai à bolsa abrir capital, um dos propósitos é buscar financiamento para o investimento que pretende fazer, tendo em vista o crescimento da companhia. O dono quer pessoas que possam ser suas parceiras e que acreditem na empresa, para poder dividir riscos e benefícios de um plano de negócios executado de forma bem-sucedida.

Com todo mundo em casa na pandemia, naturalmente, as pessoas passaram a ter outro olhar para seu lar e o motivo de abrir capital pode ter sido bastante oportuno. Depois de dois anos deste evento, até as empresas de tecnologia, que prometeram trabalho remoto para sempre, já revisaram seus planos, então o hype parece que está passando.

Neste contexto, nem do lado da demanda e nem do lado das condições de financiamento e prestação do serviço, os planos de negócio daquela época parecem ficar de pé. E a falta de um plano B ou C no horizonte do CEO, tendo em vista a reação de um dos acionistas de aumentar sua participação e colocar em prática alguns planos, demonstra que parece haver opções para deixar a organização estagnada e com pouca capacidade de se adaptar às  mudanças que estão acontecendo de forma rápida.

Em cenários com esse, é importante tomar decisões que requeiram um planejamento de curto prazo e que seja possível medir o impacto também no curto prazo. Afinal, mesmo ainda no processo de validação de um produto, é preciso saber se esse produto é viável comercialmente, factível tecnicamente e se tem potencial para se pagar, por exemplo.

Os OKRs - Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados Chaves) -,  são uma excelente ferramenta de apoio à execução da estratégia, pois nos ajudam a trabalhar orientados por resultados e por impacto, em um ciclo tipicamente de três meses, o que considero um período ideal.


Pedro Signorelli - um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas. Mais informações acesse: http://www.gestaopragmatica.com.br/


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