Especialista do Vera Cruz Hospital dá dicas, detalha sintomas, tratamentos e salienta importância de visita ao profissional de saúde qualificado
As
chances de cura do câncer bucal chegam a 95% quando há o diagnóstico precoce e
o consequente início de um tratamento adequado, segundo o Ministério da Saúde.
Em estágios avançados, as chances são reduzidas a 45%. O câncer bucal é aquele
que afeta qualquer parte da boca, incluindo lábios, língua, gengivas, palato
duro (céu da boca), palato mole, parte interna das bochechas e a parte
inferior, como explica Monique Regalin Silva, especialista em odontologia
hospitalar do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP). “Geralmente, começa como
uma lesão, ou ferida, que não cicatriza e pode se desenvolver em um tumor
maligno”, diz.
Neste mês, o “Novembro Vermelho”, de mobilização para promover a conscientização sobre a doença, ela chama a atenção para a possibilidade de um autoexame oral que permite a identificação do início do problema; caso alguma anormalidade seja notada, é hora de buscar ajuda profissional. Para isso, é preciso seguir seis passos:
- Escolha um ambiente bem iluminado e use um espelho de mão e um
espelho maior para ver claramente dentro da boca;
- Passo a passo: comece observando os lábios, tanto a parte externa
quanto a parte interna, em busca de feridas, manchas, inchaços ou mudanças
na cor; examine a parte interna das bochechas, gengivas e o céu da boca
para qualquer anormalidade, áreas brancas, vermelhas, ou lesões que não
cicatrizam; verifique a língua, incluindo os lados e a parte superior,
procurando por caroços, feridas ou mudanças na textura; atente-se, ainda,
à parte de trás da garganta e às amígdalas, observando se há inchaço,
vermelhidão ou qualquer outra alteração;
- Palpação: use os dedos para sentir qualquer anormalidade na boca,
como nódulos ou áreas endurecidas.
- Movimentação: durante o exame, mova a língua e a mandíbula para
verificar se há alguma dor, desconforto ou dificuldade de movimento.
- Verifique seus dentes: observe se há mudanças na posição dos
dentes, áreas de sangramento ou quaisquer anormalidades na gengiva;
- Repita regularmente: Realize o autoexame pelo menos uma vez por mês para monitorar quaisquer mudanças na sua boca.
“É importante ressaltar que um autoexame não substitui exames regulares realizados por um profissional de saúde qualificado. Se encontrar alguma anormalidade, é fundamental agendar uma consulta com um dentista ou médico para uma avaliação mais detalhada”, alerta.
É possível identificar o câncer bucal em estágios iniciais especialmente se houver uma atenção regular à saúde bucal e à realização de exames odontológicos de rotina. Além disso, estar ciente dos sintomas e sinais precoces pode ajudar na detecção, favorecendo um tratamento bem-sucedido.
Com
relação aos fatores de risco, Monique destaca o tabagismo, consumo excessivo de
álcool, exposição ao sol nos lábios, infecção por HPV (papilomavírus humano),
uma dieta pobre em frutas e vegetais, além de história familiar de câncer
bucal.
Diagnóstico
A
confirmação do diagnóstico de câncer bucal envolve uma série de etapas. “Exame
físico e histórico médico; biopsia em caso de lesões suspeitas, que podem ser
por punção, escovagem ou excisionais; exames de imagem, de sangue e
laboratoriais; e endoscopia. O diagnóstico geralmente é feito com base na
combinação desses resultados. Uma vez confirmado o diagnóstico, o estágio do
câncer é determinado para orientar o plano de tratamento mais apropriado”,
pontua.
Boas notícias
Em
termos de tratamento, a especialista chama a atenção para avanços importantes:
•
Imunoterapia: envolve o uso de medicamentos que estimulam o sistema imunológico
a combater o câncer. Tem mostrado resultados promissores em alguns casos,
ajudando-o a reconhecer e atacar as células cancerígenas;
•
Terapia-alvo: novos medicamentos estão sendo desenvolvidos para atacar alvos
específicos nas células cancerígenas, reduzindo os danos às células saudáveis
ao redor. Essa abordagem direcionada pode melhorar a eficácia do tratamento e
reduzir os efeitos colaterais;
•
Avanços na cirurgia: técnicas minimamente invasivas estão sendo aprimoradas
para remover tumores com menos danos aos tecidos circundantes. Isso pode
resultar em uma recuperação mais rápida e menor impacto na função bucal após a
cirurgia;
•
Pesquisa genômica: estudos estão sendo conduzidos para entender melhor as
características genéticas do câncer bucal, o que pode levar a tratamentos mais
personalizados e direcionados, considerando a genética específica de cada
paciente;
• Avanços em radioterapia e imagem: técnicas mais avançadas, como a radioterapia conformacional ou a terapia de intensidade modulada, estão sendo usadas para direcionar precisamente as áreas afetadas, reduzindo os danos aos tecidos saudáveis ao redor.
“É
importante lembrar que, embora esses avanços sejam promissores, nem todos os
tratamentos ou técnicas são adequados para todos os pacientes. Cada caso é
único e a decisão sobre o tratamento deve ser feita em consulta com a equipe
médica, considerando o estágio do câncer, a saúde geral do paciente e outras
condições individuais. Esses avanços oferecem esperança, mostrando que a
pesquisa está progredindo e novas opções de tratamento estão sendo
desenvolvidas. Continuar acompanhando os avanços na área médica e buscar
orientação de profissionais de saúde especializados são passos importantes para
aqueles que estão passando pelo diagnóstico e tratamento do câncer bucal”,
conclui Monique.
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